quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

CARTAS (182)


OLHAR COLETIVO PRA LUA!
Ao ler carta do Cesar, rascunhei de bate pronto resposta.
Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade - Bauru SP, missiva de minha lavra e responsabilidade, publicada hoje na página interna:

O professor Cesar Augusto Teixeira de Carvalho, aqui nesta Tribuna, em 26/12, explica ao seu modo e jeito como uns poucos usufruindo do bem-bom estariam em cadeia beneficiando a todos. Nada mais capitalista do que isso, mera ilusão. Eu também gosto de polvo (mesmo preferindo sardinha), mas não tento explicar nada quando escapulo pelos restaurantes da vida, pois além de não fazê-lo a contento, estaria contribuindo para confundir e não para explicar nada.

O conta não fecha e a roda engripa. Como, pago a conta e me aquieto.

Existe uma despropositada máxima propagando que só no capitalismo é possível consumir tudo de bom e no socialismo, não. Intragável isso, pois a privação persiste é aqui no seio do mundo onde o deus dinheiro impõe suas regras. A ideia de todos desfrutarem de tudo não é meramente comunista, mas bíblica.

Dividir os pães, peixes, enfim, o bolo é exemplo pouco seguido por cristãos e religiosos de todas as estirpes. Preferem justificar as diferenças a propor e praticar a equitativa divisão de tudo.

Quem disse que em regimes libertários não se come polvo ou outra qualquer iguaria? Come-se de tudo. O bacalhau de minha infância era comida de todos os trabalhadores, hoje não mais. Quem apartou e dificultou uns e outros de usufruírem de tudo um pouco não foi o socialismo, mas a crueldade de um sistema impondo a uns poucos ter tudo e a imensa maioria, quase nada.

Depois de ler o texto do professor, passei na venda aqui perto e com meros R$ 10 reais comprei duas embalagens de sardinha, alguma bebida e me juntei numa festa coletiva na periferia, onde cada um leva um pouco e na junção todos comem do mesmo espeto, retalham o mesmo assado. Coletiva comilança, algo mais estimulante para girar a tal roda, favorecer mais e mais, sem distinção um maior número de pessoas. Irmanados lá na praça, cada um ciente de que, desta forma o quinhão de cada um é melhor distribuído, viceja a coletiva alegria. A gente não vai resolver os problemas deste mundo, nem nos reunimos para justificar e explicar nada, enfim, olhamos pra lua sem nenhum assumido complexo de culpa.
Henrique Perazzi de Aquino - jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com)

Eis o texto publicado na Tribuna do Leitor, edição de hoje do Jornal da Cidade: https://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=250881

Eis o texto do professor Cesar Augusto Teixeira de Carvalho, publicado na mesma Tribuna, 26/12, "Olhando pra Lua!": https://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=250863

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