quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (123)


REP E HENFIL: OUTROS OLHARES NO DESIGN DE HUMOR LATINOAMERICANO
Esse foi o tema de minha apresentação no VIII Congresso Latinoamericano de Enseñanza del Diseño, na UP - Universidade de Palermo, Buenos Aires, Argentina, cujo resumo é mais ou menos esse: "Na imprensa latinoamericana o humor gráfico tem contribuído para a fixação ou negação de estereótipos, do século XIX aos nossos dias. Analisam-se alguns aspectos da ordem gráfica e papéis representados por dois artistas gráficos: o argentino Miguel Repiso e o brasileiro Henfil. Ambos tendo como foco de seus trabalhos a QUESTÃO SOCIAL, escolhas de uma vida inteira.

A sensibilidade de cada um em levar sua arte para esse campo, pois além de tudo, são também atores sociais, intensos, inquietos e em plena ebulição, cada um em seu tempo. O brasileiro com atuação nos anos 80 e 90 e o argentino no momento atual. Henfil e as relações do trabalhador e as condições precárias junto à insensibilidade de patrões e empresário e Rep na constante abordagem das pessoas vivendo nas "calles" (ruas). Dois exemplos: o mapa do Brasil devastado do Henfil e a tira da mulher mais preocupada com o cão do que com os seres humanos deitados pelas calçadas.

Cada um criando personagens para auxiliar na mensagem junto ao público: Fradim (Baixinho e Cumprido), Graúna, Bode Orelana e Capitão Zeferino do Henfil. Lukas, El Niño Azul, Gaspar e El Birrey do Rep. Henfil e a participação na TV Mulher da TV Globo, apresentação de Marília Gabriela e Rep no programa de rádio, o El Holograma y la Anchoa, aos domingos na rádio 750 AM. Falo sobres os livros escritos peor ambos, o desenho em outras linhas e onde mais publicaraM: Henfil na Folha SP, Globo e Rep na Vinte e Um e Página 12. Rep muralista famoso espalhando sua arte mundo afora e o Henfil tendo dirigido até um filme, o "Tanga - Deu no New York Times".

Fiz um paralelo entre o trabalho de ambos. Mesmo con atuação em épocas distintas, distante no tempo e no espaço, porém com algo bem perceptível, a preocupação com o social. Essa a maior AFINIDADE entre ambos. Daí, divaguei sobre isso de, mesmo em momentos distintos, separados pelas distância geográfica, cada um muito inquieto, cabeças em polvorosa, cada um transformador em seu espaço.Transformam em imagem bem humorada o que às vezes incomoda e dói. Nesse traço personalíssimo de cada um, uma crônica de seu tempo e algo os aproximando: a capacidade de registrar pelo humor gráfico fatos vivenciados do contexto de seus países. E essas imagens se oferecem como objeto de análise para pesquisadores de várias àreas do saber.

Ao final da apresentação e depois, na troca de informações com os presente, gente de muitos países da América Latina, uma real possibilidade de interação, divisão e multiplicidade de ideias. Senti isso, já hoje, quando fui abordado pelo professor que fez a medição, pois ontem ele havia me perguntado muito sobre Henfil, seus irmãos todos morrendo de AIDS e ficou encantado por um deles, o músico Francisco Mário. Hoje me disse ter passado boa parte da noite pesquisando sobre esse músico, tão pouco conhecido no Brasil e o encantamento de o haver descoberto. Conversas sobre outros desenhistas, tanto daqui como dali, como cada um produz seus trabalhos, a linha, vertente seguida, tudo isso produzindo algo encantador. Saio satisfeito com os resultados e ajudo, dessa forma, a espalhar algop mais sobre esses inquietos artistas também buscando com seus trabalhos transformar o mundo em algo mais palatável.

Eis um bocadinho do que apresentei por lá. Tive participação em mais dois trabalhos, ambos apresentados por Ana Bia Andrade, mas este fui eu quem estive lá frente e tentando dar o melhor de mim.

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