quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (46)


A PAIXÃO PELO FUTEBOL E O QUE ESTÁ POR DETRÁS DELA – NÃO LEVE OS BATIDORES A FERRO E FOGO, POIS DO CONTRÁRIO, DEIXARÁ DE TORCER PELO SEU TIME DO CORAÇÃO
Ele fez três, salvou a Argentina.
O dia de ontem foi de muito futebol. Paixão na ponta dos pés. Eu mesmo me envolvi em algumas contentas ao defender que o melhor jogo da rodada de ontem nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, nos jogos envolvendo seleções da América Latina, não era o do Brasil X Chile, pois além de estarmos classificados, todo o continente estaria mesmo ligado no jogo lá no Equador, desta seleção contra a Argentina. Não deu outra. Não se falou de outra coisa o dia todo e o melhor jornal aqui do Cone Sul, o argentino Página 12, hoje sai com uma capa endeusando Messi e o colocando como “salvador da pátria” (e não foi?). Foi. O Chile, que começou as eliminatórias com toda pompa do mundo após ganhar a Copa América e logo no primeiro jogo das eliminatórias ganha do Brasil, acabou chegando em sexto e nem pra repescagem foi. O Peru ficou a chance de voltar para uma Copa. Ver a Itália indo pra repescagem e com grandes chances de ficar de fora e ver os EUA perder para Trinidad Tobago e ficar de fora, são as tais emoções de um dia todo voltado para muitas definições. Ontem não se falou de outra coisa e não me sai da mente o choro do jogador sírio ao terminar sua partida e não ter conseguido levar seu país à Copa. No Panamá hoje é feriado nacional e no Chile, tristeza nacional.
Teixeira e Havelange, sem palavras.


Tantas emoções merecem um olhar mais depurado do outro lado da questão. O futebol nos torna emotivos. Brincamos muito com quem torce para outro time diferente do nosso. Posso me entender politicamente com alguém, mas quando numa mesa de discussão surge a oportunidade de tirar o sarro por causa da derrota do time de um grande amigo, poucos perdem a oportunidade. Enfim, futebol é assunto para mais de metro. O país pode estar uma pauleira danada como aqui no caso brasileiro, com golpistas saqueando a nação, mas em certos momentos amainamos a discussão e sentamos diante da TV ou mesmo, vamos prum estádio descarregar algo interior. A discussão do gol de ão do Jô rendeu assunto para intermináveis programas esportivos. Haja saco. Eu até tento ser isento e me lembro de gente que pensou em torcer contra o Brasil na Copa de 70 por causa da ditadura, mas na hora do vamos ver, não aguentou. Hoje acontece o mesmo. Até vejo amigos se dizendo desinteressados das vitórias do Brasil, para não favorecer o golpista no poder. Mas como? O sacana pode cair a qualquer momento, mas a nação e o time que a representa seguirão adiante. Não é porque o presidente do time do coração do torcedor é o Eurico Miranda que ele irá deixar de torcer pelo Vasco da Gama.
Nuzman, dono do COB, preso.


Levo tudo isso em muita consideração, mas não posso esquecer toda sacanagem a envolver o quesito esportes hoje em dia. Os superfaturamentos dos estádios brasileiros parecem já fazer parte do passado, mas diz muito respeito de como olhamos para o que ocorre nos bastidores da bola. Hoje temos um ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira com prisão decretada fora do país, outro ex, o Marin, com prisão domiciliar nos EUA, Havelange teve que renunciar ao cargo vitalício na FIFA por causa de pilantragem e o atual da CBF não pode sair do país, pois será preso se o fizer. Tudo virou um grande negócio, uma grande sacanagem. O presidente do COB, o Nuzman é outro exemplo clássico da sacanagem explícita que se transformou o esporte em todas suas instâncias. Enquanto o torcedor é motivado por essa avassaladora paixão, do outro lado da questão existe uma corja se beneficiando e se enriquecendo às custas desse desmedido amor. Futebol me dizem alguns, não é esporte para amadores. A gente vê a lavagem de dinheiro acontecer por todos os lados e na atual circunstância, se for botar a boca no trombone com tudo, teremos que fechar as portas de confederações, federações e clubes, pelos mais diferentes lugares do planeta.
Válter, inesquecível negociação...
A corrupção grassa não só por aqui, não é exclusividade brasileira, vide o ex-presidente do Barcelona. Só que aqui, não se pune e pouco se investiga. Encerro com o caso noroestino. Não sou contra a chegada hoje dos atuais empresários bancando o time. Ainda bem que surgiram. Nem discuto o outro lado, mas não posso admitir que alguém, como já aconteceu no passado, nem sendo dirigente, mas fazendo parte do staff, fez o que fez no caso do goleiro Válter. É o excesso do excesso.

Lembremos sempre, mais e mais, enquanto a gente torce e se desmiligue pelo time do nosso coração, tem tanta coisa ocorrendo por detrás do pano. Ontem, depois de tudo consumado, jogos encerrados, definições mais que acertadas, parei e pensei nesses tantos sacaneando com nossa emoção. Messi, o que fez três gols e salvou a Argentina, acabou o jogo teve que dar um abraço no presidente do Boca Juniors, na delegação deles em Quito. Eu vomitei vendo a cena. Depois me acalmei, enfim, faz parte do jogo. Nem por causa disso deixarei de ligar a TV hoje à noite e torcer desbragadamente pelo time do meu coração.

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