1.) EU QUERO UM ADESIVO DO CHE...
Feira da rua Uruguaiana, centro do Rio, hoje 20h. Paro numa banca de revistas e procuro adesivos do Che Guevara, para colar no meu meio de locomoção. Pesco e, ufa!, por fim encontro um, pequeno. Pergunto ao dono da banca: "antigamente tinha muito do Che, hoje difícil achar um. Que foi, caiu a procura?". Sua resposta: "O problema foi outro. Vende bem até hoje, mas é que passaram uns caras e invocaram de vender algo dele. Para não criar problema pra banca, deixei de expor como antes. Você ainda foi encontrar um, acho que é o último. Acho que a coisa já acalmou e vou voltar a expor". Fecha o pano. Este o país que temos hoje, liberdades em plena ebulição e expansão. Viva o golpe, golpistas e no que estão transformando o Brasil.
2.) 20 ANOS DA FOLHA SECA
Passei hoje por lá, num dos redutos mais aconchegantes da cidade do Rio de Janeiro. A livraria Folha Seca, dos amigos Maria Helena Ferrari e o filho Rodrigo Ferrari, o Digão. Eu vi nascer a livraria. O conheci, creio eu, dos tempos onde ele montou uma pequena livraria dentro do Espaço Cultural Hélio Oiticica, ao lado da praça Tiradentes. Ele me diz ter sido antes disso, quando trabalhava numa outra famosa. Lembro dele num antológico show no Canecão, o dos 50 anos do Aldir Blanc, que hoje já passou dos 70. Não perdi mais o contato e nas idas e vindas, sempre passo para um abraço ou comprar algo sobre a especialidade da casa: Rio de Janeiro, Futebol, Carnaval e Samba. Certa feita ele me apresentou o escritor e jornalista Ruy Castro, numa banca, feira literária nos jardins do palácio do Catete. Fiquei amigo do Eduardo Goldenberg e depois do Luiz Antonio Simas por seu intermédio e comprei o livro de ambos de suas mãos. Hoje mesmo trago dois do Simas e venho lendo no ônibus da Reunidas, retornando para Bauru. São tantas histórias. Numa outra, seu Zé Pereira de Andrade, o pai da Ana Bia Andrade me apresentou aos sebos cariocas, sete anos atrás e se surpreendeu por já conhecer o Rodrigo. Seu Zé era conhecido em todas livrarias do centro do Rio e adorava a Folha Seca, como eu, numa dessas inenarráveis coincidências boas desta vida. Fiz questão de passar para o abraço dos 20 Anos e o encontro almoçando defronte a loja, com nada menos que um dos melhores traços deste país, Cássio Loredano. As conversas ali travadas são tão edificantes, que nem acredito ser no Brasil atual. Aquilo é o paraíso na face da Terra, oásis no meio da mediocridade nacional. Saio sempre de lá com a carga de minha bateria mais do que recarregada. Esse é o Rio que eu amo. Só ainda não consegui conhecer pessoalmente sua mãe, minha grande amiga internetica, Maria Helena. Escrever deles é muito prazeroso. Dia 20 de janeiro vai ter um festão na frente da livraria e só perco por motivo de força maior.
Trazer pra casa o livrinho (lindinho de doer) "No campo da memória, jogando conversa fora", só com fotos das paredes do bar paulistano São Cristovão, com futebol do chão até o teto é já pensar em fazer o mesmo com o TemploBar Bauru. O melhor do livrinho e que ao sair pra mostrar minha cestinha de compras pra dupla aí ao meu lado, Loredano o pegou nas mãos e ficou comentando página por página, jogador por jogador, jogada por jogada. Vim com o livro todo folheado e comentado por ele, daí seu preço triplicou no mercado. Fiquei com uma raridade nas mãos e quando me apertar vendo pra pagar aluguel ou pendengas inadiáveis, mas depois compro outro sem manuseio de gente tão importante.HPA numa original Declaração de Amor.
Passei hoje por lá, num dos redutos mais aconchegantes da cidade do Rio de Janeiro. A livraria Folha Seca, dos amigos Maria Helena Ferrari e o filho Rodrigo Ferrari, o Digão. Eu vi nascer a livraria. O conheci, creio eu, dos tempos onde ele montou uma pequena livraria dentro do Espaço Cultural Hélio Oiticica, ao lado da praça Tiradentes. Ele me diz ter sido antes disso, quando trabalhava numa outra famosa. Lembro dele num antológico show no Canecão, o dos 50 anos do Aldir Blanc, que hoje já passou dos 70. Não perdi mais o contato e nas idas e vindas, sempre passo para um abraço ou comprar algo sobre a especialidade da casa: Rio de Janeiro, Futebol, Carnaval e Samba. Certa feita ele me apresentou o escritor e jornalista Ruy Castro, numa banca, feira literária nos jardins do palácio do Catete. Fiquei amigo do Eduardo Goldenberg e depois do Luiz Antonio Simas por seu intermédio e comprei o livro de ambos de suas mãos. Hoje mesmo trago dois do Simas e venho lendo no ônibus da Reunidas, retornando para Bauru. São tantas histórias. Numa outra, seu Zé Pereira de Andrade, o pai da Ana Bia Andrade me apresentou aos sebos cariocas, sete anos atrás e se surpreendeu por já conhecer o Rodrigo. Seu Zé era conhecido em todas livrarias do centro do Rio e adorava a Folha Seca, como eu, numa dessas inenarráveis coincidências boas desta vida. Fiz questão de passar para o abraço dos 20 Anos e o encontro almoçando defronte a loja, com nada menos que um dos melhores traços deste país, Cássio Loredano. As conversas ali travadas são tão edificantes, que nem acredito ser no Brasil atual. Aquilo é o paraíso na face da Terra, oásis no meio da mediocridade nacional. Saio sempre de lá com a carga de minha bateria mais do que recarregada. Esse é o Rio que eu amo. Só ainda não consegui conhecer pessoalmente sua mãe, minha grande amiga internetica, Maria Helena. Escrever deles é muito prazeroso. Dia 20 de janeiro vai ter um festão na frente da livraria e só perco por motivo de força maior.
Trazer pra casa o livrinho (lindinho de doer) "No campo da memória, jogando conversa fora", só com fotos das paredes do bar paulistano São Cristovão, com futebol do chão até o teto é já pensar em fazer o mesmo com o TemploBar Bauru. O melhor do livrinho e que ao sair pra mostrar minha cestinha de compras pra dupla aí ao meu lado, Loredano o pegou nas mãos e ficou comentando página por página, jogador por jogador, jogada por jogada. Vim com o livro todo folheado e comentado por ele, daí seu preço triplicou no mercado. Fiquei com uma raridade nas mãos e quando me apertar vendo pra pagar aluguel ou pendengas inadiáveis, mas depois compro outro sem manuseio de gente tão importante.HPA numa original Declaração de Amor.
3.) A ‘ESCUTA SOM’ CONTINUA NA CALÇADA VENDENDO CDs – VIVA A RESISTÊNCIA DO SEU JOÃO
O bom desta vida são as histórias que a gente vai acumulando pelas andanças daqui pra ali e dali pra outras paragens. Conto elas todas como as sei fazer, meio sem jeito, sinceras, cheias de minha empolgação. As coisas mais simples me arrebatam e no encantamento me envolvo e escrevo.
Sempre que volto ao Rio, passo por um lugar até então ponto de resistência. Uma pequena lojinha no centro da cidade, parte mais antiga, mais precisamente rua do Rosário nº 61, pouco mais de dez metros quadrados de espaço físico, a “ESCUTA SOM”. Ele conseguia revender CDs e DVDs a preços inimagináveis. Seu dono, o CLÁUDIO DE ALMEIDA ALVES, 51 nos conseguia das distribuidoras e gravadoras, lotes em pontas de estoque e preciosidades da música brasileira. Revendia tudo a preços não encontrado em mais nenhum lugar. Tudo legalizado, uma preciosidade. Batia cartão e sempre voltava, após vasculhar o lugar de cabo a rabo, com uma batelada de boa música debaixo do braço e sempre pagando pouco.
Passo ontem por lá e a porta fechada. Enquanto ainda olhava e já imaginando ser mais um dentre tantos que não aguentou a tal da crise, quando me chamam pro lado. Era o seu JOÃO BATISTA ALVES, 72 anos, que reconheço, pois trabalhava na loja. Montou uma barraca defronte uma outra loja fechada e ali continuava revendendo música, agora na calçada. Conta sua história: “O Cláudio morreu começo ano passado, sua diabetes o pegou. Foi muito cedo, era descuidado, vivia pro seu negócio e abusava da comida e bebida, pouco exercício. A mulher ainda tentou tocar o negócio, mas fechou em poucos meses. Eu não quero entregar os pontos e continuo atendendo os antigos clientes agora aqui na calçada. Vendo a R$ 5 reais cada CD, escolha a vontade”.
Trago dez e ele me faz um desconto, pago R$ 40. Cláudio morreu aos 51 anos e seu João, aos 72 insiste em continuar com o negócio de revender música. Lá se foram 15 anos da “Escuta Som”. Até a Folha de SP o homenageia com um belo texto publicado na edição de 24/02/2017: http://www1.folha.uol.com.br/…/1861545-mortes-de-camelo-a-r…. Seu João tenta ao seu modo e jeito não deixar aquela quadra ter todas as portas comerciais fechadas. Ele dá vida ao lugar, quase encostado à movimentada Rua Primeiro de Março, com seus ônibus indo pra Zona Norte e assim, a alegria não fenece, não morre de vez no lugar.
che guevara matava gays e era estuprador. dia 24 veremos lula preso.
ResponderExcluirChe Guevara faz falta hoje para não deixar esses anônimos bolsonaristas tomarem conta de tudo. Precisamos mais e mais de revolucionários para transformar este mundo em algo muito mais palatável do que o vivenciado pelo capitalismo.
ResponderExcluirHenrique - direto do mafuá