sexta-feira, 23 de junho de 2017
DROS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (143)
ANA E A UNIMED: A CRISE NA SAÚDE NÃO É SÓ PÚBLICA – EIS A PROVA...* * O texto é longo, mas vale a pena. Uma história mais do que pessoal, uma reclamação sendo também encaminhada para a Ouvidoria do referido hospital: ouvidoria@beneficenciabauru.com.br
Eis como tudo começou. Noite de quinta, Ana Bia tropeça em uma fiação na sala de seu apartamento. Ao cair, apoia violentamente o cotovelo no chão e, pronto, ploft, muita dor e contratempos. Prefere não buscar atendimento médico durante a noite e o fazemos no dia seguinte. Por volta das 15h estávamos, eu e ela, no guichê de atendimento da Beneficência Portuguesa de Bauru, ali na Rua Rio Branco. Poucas pessoas na sala de espera, mas um atendimento se arrastando. Pegamos a senha, aguardamos a chamada, preenchemos a ficha e esperamos. O plano da Ana na Unimed é o da universidade onde é funcionária, nele incluído dois dependentes. Ela se sente indisposta, mal posso me aproximar do seu lado esquerdo. Senta num dos cantos da sala e dorme sentada, encostada num pilar. Eu tenho que permanecer acordado, por se também dormir, talvez possam chamar seu nome e perdermos a vez.
Chamam para a triagem e ao entrarmos, medem sua pressão e temperatura. O atencioso plantonista nos diz, para esperar na sala do lado de fora, pois seremos chamados pelo nome, mas adianta: “Vai demorar, o médico do turno foi atender uma emergência e não tem hora para voltar”. Nem ouso perguntar se o médico não fica disponível somente para atender os atendimentos do plano de saúde, mas também sobe para os quartos dos pacientes internados em caso de algo mais urgente, pois é o que está mais do que claro, evidente. Antes de voltar para a espera, espio na sala do médico, vazia. Querendo dizer algo, Ana me puxa e voltamos para onde pacientemente outros tantos esperam o retorno do dito doutor.
Converso com outros ao meu lado, trocamos opiniões sobre os motivos da demora. Um deles me conta que ali perto, menos de 100 metros, a Unimed está prestes a terminar um imenso prédio para disponibilizar ali muitos consultórios. Uma imensidão, denominada por ele de “Castelo da Saúde”. Enquanto o Castelo é erguido, na boqueta de entrada do mais antigo hospital privado de Bauru, a demora é injustificável. Ela dorme só num dos cantos, pois tem receio de que em algum momento eu posso encostar em seu braço. O tempo passa e, para minha sorte, não saio sem algo para ler, assim termino a edição inteira da revista Piauí deste mês, algo que, acredito não teria tempo para fazê-lo em qualquer outra oportunidade (devo concluir ter sido vantajosa a espera?). Por volta das 17h20 chamam pelo nome de Ana, rapidamente a acordo e vamos para o atendimento.
Inacreditável. Ficamos mais de duas horas numa sala de espera com poucos pacientes, por volta de uma meia dúzia e ao explicar o motivo de sua estada, o médico, um clínico geral, decide pelo óbvio: “A senhora vai ter que tirar um RX”. Não demorou mais que um minuto para fazer o que esperávamos. Permanecemos plantados ali esperando um baita de um desnecessário tempo. Por mais que tentem me explicar, sendo um plano particular e não dos de baixo custo (e mesmo se o fosse, o tempo de espera é injustificável), lá fomos nós para o tal RX. Do tal médico, nenhuma reclamação, fez o que tinha que fazer e da forma mais adequada possível. No RX, quando lá chegamos, por volta das 17h40, tudo normal, atendimento rápido e eficiente. A senhora do balcão nos diz que, o dia não foi todo assim de calmaria e a fila de espera durante o expediente foi de 20 pessoas.
De lá, voltamos ao médico, que olhou a chapa pelo sistema deles, via computador e nos disse: “Vocês vão ter que aguardar lá fora, pelo que vejo deve ter trincado, mas só o ortopedista me dirá o que fazer”. Tudo bem, entendemos. Ele iria ligar para o especialista, atender outro tanto de pacientes, pois depois das 18h, o fluxo de pessoas que saem do horário de expediente de trabalho cresce e depois nos avisaria ali fora. Sentamos e aguardamos. Quando pouco antes das 19h, somos novamente chamados, a decisão é por colocar uma tala de gesso em seu braço e voltar amanhã após 8h, para o ortopedista decidir o que de fato será feito. Vamos para a Ortopedia e somos atendidos por um funcionário dos mais dedicados, desses com tarimba, gente que sabe o que faz e vale a pena citar seu nome, pois resolve, José Carlos Correa. Rápido e preciso, pede para voltarmos ao atendimento médico, pois com certeza, Ana iria sentir dor à noite e seria melhor tomar analgésicos. Aqui deixo a pergunta: Imaginem o tempo ganho se tivéssemos sido encaminhados de cara para as mãos deste profissional e se lá tivesse um médico especializado para nos atender? Reclamam do atendimento público, mas no privado a coisa se repete.
Voltamos ao plantão médico e somos atendidos por outro médico, um que acabara de entrar a partir das 19h. Somos um dos primeiros a ser atendidos e ao voltarmos do RX, já o fizemos pela parte interna, sem passar pelo pessoal aguardando na sala de espera, essa hora, já bastante movimentado. Ana toma dois analgésicos nas nádegas, reclama um pouco e pelo tempo que ali estávamos, desde 15h, decidimos dar uma passada na Padaria Copacabana na quadra de cima, pouco mais de cem metros do hospital. Um lanche e para nossa surpresa, quem lá estava? O médico, o que havia acabado de entrar no seu turno de trabalho. Eu e Ana simplesmente nos olhamos, enfim, ele, assim como nós, devia estar com fome, necessidades do corpo humano. Na volta para casa relembro com Ana uma história de quando desloquei o ombro e me cansei do atendimento da UNIMED, demoras intermináveis até ser atendido, algo não resolvido até hoje, tanto ali como no hospital deles lá na rodovia e fui achincalhado por ela, por ter ido procurar buscar resolver nos plantões lá no Posto de Saúde do Mary Dota. Pois lá, naquele dia, fui atendido mais rápido do que Ana o foi hoje, pelo seu plano Top na UNIMED. Voltamos calados.
Ela dorme mal, mas consegue encontrar posição e a deixo esticar o sono até perto das 9h30. A acordo e hoje, antes das 10h estávamos na Ortopedia da Beneficência. Lá ficamos sabendo que o atendimento ocorre diariamente até 10h30. Ufa! Estávamos dentro do horário. Aguardamos quase nada e ao adentrarmos a sala, um médico muito atencioso, Francisco Marques Bueno. Explica em detalhes o ocorrido, um osso fora do lugar, um tal de OLÉGRAMO e a musculatura comprometida. Se engessar pode ser que, em 30 dias, tenha que assim mesmo operar, pois pode calcificar fora do lugar. Recomenda uma cirurgia no tal osso, com um arame especial, para fixar as partes separadas. Pergunta se ela estava em jejum, pois queria fazer hoje à tarde. Ana estava, mas recua e ele fica de ligar e ver se pode fazer amanhã, sábado ou segunda.
Por fim, fará segunda. Hoje saímos de lá, sem nenhum tipo de reclamação. Ela na tipoia até segunda e com a cirurgia, deve pernoitar no hospital um dia, saindo no seguinte. Voltamos para casa. A reclamação, a mesma de todos os Postos de Saúde da rede Municipal desta Bauru: uma demora incrível entre o momento da chegada do paciente no hospital e seu atendimento e nem sempre, o profissional adequado para resolver de uma só vez o procedimento correto. Algo precisa ser feito e o será com denúncias como essa, mais e mais, tanto para esferas privadas, como as feitas via e-mail por mim, como para as públicas. Algo pode, deve e necessita ser melhorado. Algo poderia ser iniciado pelo primeiro atendimento, o da recepção, do encaminhamento na chegada. Ah, se tivessem nos orientado para encaminharmos diretamente para a Ortopedia, com certeza, não estaria aqui a reclamar e seria só elogios, mas...
Complementando as informações, Ana passa bem e está sob os cuidados até segunda-feira deste prestativo HPA.
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