quinta-feira, 18 de maio de 2017

BAURU POR AÍ (139)


O QUE SIGNIFICA ESSES MIL NOVOS EMPREENDEDORES BAURUENSES
Cada um se vira como pode ou consegue...

Dias atrás do Jornal da Cidade estampou uma preocupante manchete: “Aumenta a população de rua na cidade”. Qualquer pessoa sensata sabe dos motivos, não precisa nem ser bidu. A crise é mundial e esses reflexos em Bauru são a extensão deles, agravados pelo fato da insensibilidade dos golpistas ainda no poder e promovendo a malversação de tudo o que tínhamos, não só de direitos trabalhistas, mas de tudo mais, pois o clima de tristeza está mais do que instalado país afora.

Ontem pelas ondas do rádio, ouço o Luiz Roberto Tizoco, no noticiário da hora do almoço da FM 94, dizer exatamente o seguinte: “Bauru conseguiu mil novos empreendedores no primeiro trimestre do ano”. Na leitura do texto ele completa com uma informação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico: “São dezoito mil novas empresas em Bauru”. Algum desavisado poderia louvar aos céus e dizer ser isso uma espécie de recuperação econômica, mas o que ela representa é exatamente o contrário. Explico.

Isso representa exatamente o mundo moderno dominado pelas leis do mercado e cada dia mais excludente. Os empregos acabaram e muitas empresas, principalmente as públicas, antes de demitirem promovem aquela “promoção”: saia com benefícios, ou com algum no bolso, pois continuar no emprego não vai dar mais. E daí, de forma forçada, a pessoa se vê diante da nova situação. Com uma mão na frente e outra atrás, mas com algum no bolso. Ou vai gastando aos poucos ou investe em algo novo. O novo é o se atirar em uma atividade onde pensa buscar recursos para continuar tocando sua vida. Conheço muitos se atirando em algo pouco conhecido e num curto espaço de tempo, quebrados e num beco sem saída. Ou seja, nus e com a mão no bolsão.

A mais nova novidade no mercado são esses novos empreendedores, a crueldade sendo exposta sem sombras, nua e crua. São os desempregados tentando se virar como podem, enfim, na vida sem emprego, a saída é se virar e cada um o faz como pode. Essa estatística é a mais perversa e dolorosa existente dentro de tudo o que apregoam proporcionar o capitalismo ao ser humano. Quer coisa mais triste do que o ser humano sem nenhum oportunidade de se colocar novamente no mercado de trabalho, acabar se virando e inventando um emprego? Vejo muitos assim pelas esquinas da cidade. São esses os mil novos empreendedores bauruenses e a imensa maioria sem nenhuma forma de emprego formal. A informalidade grassa e se espalha. Quando a perversidade é a forma de governar, o que se pode esperar da população sofrendo as consequências de políticas voltadas para uma minoria privilegiada? Isso que vemos, cada dia mais gente dormindo nas ruas e cada dia mais gente montando seus negócios, precários, porém vigorosos, com a cara e a identidade da resistência.

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