sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
PERSUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (131)
ALGO MAIS DA GREVE DOS COLETORES DE LIXO DE BAURU Em primeiro lugar, efusivas palmas para a categoria dos coletores de lixo de Bauru, lotados na EMDURB, pois fazer greve nos tempos atuais não é pra qualquer um. Com o estado de golpe em pleno vigor, direitos sendo suprimidos e o tacão no pescoço de todos, principalmente sob o do trabalhador, algo para ser valorizado, reconhecido e incentivado. Bravos trabalhadores enfrentando o cruel estado de injustiças que, dia após dia, está se consolidando país afora.
Dito isto, vamos aos fatos. O fato gerador da greve, bem evidente isto, um problema de GESTÃO no órgão administrador e segundo consta, imposto pelo patrão maior, no caso o Gabinete do Prefeito. Enfim, nada ocorre sem sua anuência. Sem tirar, nem por. A categoria dos coletores de lixo está enquadrada dentre aqueles considerados insalubres, esforço mais que redobrado durante a jornada de trabalho, daí plenamente justificado as 6h diárias e não 8h, como quer o empregador. Trabalham em cada caminhão de coleta de lixo em quatro funcionários e agora, sob alegação não convincente estão impondo a mudança para três funcionários. Pior, já foi dito em entrevista numa rádio, que os não aceitando a nova situação, provavelmente serão dispensados. Insensibilidade patronal, que não deveria existir no caso do empregador ser uma Prefeitura Municipal. Alegar que a Hora Extra é excessiva não cola, pois nada dizem das filas lá nos descarrego do lixo no aterro em Piratininga, entre outras coisas.
A greve se justifica e muito, porém as forças contrárias hoje estão cada vez se acentuando mais e gerando abalos inenarráveis na legislação trabalhista. Pior que tudo é levar em consideração algo que já corre como o vento na Rádio Peão: dizem que, uma empresa privada está oferecendo de forma acintosa um valor bem abaixo do hoje cobrado pela EMDURB no metro cúbico para prestar o serviço de coleta do lixo, o tal peso do lixo. A pressão é pelo enquadramento da empresa municipal nos moldes da privada ou, se não o fizerem, até a terceirização do setor. Difícil enquadrar, pois na situação atual, teria que em primeiro lugar ocorrer algo ainda em voga nas hostes municipais, o real enxugamento de gente ali lotada e sem função definida, o tal cabide de emprego, fato ocorrendo há décadas não só neste setor. Reduzir custos só terá início de fato, quando isso de fato existir.
Por fim, cito algo dessa bestialidade vigente hoje, tentando enquadrar toda a legislação trabalhista dentro dos moldes impostos pela aprovação na Câmara dos Deputados e Senado, restringindo algo em favor do trabalhador. Guilherme Boulos e Felipe Vono, em artigo recente para a revista Carta Capital, “Começo esperado, fim imprevisível”, dão o tom do que se passa país afora: “A reforma deixou em ruínas a CLT, que havia assegurado por quase 80 anos a regulamentação de trabalho do país. A essência da medida é reduzir o valor da força de trabalho, barateando os custos para o empresariado. As mudanças vão legislar, na realidade, ao avanço generalizado da precarização, da informalidade e da contratação por hora, com redução salarial drástica. A maioria dos trabalhadores ainda não se deu conta da gravidade dos ataques, pois a reforma foi aprovada sem nenhum debate com a população e seus efeitos não se fizeram sentir inteiramente”.
Simples assim, a Prefeitura de Bauru já está atuando dentro dos novos moldes. Poderia, como seria mais salutar, entender o lado do trabalhador e não já ir cravando a estaca como o faz neste e em outras situações. Se ela já começa deste jeito e maneira, imaginem o que virá pela frente. Portanto, trabalhadores da Prefeitura Municipal de Bauru, coloquem todos (as) as barbas, olhos, boca, couro cabeludo e toda a cabeça de molho. Tempos sombrios pela frente... OBS.: As fotos são do G1 Globo
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