terça-feira, 20 de junho de 2017

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (143)


EXEMPLOS BEM LATENTES DE COMO ATUA CERTO SEGMENTO RELIGIOSO

EXEMPLO 1
ZÉ ROLINHA ENCERROU MELANCOLICAMENTE SUA CANTORIA*

* Artigo seguindo para publicação também n'O Alfinete, o 7º no agora jornal virtual de Pirajuí SP, cidade muito próxima de Reginópolis, aqui retratada:

Eu acabei tendo um relacionamento incestuoso com Reginópolis. Tempos atrás, mas precisamente em 2011, convidado pelo amigo Fausto Bergocce, realizamos em parceria o livro “Reginópolis, sua História” (ainda tenho exemplares, R$ 40 cada). Escrita e pesquisa de minha responsabilidade e a belezura das ilustrações (a maioria toda em aquarela), obra impagável do Fausto. Foi um sucesso (pelo menos por lá, cidade de pouco mais de 3 mil habitantes). Acabei me tornando um cidadão reginopolense e vez ou outra acabo sempre voltando, lugar de inúmeros amigos (as). Muitos deles reencontro aqui pelas ruas de Bauru e as conversas são intermináveis. Acompanho à distância muito da história da cidade, pelo que sai na imprensa e nas redes sociais. Ou seja, Reginópolis faz parte de minha vida, me interessa e, acredito, nunca mais deixarei de ter um relacionamento carnal, desses de eterno amor.

Ontem à noite recebo ligação do Fausto e com uma triste notícia: “Henrique, a notícia não é boa. Faleceu o Zé Rolinha”. Um silêncio se interpôs no diálogo e até a respiração se recompor deu-se um tempo. Um filme passou pela minha cabeça. Zé Rolinha, ou como queiram, Carlos Roberto de Souza Lima. Foi radialista uma vida inteira e dons bons, ligação umbilical com a cultura caipira. Cada cidade possui aqueles tipos populares encantadores, caso de amor à primeira vista. Logo nas primeiras visitas para entrevistar as pessoas, algo a me chamar a atenção foi a rádio comandada pelo Zé, a 104,9. Ele mantinha uma espécie de museu na avenida principal da cidade e bem no meio do seu comércio, ou seja, a rádio funcionava junto com uma exposição permanente de LPs e algo mais da cultura sertaneja, além de um palco onde aos domingos o programa ocorria ao vivo.

Quando a coisa deu aquela apertada financeira, de lá saiu e foi se instalar em sua casa, perto do cemitério. Ali fazia tudo, estúdio e a comida da família (ele também mantinha uma dupla sertaneja com a esposa). Estive em ambos os lugares, minha parada obrigatória nos retornos à cidade. Por lá também, outro prócer do radicalismo local, o Pardal (ambos com nomes de pássaros, uma lindeza). Ele entrevistou a mim e ao Fausto várias vezes pelas ondas do rádio local, tudo ao vivo e a cores. Enfim, o livro foi lançado, muito falado nas ondas da rádio e tempos depois tomo conhecimento da tristeza. A rádio que era comunitária e não tinha como ser vendida, mas o foi e para uma igreja evangélica. Ou seja, deram um jeito de enterrar o sonho de uma rádio séria na cidade e Zé Rolinha teve que bater asas. Tristeza de doer fundo na própria carne, mais que na alma.

E lá se foi ele, retornando para sua Ibitinga. A diabetes já comprometia sua saúde e as notícias recebidas com o passar do tempo não eram nada boas. Teve que amputar parte de um dos pés e logo a seguir estava praticamente cego, ou seja, o grandalhão, do vozeirão de trovão estava acabrunhado e estar longe dos microfones apressou seu fim. Tristeza mata mais do que doença. Tenho absoluta certeza, o Zé morreu triste e isso entristece muito quem o conhecia. Guardo inesquecíveis imagens dele na plenitude de seu ofício e isso me conforta. Dele eu escreveria laudas e laudas, pois é gente do povo, um simplão danado de bom, com muito gás, gogó afinado e falando sempre das coisas do povo e para o povo. Lembro também dele, com seu velho carro percorrendo as ruas da cidade e seus anúncios sendo espalhados pelo autofalante amarrado com corda no teto. Versátil nas tentativas de sobreviver.

O Zé agora canta em outras paragens. A rádio de lá, certamente, nem a notícia deve ter dado, pois está mais preocupada em arrebanhar ovelhas e não tecer loas para gente que dava voz ao povo. Eu escrevo dele por aqui, para que saibam do reconhecimento que tinha pelo seu trabalho, muito mais digno do que o de muito grandão, cheio de pompa e com os olhos fechados para as dores e clamor dos grotões de uma cidade. Zé Rolinha possuía imensa sensibilidade humana, até por ser ele próprio uma lasca desse povo, resistindo a isso tudo imposto de cima para baixo sob os nossos costados. É, sem sombras de dúvidas, das melhores lembranças que trago lá da danada Reginópolis.


EXEMPLO 2
“OS MORALISTAS SÃO OS PIORES”, REPITO E REAFIRMO
Um senhor foi friamente assassinado esta semana em Bauru, quando ao sair de um culto religioso se dirigiu para casa de uma mulher com a qual mantinha relacionamento amoroso e ali, por motivos ainda não muito bem esclarecidos, acabou perdendo a vida. O caso foi assim noticiado pelo Jornal da Cidade, aqui de Bauru SP: http://www.jcnet.com.br/…/homem-desaparecido-e-encontrado-m… . Morte em qualquer circunstância gera tristeza. Guardadas toda a precaução que o caso requer, comento a seguir outro desdobramento e interpretação, sobre a religião professada pelo mesmo.

Recebo hoje pela manhã em casa um evangélico, pertencente a ala moderada e declaradamente antigolpista. Me diz um algo mais da religião a qual o referido senhor pertencia, a Congregação Cristã do Brasil. Segundo ele, uma das mais conservadoras do país, pois se reunem e julgam os seus em algo muito parecido com tribunais. Fui pesquisar e constatei ser das mais rígidas, vide o que se pode ler neste link: http://www.genizahvirtual.com/…/congregacao-crista-no-brasi…. Dele extraio esse trecho bem significativo: “Caso seja pego em prática de adultério, o membro é destituído de suas obrigações na Igreja e evita-se qualquer tipo de contato com ele – isso porque, segundo eles, o adultério é um pecado contra o Espírito Santo ao qual não existe possibilidade de perdão”.

Num outro texto sobre eles, esse aqui: http://apologtica.blogspot.com.br/…/normal-0-21-false-false…. Eis mais um trecho significativo sobre sua ação: “A CCB, como tantas outras seitas, acredita que só eles estão certos, só eles são salvos; afirmam, também, que as demais igrejas evangélicas pregam mentiras e que não há salvação para aquele que não é batizado na Congregação Cristã. Tais homens são chamados de orgulhosos e ignorantes pela Bíblia, pois apesar de nada entenderem sobre Cristo, estão envaidecidos com a idéia de serem sábios (1 Tm 6. 4), fazendo com que muitos crentes abandonem a simplicidade da fé cristã (1 Tm 6. 4). Jesus classificou tais tipos de pessoas como hipócritas, que ensinam preceitos humanos ao invés da verdade Divina (Mc 7. 7-8).”.

Por fim, o que me faz escrever sobre eles está neste texto aqui linkado: http://ccbnomundo.webnode.com.br/organiza%C3%A7ao/. E o trecho é este: “As mudanças de caráter doutrinário na Congregação Cristã no Brasil são discutidas em assembleia anual e pelo Conselho de Anciães, que é formado pelos anciãos mais antigos no ministério e não necessariamente de idade. Nestas assembleias são considerados Tópicos de Ensinamentos, os quais, tomados em reuniões e por oração, tratam de assuntos relacionados à doutrina, costumes e comportamento na atualidade.”.

Finalizo com algo contundente de religiões como essa. Eles possuem um Conselho de Anciãos, que se reúnem regularmente num lugar pré-determinado e ali decidem sob o futuro de alguns fiéis infratores. É uma espécie de inquisição, onde esses possuem o poder de decidir sobre os demais e aplicar duras penas pelas mínimas infrações ao que seguem e dizem ser o caminho correto. Daí, uma pessoa sai de sua cidade e vem se reunir com os demais para aplicar penas aos que só estão na igreja para cumprir ordens. Vez ou outro o destino faz com que algo ocorra para reorientar caminhos e descaminhos. Tenho comigo que, moralistas quando reunidos com a finalidade de punir, julgar, orientar, prescrever, algo não muito salutar é decidido nessas ocasiões. Eis alguns bons motivos para me manter bem distante de religiões com esse cunho. Enfim, concluo com algo de minha prática, prefiro continuar sem moral nenhuma

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