domingo, 10 de setembro de 2017
BEIRA DE ESTRADA (82)
EU, O FRENTISTA E A POLÊMICA DO AUXÍLIO RECLUSÃO Abasteço combustível do meu meio de locomoção somente num lugar e ali peguei amizade com os frentistas e todos os funcionários do estabelecimento. Eles observavam a princípio com certo receio o adesivo com o “Fora Temer - Fora Maia – Volta Dilma”, hoje não mais, todos se aproximam para conversar. Um deles dias atrás me disse ser eu o único que possibilita eles todos de falaram o que quiserem sobre o tema, pois com a maioria só ouvem e de boca fechada. Eles todos já perceberam que estão funbecados com o golpe e o baú de maldades despejado sobre o lombo do povo trabalhador.
Ontem o papo foi sobre outro assunto. Cheguei bem cedo para abastecer e após os cumprimentos de praxe ele me disse:
- Eu não consigo engolir isso desse tal de Auxílio Reclusão. A gente trabalha tanto e os caras lá presos, suas famílias ganham mais do que nós.
- Quer saber minha opinião? Esse auxílio é nada mais do que uma comissão.
- Comissão do que? Que negócio é esse?, me questiona.
- Simples. Entendo assim. O sistema onde vivemos necessita do bandido, gira muita coisa em função da ação do bandido e se ele não existir, muita coisa deixaria de existir. Veja isso, o bandido solto distribui o terror e a partir da ação dele, muita gente ganha dinheiro. As seguradoras vendem muitas apólices, as empresas de segurança vendem planos e mais planos, muitos pagam gente para cuidar de seus bens ao viajar e daí por diante. Perceba, tudo ocorre em função da ação do bandido, daí ele é muito importante nessa cadeia econômica.
- Então, quer dizer que esse mundo precisa do bandido?
- Mais ou menos isso. O bandido preso também gera lucro e dividendos para outros tantos. O advogado ganha, o juiz ganha seu salário, os funcionários todos envolvidos com essas questões. Sem o bandido, muita gente ficaria desempregada e cresceria os problemas sociais.
- Que coisa louca, nunca havia pensado nisso, me diz.
- É toda uma estrutura que tem que funcionar, tudo redondinho e a demanda é o bandido. O bandido existe para manter essa estrutura toda.
- E o que o auxílio reclusão tem a ver com tudo isso?
- Eu vejo tudo isso como um grande teatro, uma pantomina e nós no meio disso tudo. Eles querem que a gente não aceite tudo como realmente é, mas na verdade o auxílio para a família deles é uma espécie de comissão que a sociedade lhe devolve, com juros e correção, por ele possibilitar a roda girar.
- Verdade que é isso tudo?
- Sei lá se é, é o que acho. Ninguém é dono da verdade, muito menos eu, um mero provocador. Mas que tudo é um grande teatro, disso não tenho dúvida. Um dente da engrenagem não pode parar de funcionar, o ladrão de roubar e assim por diante. Isso tudo é só pra gente pensar, nem tudo é como eles querem que a gente pense que deva ser. Mas que faz sentido, faz, não é?
E ficamos conversando mais um pouco sobre assuntos outros.
OBS.: Obrigado amigo Carlo Moreira pelas dicas numa conversa dias atrás e argumentos já utilizados nesse papo. Coisa interessante a gente passa pra frente sem pestanejar.
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