sábado, 10 de fevereiro de 2018

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (124)


A ENTREVISTA FEITA PELA METADE E OUTRA NEM OCORRIDA
O jornalista liga e vamos gravar uma entrevista para falar sobre o desfile do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o intrépido BAURU SEM TOMATE É MIXTO. Antes de gravar, conversamos a respeito do que iria ser trtado na entrevista:

- Fale um pouco mais do bloco, do que trata esse ano, só para gente ir construindo como gravaremos?
- O Bauru Sem Tomate é Mixto é um bloco irreverente e trata das questões sociais, das ocorrências no campo político na cidade de Bauru e as retrata de uma forma muito irônica, sarcástica e bem humorada. Dá uma estocada naqueles que nos estocam a todo instante. o político que prometeu algo e não cumpriu, aquele que diz fazer uma coisa e faz outra, daí por diante. Com nossos olhos bem atentos, a gente procura retratar e pega literalmente no pé dos que danam nossas vidas o ano todo. A própria letra da marchinha está bem dentro do clima, pois aborda todos os fatos que acreditamos sejam merecedores de um sonoro puxão de orelha.

- Esse ano, tem também o Prêmio Desatenção. O que é isso?
- Sim, escolhemos tres, o deputado estadual Pedro Tobias, o prefeito Clodoaldo Gazzetta e o vereador coronel Meira e em todos algo muito bem fundamentado, enfim, dos motivos deles terem sido os escolhidos, votação aberta entre os tomateiros. O que fizeram ou deixaram de fazer para serem merecedores do prêmio. Posso te esmiuçar o que encontramos de problemas em suas atitudes. Fazemos a troça necessária para quem o ano todo produz algo não considerado pelos que neles votaram como o recomendável para tornar essa cidade mais palatável.

Daí, quando achava que iria começar a entrevista, eis que ele me diz à boca pequena:
- Gravaremos, mas te peço um favor, não cite o nome de nenhum deles, pois você sabe como é, teria que dar o direito de resposta, não poderia fazê-lo sem ouvir a outra parte. Não quero problemas pro meu lado e se topar gravamos, sem citações, nem a do muso, que também é um político local.

- Você vai me gravar e na hora de colocar no ar, faça lá os seus cortes, os que sua consciência mandar, mas me deixe falar o que quiser, por favor - foi minha resposta.

Deu para perceber, os tempos hoje são da predominância dos cagões, os que possuem medo de colocar o seu na reta, os que se omitem de dizer algo contra alguns, mas enaltecem outros sem nenhum despudor. Ou seja, para uns o paraíso, para outros o inferno. Cito um exemplo, em todos os meios de comunicação são publicados diariamente absurdos contra o ex-presidente Lula e na imensa maioria deles nunca ninguém se preocupou em ir ouvir e colocar no ar ou publicar o outro lado, a real versão dos fatos. Para esses vale tudo, mas quando o negócio é dizer umas verdades de uns figurões locais, o cagaço predomina.

Cito outro exemplo disso tudo. Íamos ser entrevistados coletivamente num programa carnavalesco, mas como é sabido até pelas pedras do reino mineral, ser o motivador do bloco o tema político, a inclusão das ocorrências na aldeia bauruense ano passado e com citação de nomes e sobrenomes, o argumento principal a nos impedir de falar para eles foi esse: "Vocês sabem, nosso programa é sobre Carnaval e não misturamos Carnaval com política". Precisa dizer mais alguma coisa? Não, mas eles até sem o saberem (ou sabendo muito bem) fazem política muito mais do que todas as críticas desferidas pelo bloco. Enfim, a roda gira desta forma e jeito não só aqui em Bauru, mas no Brasil que já entronizou na sua mídia o cagaço como regra fundamental da prática jornalística. Fica o registro. 

OBS.: as fotos aqui reproduzidas são de atutoria de Loriza Lacerda de Almeida, uma que entende do riscado e me autorizou a reproduzi-las pela aí. HPA

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