sexta-feira, 17 de novembro de 2017

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (109)


A MANCHETE DO JORNAL, O PASSEIO PELA BATISTA E AS PORTAS CERRADAS
Eis o auspicioso Natal dos comerciários bauruenses, com muitas portas fechadas, cerradas em quase toda a extensão da rua principal do comércio do centro da cidade, a Batista de Carvalho, seu Calçadão. O dos comerciantes ainda não consegui avaliar, pois ainda não se sabe se as contratações temporárias ocorrerão dentro das normas trabalhistas antigas ou as recentemente implantadas e colocadas em vigência pelo governo do ilegítimo Michel Temer e seus asseclas. Se pelas novas, como já comprovado pelas empresas onde já foram aplicadas, ocorreram evidente aumento de lucratividade dos comerciantes e perdas consideráveis, irreparáveis e irreversíveis para os comerciários. Enfim, está é a tal da modernidade proposta pelos golpistas, aprovada pela Câmara dos Deputados e referendada pelos ditos pessoas de negócio deste varonil país.

Primeiro a manchete do Jornal da Cidade de hoje, sexta, 17/11: “Economia de Bauru terá incremento de R$ 300 milhões com 13° salário”. Não contem com essa dinheirama no comércio, pois o endividamento neste final de ano é crescente, latente e pulsante. O dilema já está estabelecido: "pago dívida ou compro presentes e gasto no comércio?" Pensando em quantas anda o comércio e os comerciários, circulei ontem pela Batista e fotografei todos os pontos comerciais fechados, desde sua quadra 1, a mais pobrinha de todas, com lojas beirando a hora da morte e para espanto geral, logo a primeira, o Hotel Cariani encontra-se com suas portas fechadas. Naquele quarteirão só funciona o Hotel Imperial e um estacionamento. Todos os demais, caindo aos pedaços, em petição de miséria e fechados. Desolação num dos pontos antes mais movimentados de Bauru, suas estações ferroviária e rodoviária.

As primeiras quadras da Batista sempre tiveram um comércio não tão intenso, mais popular, porém quase sempre com sua totalidade de portas abertas. Tudo começa com a antiga Casa Sampaio fechada já há alguns anos, devido a disputa entre irmãos pelo imenso prédio, antiga loja de ferragens. O quarteirão 2 está uma desolação e até a mais antiga loja de discos e som, na esquina com a Gerson França também foi fechada. A outra, também do mesmo ramo e donos, resistiu até quando deu, defronte a Lojas Americanas, ambas fechando recentemente as portas e hoje, se alguém quiser comprar CDs só no que restou do setor da Lojas Americanas ou nos sebos. Vários pontos fechados há muito tempo, como uma loja onde comprei muito artigo esportivo na esquina da Azarias com a Batista. A única quadra onde não tem nenhuma porta fechada é a sete, antes da praça Rui Barbosa. Todas as demais possuem portas fechadas. Isso sem contar não ter entrado em prédios com salas para alugar e se o fizesse, seria uma inundação de fotos e mais fotos.

A amostragem feita por essas fotos não tem nenhum caráter de indicativos de índices de lojas fechadas, muito menos tonalidade alarmante ou algo parecido. Nem contei a quantidade, mas sei serem muitas, dezenas, beirando ao cento e só na região compreendida pelo Calçadão, quadra 1, junto a praça Machado de Mello até a sete, junto a praça Rui Barbosa. Nem olhei para as ruas transversais e laterais e adjacentes, pois daí esse número chegaria a estratosfera. Existem galerias inteiras vazias no centro da cidade. Nas conversas algo a irredutibilidade de alguns donos desses prédios, pois não querem ceder em nada no valor do aluguel, mesmo diante da quebradeira geral. Negociar valores de aluguel é algo impensável para estes, com muitos preferindo permanecer com a porta fechada do ter que reduzir o preço do valor da mensalidade paga. Coisas do mundo do capital, onde reina a insensibilidade. Daí, querer abrir um novo negócio na região, algo para quem gosta muito de viver perigosamente. Sei também que o abre e fecha é algo constante na região, mas hoje mais acentuado que tempos atrás.

As fotos demonstram um bocadinho da tristeza atual reinante no centro da cidade e que deve, neste ano, ser algo predominante para a entrada do último mês do ano e o período mais festejado das compras, o envolvendo Natal e o Ano Novo. O festival de portas cerradas é de doer e cada comerciário presenciando isto sabe muito bem que hoje o que ainda pode fazer é tentar segurar o seu emprego com unhas e dentes. Já para os novos, os que trabalharão em regime temporário, uma certeza, a de que o valor ganho no ano passado não será auferido neste e nem que a “vaca tussa”. Se predominar o que aconteceu recentemente com os empregados do famoso supermercados da rede Mundial, no Rio de Janeiro, já amplamente divulgado pelas redes sociais, o que vem por aí, além de péssimo para os comerciários, todos fragilizados e obrigados a atuarem com o que lhe resta de trabalho, ou mais uma avalanche de portas e mais portas fechadas. Fiquem cicando a seguir, para encerrar este texto, com o que ocorreu agora mesmo na rede Mundial: https://theintercept.com/…/mundial-greve-direitos-trabalhi…/

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