quarta-feira, 13 de setembro de 2017

AMIGOS DO PEITO (137)


A AMIGA MAYSA BLAY E O AMIGO HOLMES, O LELO:
Escrevo hoje de dois amigos, uma de longe do Rio, tendo escrito algo contundente, compartilhado aqui com louvor e o outro, um amigo falecido hoje pela manhã, parte e deixa saudades:

QUANDO ALGUÉM VIER ATACAR O QUE REPRESENTOU O GOVERNO LULA, EIS UMA RESPOSTA COMO DEVE SER DADA:

“Primeiro, querido (você sabe quem!), o governo Lula/Dilma não foi um governo comunista. Por favor! Longe disto. Foi sim um governo de "programas socializantes", inovadores, voltados para uma grande parcela do povo, para a qual nada, ou muito pouco de bom havia sido feito em 503 anos de história do Brasil. Programas que de tão bons e inovadores chamaram a atenção do mundo ao Brasil, como o Bolsa Família (que movimentou direta e indiretamente a vida de 60 milhões de brasileiros), programas de ingresso de estudantes em desvantagem nas universidades, o Mais Médicos, o Minha Casa Minha Vida, e muitos outros.

Segundo, querido (você sabe quem), o conceito de esquerda não é um conceito monolítico (como certas cabeças). Esquerda não é só USSR ou Cuba. Países lindos maravilhosos como Alemanha, Holanda, países nórdicos e até o Japão tem programas ALTAMENTE socializantes em seus governos. O que você acha que são escolas públicas de qualidade para todos? Ou um sistema público de saúde que abrange a todos? Ou transporte público de alto nível gerido pelo governo e com tarifas justas? Ou ainda programas de habitação popular? Ou salário desemprego e programas de alimentação para pessoas com baixa renda? O que você acha que é tudo isto? Você acha que são programas capitalistas selvagens, plataformas vagabundas neoliberais? NÃO. São programas de países de primeiríssimo mundo com um forte investimento de governo - sim, interferência do governo, "mão" dos governos - no amparo e na equalização de suas populações. Estes governos são muito mais de "esquerda" que os governos de Lula/Dilma. E neles, como aqui foi, a inciativa privada não é tolhida, mas estimulada.


Num outro sentido, (você sabe quem), veja o que um país selvagemente capitalista, comandado por empresas, tem a oferecer a seu povo. Veja os EUA, onde a questão da saúde pública é sofrível. Não se chegou ali ao dedo mindinho dos sistemas existentes no Canadá, em Portugal, nos países listados acima, ou mesmo ao nível de CUBA!!!!. Mais de 60 milhões de americanos não tem acesso a um mero Posto de Saúde. E o sonhado e embrionário Obamacare está sendo desmontado por Trump. Já o sistema de ensino americano, que é mega abrangente, uma decisão maravilhosa (embora muito criticado pela qualidade) da década de 60, está agora sofrendo ataques silenciosos do governo atual.

Portanto, (você sabe quem), não é difícil ver qual é o melhor dos mundos. Não é preciso ver que este mundo bom que pode existir, é também um mundo em que os cidadãos caminham, através dos serviços públicos de qualidade e abrangentes, para uma equalização do padrão básico de vida. Com oportunidades equilibradas, não precisam de cotas em universidades, não precisam ganhar fortunas para ter vidas decentes, não precisam passar por cima dos vizinhos para sobreviver, não precisam de grades e de carros blindados. É simples, querido (você sabe quem). Pare de ler e assistir mentiras no e na Globo, na Veja, Folha ou Estadão. Se quiser, lhe passo uma lista de autores e blogs que são honestos em suas colocações”, MAYSA BLAY, amiga carioca, trabalha no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, na cidade do Rio de Janeiro RJ e esse seu texto precisava estar aqui, no dia de mais um depoimento de Lula junto à Lava Jato.


LELO BATIA UM BOLÃO E ERA ÓTIMO PAPO*
* Esse texto do Lelo tem que estar aqui hoje, pois ele, mesmo não tendo nada de esquerdista, sabia ouvir. Ouvia e debatia, um gentleman na acepção da palavra.
No dia em que o ex-presidente Lula se apresenta diante do inquisidor mór da nação lá em Curitiba, o Sergio Moro para uma segunda audiência frente a frente, uma pessoa por quem tenho grande admiração vem a falecer. Mas que raio de relação tem o depoimento de Lula com a morte do seu amigo?, poderiam me perguntar incautos de plantão. Explico. Esse amigo morto era dos poucos pelos quais não tínhamos nenhuma afinidade política, campos exatamente opostos, mas nem por causa disso saímos nos engrimando pela aí. Nunca fizemos isso, sempre existiu o máximo de respeito e consideração. Constantemente o via pelas ruas da cidade e a conversa fluia como poucas. Esse o motivo da imensa saudade e dor sentida pelo seu passamento. Faltam pessoas sesnsatas nos dias de hoje, dessas que ouvem, sabem ouvir e não só falar. Esse que hoje se foi era desse time e batíamos um bolão juntos, papo de longas horas. E foi um jogador de bola desses de encher o olhos.

Holmes Rodolfo Martins, o Lelo, de 66 anos, foi um dos zagueiros do meu time dos sonhos do Esporte Clube Noroeste, o time da aldeia onde nasci, cresci e vivo e o único time ainda me fazer chorar. Ao lado de outro, pelo qual nutro inenarráveis lances na memória, o Marco Antonio, formou uma dupla de zaga nunca mais vista lá pelos lados do Alfredo de Castilho. Ele morreu hoje vítima de câncer, após um tempo internado no hospital São Lucas aqui mesmo em Bauru. Se não me engano Holmes era advogado, mas trabalhava nas hostes da Prefeitura Municipal de Bauru, no CAPs, ali na Azarias Leite defronte o consultório do dr Ivan Segura.

Nas idas ao médico, nosso ponto de papo era na calçada e ali esquecíamos da vida. O conhecia como jogador de bola e tempos depois ele se apresentou a mim numa festa noroestina, quando me disse ler o que escrevia e queria muito me conhecer. Ficamos amigos na lata, de imediato. Daí por diante, sempre que o via, o papo rolava e não arrefeceu nem quando essa desgraceira do golpe se abateu sobre o país. Ele, influenciado pela mídia massiva se dizia contra a esquerda, mas conversava muito, não fugia do pau e o papo sempre rendia, pois ele nunca foi agressivo como a maioria o é hoje. Nos entendíamos ao nosso modo e jeito, como bons e verdadeiros noroestinos, bauruenses, amigos e respeitadores da opinião alheia. Eu sempre terei baita admiração por tudo o que jogou e me proporcionou nas idas vê-lo esmerilhar com a bola. Lelo se foi muito novo, acometido por essa doença que arrebata a gente antes da hora e quem perde são os conversadores de calçada, como eu e ele, pois de hoje em diante será um a menos para os afetos desses papos difíceis de encontrar. Essas duas fotos dele são minhas e foram tiradas no dia do lançamento do livro do Noroeste, escrito pelo Paulo Sérgio Simonetti, lá no saguão da rádio 94FM, coisa de uns cinco anos atrás. Vai deixar bruta saudades nesse noroestino e vermelho cidadão.

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