segunda-feira, 14 de agosto de 2017

ALGO DA INTERNET (131)


A DESOBEDIÊNCIA CIVIL É TUDO – DONA DIVA, OTTO, MINO CARTA E THIAGO ROCHA
Dona Diva falou na Flip de Paraty
Tem coisas quer a gente só percebe depois de certo tempo do ocorrido. Ótimo quando ainda se damos conta de algo bom que havia passado despercebido e agora vem à baila. Daí, porque não corroboro isso de “águas passadas não movem moinho”. Nesse caso que vou contar, move e muito e pode mover muito mais.

Essa linda história, a da professora negra Diva Guimarães na Festa Literária de Paraty é dessas de fazer chorar. Primeiro leia o trecho da matéria de Carta Capital, de 09/08, na matéria “Desafinando o Coro – Uma nova onda de contestação leva artistas e cidadãos a romper diques de opinião conformada e opressão secular. A matéria completa está aqui, bastando o clicar para sua abertura: https://www.cartacapital.com.br/…/diva-guimaraes-otto-johnn…
Otto falou na direitista Jovem Pan


O trecho que quero citar é exatamente este: “Na semana passada, uma senhora negra de 77 anos, Diva Guimarães, do Paraná, rompeu mais uma comporta desse bloqueio: ela pediu a palavra em um debate na Festa Literária de Paraty (Flip) e deu uma traulitada mortal no racismo velado brasileiro. Diva falou durante 13 minutos na mesa A Pele Que Habito, depois do ator Lázaro Ramos e da jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques. Quando concluiu, dezenas estavam às lágrimas. Sua fala foi gravada na íntegra pela organização da Flip e viralizou na internet. O discurso de Diva Guimarães alastrou-se como fogo no mato seco por conta da verdade límpida do relato, que escancarou a segregação dentro da Igreja Católica. Vinda de família pobre, sem condições de subsistência, foi levada aos 7 anos para ser criada em uma instituição de freiras. Ali, ela descobriu que as crianças negras só trabalhavam e a discriminação era regra. “Existia um rio – aquele maldito rio abençoado por Jesus –, diziam as freiras, em que os brancos se banhavam primeiro e os negros, por serem preguiçosos, entravam por último e só colocavam as palmas das mãos e dos pés. Era isso o que as freiras contavam para a gente, para explicar a diferença da cor da pele entre brancos e negros”, disse a professora dona Diva. A contundência de Diva alcançou ainda maior impacto por conta da simplicidade de suas descrições do racismo que sofreu e vem sofrendo desde que se conhece por gente. “Você entra em uma loja e escuta ‘posso lhe servir?’, mas isso não é para servir você, é para ficar andando atrás de você para ver se vai roubar”, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo”.

Aqui o vídeo na íntegra com sua fala de 13 minutos: https://www.youtube.com/watch?v=HjuH1NJMjTg
Mino Carta desanca A TV Globo a todo instante

E agora o que quero juntar com a fala de dona Diva e essas MANIFESTAÇÕES ESPONTÂNEAS DE DESOBEDIÊNCIA CIVIL. Temos todos que nos aproveitar de todas as brechas e mesmo em eventos para dignificar e glorificar algo oriundo das elites, pegar os tais microfones e tascar o pau em tudo, todas e todos. Oportunidades não se repetem. Dona Diva soube aproveitar magnificamente o microfone a ela concedido na Festa de Paraty e o que falou viralizou mundo afora. O cantor e compositor Otto, quando diante daqueles merdas direitistas lá na rádio Jovem Pan, pegou o microfone e não se rebaixou, resistiu e enfrentou tudo sozinho e deu o seu recado. Confiram o link com um click: https://www.youtube.com/watch?v=XDKrhziAUBg. Ele e dona Diva são os tais produtores dessas ações espontâneas de desobediência civil. Atos como esses desafiam o racismo, o golpismo de merda hoje vigente neste país também de merda, pois não está sabendo enfrentar esses corruptos que se aboletaram no poder e destroem o país sem que nada façamos.
Ela ouviu o 1º "Primeiramente, Fora Temer".


A minha mensagem diante de tudo é para sabermos aproveitar as oportunidades e tascar nossa mensagem, seja ela qual for. Um dia eu ajudei a trazer o jornalista Mino Carta para uma palestra em Bauru e quase ele deu entrevista naquela oportunidade para a Rede Globo. Corria o ano de 2007 e ele me disse naquela oportunidade: “Henrique, eles não vão me chamar, porque sabem que se eu pegar aquele microfone eu vou desancar eles ao vivo. Não perco uma oportunidade dessas por nada nesse mundo”. Ele não foi chamado para a entrevista e aquilo nunca mais me saiu da cabeça. Encerro com a lembrança do jovem, o estudante de História da UFRJ, que foi chamado para uma entrevista na mesma Rede Globo em aio de 2016 e antes de falar do assunto a que foi chamado tascou algo que muitos se utilizam até hoje quando diante das câmeras da TV Globo: “Primeiramente, Fora Temer”. Revejam a belezura da cena e façamos o mesmo sempre que oportunidades surgirem, não só na TV Globo, mas por tudo quanto é canto: https://www.youtube.com/watch?v=Z_dVSrKVZsM

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