DUAS HISTÓRIAS OUVIDAS NUM CORREDOR DE HOSPITAL*
* Escritas do mesmo jeito que ouvidas e transcritas aqui com alguma correção.
HISTÓRIA 1 – “EXEMPLO DO PORQUE ODEIO PAULISTA” Caso ouvido ontem à noite, entre muitos desabafos, por uma muito bem resolvida carioca. Ela consegue entrar na agência bancária, exatamente às 15h59 e por causa disto, sente-se vitoriosa. Isso até o momento em que visualiza a imensidão da fila diante de somente dois caixas abertos. O tempo rola e um deles fecha. Perturbada, sai do último lugar na fila e vai até o funcionário já fechando sua gaveta: “Poxa, se ficar aberto, todos ganharemos tempo. Por que fechou justo agora?”. Sua resposta: “Nada posso fazer, recebo ordens, fale com o gerente, ele está logo ali naquela mesa”. Ela vai até lá e o encontra batendo um amigável papo, temas variados com uma provável cliente, tipo dondoca. Espera para ser notada e como isso não ocorre, pois o mesmo não se digna a perceber sua presença. Pede licença, explica delicadamente a situação e ouve deste: “Aguarde na fila, verei o que posso fazer”. A fila continua andando muito devagar e o gerente não move uma palha. Ela volta até sua mesa e diz: “Continuo esperando sua solução ali na fila, como me pediu”. Passam mais alguns minutos e nada, tudo como dantes. Não se aguenta e volta para diante do gerente, ainda no papo com a mesma provável cliente e repete exatamente a mesma fala anterior, dessa vez sem aguardar resposta. Volta para seu lugar na fila, passam mais alguns minutos e percebe o gerente chamando um funcionário e a apontando. Esse se dirige até ela e diz: “Queira me acompanhar, vamos te atender no caixa de clientes especiais”. Indignada ela se recusa e o faz em alto e bom som. Todos na fila presenciaram tudo, desde o início, da primeira reclamação até o desenlace, com a recusa em aceitar ter somente o seu problema resolvido e não o de todos. Ninguém havia movido uma só palha de solidariedade pelo que fez, nem quando rejeito a solução sugerida pela gerência. Bem humorada, conclui da seguinte forma o ocorrido: “Odeio paulista por causa de soluções deste tipo, também essa passividade diante das situações. Carioca resolve tudo de outro jeito”.
EXEMPLO 2 – A SENSIBILIDADE E A INSENSIBILIDADE NO TRATO COM O SEMELHANTE Um casal homoafetivo, anos de convivência e ambos com AIDS, administrada com os devidos medicamentos. Por desleixo de um deles, deixa de tomar os remédios por certo período, sua imunidade fica mais baixa e contrai algo novo, um fungo na cabeça. Em questão de poucos meses, surge a perda da razão. Ficou abobado e tem início intenso tratamento médico, ainda coberto pelo seu plano de saúde. Procura um advogado, o que me faz esse relato numa sala de espera de outro hospital paulistano. Ele entra na história e diz que o hospital quis encerrar o atendimento e só não o fez por causa de sua ação junto ao Ministério Público. A internação é prorrogada, sempre sob ameaças: “...só até a semana que vem”. Esse advogado descobre algo mais, o outro profissional que inicialmente havia atendido seu agora cliente, havia conseguido a aposentadoria do hoje adoentado cidadão. No contrato uma cláusula, a de que nos primeiros doze meses do recebimento, 30% do valor seria repassado ao advogado. Essa a paga. Um percentual aceitável, mas não para um prazo tão dilatado. Falto sensibilidade humana, algo indagado na conversa: “Ainda existe isso nas atuais relações?”. Ele me diz que sim, pois assim age com seu cliente. Entrou com pedido de curatela junto ao Fórum, para que os valores bloqueados da aposentadoria possam ser sacados pelo sadio companheiro, de forma temporária e exclusivamente para cobrir as despesas pós-doença. A burocracia retarda uma plausível solução. Juízes pedem documentos e mais documentos, enquanto isso, um dorme diariamente ao lado do outro. Um deitado na cama do hospital e o outro sentado numa simples cadeira, meses a fio, desconforto mais do que evidente. Enquanto a solução na sai, um come da comida do hospital e o outro, só quando pode e lhe sobram recursos. Todos continuam aguardando a canetada final do juiz, a decisão do plano de saúde em continuar cobrindo as despesas e o hospital em manter o paciente.
OBS.: As duas fotos são meramente ilustrativas.
HISTÓRIA 1 – “EXEMPLO DO PORQUE ODEIO PAULISTA” Caso ouvido ontem à noite, entre muitos desabafos, por uma muito bem resolvida carioca. Ela consegue entrar na agência bancária, exatamente às 15h59 e por causa disto, sente-se vitoriosa. Isso até o momento em que visualiza a imensidão da fila diante de somente dois caixas abertos. O tempo rola e um deles fecha. Perturbada, sai do último lugar na fila e vai até o funcionário já fechando sua gaveta: “Poxa, se ficar aberto, todos ganharemos tempo. Por que fechou justo agora?”. Sua resposta: “Nada posso fazer, recebo ordens, fale com o gerente, ele está logo ali naquela mesa”. Ela vai até lá e o encontra batendo um amigável papo, temas variados com uma provável cliente, tipo dondoca. Espera para ser notada e como isso não ocorre, pois o mesmo não se digna a perceber sua presença. Pede licença, explica delicadamente a situação e ouve deste: “Aguarde na fila, verei o que posso fazer”. A fila continua andando muito devagar e o gerente não move uma palha. Ela volta até sua mesa e diz: “Continuo esperando sua solução ali na fila, como me pediu”. Passam mais alguns minutos e nada, tudo como dantes. Não se aguenta e volta para diante do gerente, ainda no papo com a mesma provável cliente e repete exatamente a mesma fala anterior, dessa vez sem aguardar resposta. Volta para seu lugar na fila, passam mais alguns minutos e percebe o gerente chamando um funcionário e a apontando. Esse se dirige até ela e diz: “Queira me acompanhar, vamos te atender no caixa de clientes especiais”. Indignada ela se recusa e o faz em alto e bom som. Todos na fila presenciaram tudo, desde o início, da primeira reclamação até o desenlace, com a recusa em aceitar ter somente o seu problema resolvido e não o de todos. Ninguém havia movido uma só palha de solidariedade pelo que fez, nem quando rejeito a solução sugerida pela gerência. Bem humorada, conclui da seguinte forma o ocorrido: “Odeio paulista por causa de soluções deste tipo, também essa passividade diante das situações. Carioca resolve tudo de outro jeito”.
EXEMPLO 2 – A SENSIBILIDADE E A INSENSIBILIDADE NO TRATO COM O SEMELHANTE Um casal homoafetivo, anos de convivência e ambos com AIDS, administrada com os devidos medicamentos. Por desleixo de um deles, deixa de tomar os remédios por certo período, sua imunidade fica mais baixa e contrai algo novo, um fungo na cabeça. Em questão de poucos meses, surge a perda da razão. Ficou abobado e tem início intenso tratamento médico, ainda coberto pelo seu plano de saúde. Procura um advogado, o que me faz esse relato numa sala de espera de outro hospital paulistano. Ele entra na história e diz que o hospital quis encerrar o atendimento e só não o fez por causa de sua ação junto ao Ministério Público. A internação é prorrogada, sempre sob ameaças: “...só até a semana que vem”. Esse advogado descobre algo mais, o outro profissional que inicialmente havia atendido seu agora cliente, havia conseguido a aposentadoria do hoje adoentado cidadão. No contrato uma cláusula, a de que nos primeiros doze meses do recebimento, 30% do valor seria repassado ao advogado. Essa a paga. Um percentual aceitável, mas não para um prazo tão dilatado. Falto sensibilidade humana, algo indagado na conversa: “Ainda existe isso nas atuais relações?”. Ele me diz que sim, pois assim age com seu cliente. Entrou com pedido de curatela junto ao Fórum, para que os valores bloqueados da aposentadoria possam ser sacados pelo sadio companheiro, de forma temporária e exclusivamente para cobrir as despesas pós-doença. A burocracia retarda uma plausível solução. Juízes pedem documentos e mais documentos, enquanto isso, um dorme diariamente ao lado do outro. Um deitado na cama do hospital e o outro sentado numa simples cadeira, meses a fio, desconforto mais do que evidente. Enquanto a solução na sai, um come da comida do hospital e o outro, só quando pode e lhe sobram recursos. Todos continuam aguardando a canetada final do juiz, a decisão do plano de saúde em continuar cobrindo as despesas e o hospital em manter o paciente.
OBS.: As duas fotos são meramente ilustrativas.
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK::
ResponderExcluirFatima Brasilia Faria São relatos que me entristecem.
Cláudia Tebet Gomes Manaia Descaso, burocracia e etc nos dois relatos. Afff.