terça-feira, 21 de novembro de 2017

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (129)


A BAURU QUE FAZ POR FAZER E A QUE SE ESQUECE DOS ANTECEDENTES

Vamos por partes, como magistralmente fazia Jack, o Estripador.

Parte 1 – Inauguração da praça da Consciência Negra nos arredores da avenida Nações Unidas. A Semana da Consciência Negra se aproximando, dia de Zumbi dos Palmares, feriado em muitas localidades e nada em Bauru, algo precisava ser feito e pensando desta forma, a laboriosa equipe da Prefeitura Municipal correu para preencher a lacuna. Nada como homenagear os negros bauruenses com uma praça, porém tudo às pressas, algo ainda insipiente, sem nada, grama por nascer, sem bancos, arvores e tudo o mais, só um terrão batido. E assim, no dia de ontem, com ilustres convidados a placa foi descerrada e mais uma praça passou a figurar no rol das existentes na cidade. Uns poucos elogiaram, mas outros, mais sensíveis, chamaram a atenção pra o descalabro. Tatiana Calmon pisou acertadamente no acelerador e tascou: “Me desculpem os companheiros e camaradas do movimento negro, mas, pessoalmente, acho uma afronta reinaugurar um bico de calçada, sem banco, sem árvore, sem água, sem nada, como praça África, como parte importante do calendário da semana da consciência negra. Não é uma praça. Não é sinal de combate ao racismo e ao preconceito, ao contrário. E ver uns e outros que sempre tiveram os negros como seu alvo predileto discursando foi lamentável. Meu estômago não aguenta”. E para descerrar a placa, além do prefeito e de convidados da comunidade negra, escolhem o vereador coronel para o discurso de inauguração. E sem farda, ele hablou pacificamente com todos os sorridentes presentes. Já da praça, nos próximos capítulos serão implementadas as melhorias prometidas. Aguardemos.

Parte 2 – O processo junto ao Iphan – Instituto de Preservação Cultural e Histórico, órgão do Governo Federal, para certificação do sanduíche bauru (neste caso, o correto é em minúscula), tornando-o bem imaterial reconhecido institucionalmente em todo território nacional é algo em curso desde os idos de 2007. Representantes do Iphan estiveram na cidade e na mudança de Governo municipal, de Tuga para Rodrigo, prioridades neste quesito deixaram de ocorrer e tudo passou a correr mais lentamente. Neste momento, ao abrir os jornais, um deputado federal da vizinha Ourinhos assume o papel de levar para as instâncias palacianas de Brasília a velha reivindicação desta cidade. Nada contra se apropriar dos louros, mas se algo for aprovado, salutar relembrar o que já foi feito, até para construção do real histórico, o processo correndo há mais de uma década. E neste exato momento, além do coronel deputado de Ourinhos, o vereador coronel de Bauru também se dizendo proponente da provável certificação.

Parte 3 – Desde que me conheço por gente, áureos tempos que um tal de Batata voava pelos ares bauruenses com seu ousado planador, a cidade já era considerada como “capital nacional do voo à vela”, isto tudo devido em primeiro lugar à localização de nosso aeroporto, o que recebe mais voos do que o oficial, lá no meio do nada, beiradas de Arealva. Vento não falta no lugar e nos hangares levantados pela força braçal dos bravos ferroviários, instalações condizentes para a prática do rico esporte. Ico, o dono do bar Aeroporto vende adesivos, camisetas e outros mimos referentes ao esporte, além das paredes do estabelecimento estarem forradas de fotos comprovando o que já está na boca de tudo e todos. De onde veio? Quem lançou a ideia? Como se propagou? Desde quando se fala disto? São boas perguntas a merecer as respostas adequadas, pois quando algo for institucionalizado, que os louros do feito da cidade ser considerada oficialmente como “Capital do Voo à Vela” não recaia sobre quem a levanta somente neste momento e com visíveis intenções eleitoreiras. A César o que é de César, melhor assim.

Tudo devidamente destrinchado, Jack, o dito Estripador se recolhe aos seus aposentos. Tchau!


UMA  OUTRA COISA
BRASILEIRO ANDA DE ONIBUS, MAS SÓ FORA DO PAÍS
Escrevo de Patrícia Ayala, vice-presidente do vizinho Uruguai. Ela aguarda o ônibus circular para chegar ao seu trabalho. Sem comentários. 

Conto uma história bauruense de um dos tantos dias em que desço de ônibus pro centro da cidade. Estava no ponto defronte o shopping, 7h da manhã e um vizinho ali me vendo, para e quer saber dos motivos de ali estar. "Uai, vou de ônibus, carro guardado. Por que?", respondo. Sua resposta não esqueço jamais: "Faz mais de dez anos que não entro num ônibus em Bauru". 

O que mais existe por essas bandas são os que não podem ser vistos em hipótese nenhuma dentro de um circular. Morreriam de vergonha. Desavergonhados vivem melhor neste mundo insano e doente.

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