segunda-feira, 4 de setembro de 2017
CENA BAURUENSE (164)
UM FINAL DE SEMANA ONDE SÓ DEU “CIA ESTÁVEL DE DANÇA”
Neste último final de semana em cartaz no Teatro Municipal Celina Alves Neves, por três dias consecutivos, a magnânima apresentação da COMPANHIA ESTÁVEL DE DANÇA DE BAURU, capitaneada pelo competente bailarino Sivaldo Camargo. Eu não me canso de elogiar o belo trabalho do poder público em realizações, projetos e atividades onde tudo anda muito certo. Essa Cia é um dos projetos que mais deu certo dentro da Secretaria Municipal de Cultura, pois propicia algo que já dá o que falar e ainda vai dar muito mais, pois tudo por lá sendo feito com carinho, discernimento e profissionalismo. Vero Sivaldo fazendo e acontecendo lá nos fundos do prédio da Cultura, persistente e insistente como só ele sabe ser, aquilo anda que é uma maravilha, viceja, brota, frutifica, expande, expele e, mesmo sem ter sido essa a intenção, comprova que, tudo pode dar certo dentro da estrutura pública. Existe essa balela de que nada que é público é bem feito. Aqui uma inconteste prova em contrário. Quando tudo é bem feito, dá não só muito certo, como prossegue e cala a boca de todos aqueles a insistir na besteira da falta de eficiência na coisa pública.
Foram três dias, de sexta a domingo, de 1 a 3 de setembro, no horário nobre do Teatro, 20h30, com público marcante, presenças ilustres dentro desta cidade, todos prestigiando, aplaudindo, conversando com os bailarinos, trocando ideias, conhecendo de perto cada detalhe do dia a dia do trabalho deles todos. Um teatro não precisa estar necessariamente cheio para se observar que tudo anda a contento e funcionando as mil maravilhas. Ele precisa e teve neste final de semana um público interessado em Cultura (com C maiúsculo), gente que sai de casa com o intuito de ver, reconhecer e valorizar as coisas da terra. Todos ali gostam muito de peças e shows com muita gente famosa, mas não deixam de ver o que é belo no que também é feito aqui. Muitos que vão ver peças de astros globais, acabam indo, não entendem patavinas, aplaudem tudo adoidado, tiram fotos ao lado deles todos, deitam falação e não saem de suas casas em dias de eventos locais. A Cultura chora quando isso ocorre, mas ela está em alta quando aquele rico espaço ferve com gente de Bauru.
Eu participei do fervo neste final de semana. Teve muita gente que lá estiveram por lá nos três dias. Eu e Ana Bia não o conseguimos, mas estivemos por dois dias, sábado e domingo. Os espetáculos sob a direção do competente Sivaldo tiveram diferenciações de um dia a outro, mas mesmo que tudo fosse igual, espetáculo de dança quando vistos mais de uma vez, em cada uma delas, um novo olhar, propiciando uma nova discussão sobre o tema. Eu viajei revendo o Marcos Arantes, o bailarino que esteve por quatro meses no Canadá e ao voltar, mais maduro, presença de palco marcante, junto de seus colegas, algo brilhante. Todos trabalhos já apresentados pela Cia e agora revisitados, como “Frida”, “Baluarte”, “Tango”, Sentir-se-á”, “Cores e Gestos”, “V de Vivaldi” e “Grand-pas-de-Deux do Cisne Negro”. Todos estão de parabéns e se por lá não vislumbramos a presença de autoridades constituídas da cidade, tivemos muita gente do ramo, gente que gosta e entende de Cultura e isso é muito mais significativo do que a presença de todo e qualquer, só aparecendo para compor um cenário. Foi um final de semana sem esses, mas com aquele espaço todo preenchido pelos que lá estiveram, acarinhando todos os envolvidos com o benfazejo carinho dos que sabem da importância de projetos como esse se firmarem mais e mais.
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