sábado, 24 de março de 2018

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (131)


A GREVE DOS SERVIDORES, O POSICIONAMENTO DO PREFEITO E O CHARGISTA DO JORNAL – QUANDO A SENSIBILIDADE SUPLANTA TUDO O MAIS
“Servidores e periferia elegeram o Gazzetta e não as tais forças vivas a quem ele se uniu", frase lida agorinha mesmo nas redes sociais e escrita pelo advogado Gilberto Truijo em forma de questionamento diante dos últimos acontecimentos. A truculência dos dias atuais faz a maioria dos nossos políticos agir de acordo com a concepção desses novos tempos, tudo na base da brutalidade, resolvendo as questões na porrada. O diálogo vai pras cucuias e isso se repete agora neste momento na greve dos servidores municipais em Bauru. O prefeito Clodoaldo Gazzetta foi eleito e desde sempre mostrou possuir um lado, pois já atuou nas hostes do Governo Estadual, tendo como patrão esse mesmo que hoje nos governa, o Geraldo “Santo” Alckmin . Tira muitas fotos ao lado deste e sempre com um sorriso de orelha a orelha. O vejo também sempre muito sorridente ao lado de gente como o Paulo Skaf, o dirigente mor hoje da FIESP, um que nem empresa possui, mas administra e rege os interesses dessa classe. Skaf não está e nem nunca esteve ao lado dos interesses populares. Esse dois são símbolos do golpe, assim como tudo o mais que rodeia hoje o nosso alcaide. Sei que ele tem que dançar conforme a música, mas como na frase do Truijo, deixa claro o lado em que sempre esteve. Escrevo isso tudo só para concluir com algo bem simples, sem grandes arroubos: O que a gente poderia esperar de uma pessoa com todo o passado comprovadamente ao lado dos ditos e vistos hoje como participantes ativos desse insano e cruel golpe, que não fosse ter atitudes idênticas a deles todos?

Ele age e toma atitudes dentro de sua concepção de vida. Sem tirar nem por. Quando vejo que, diante de uma greve, na qual não consegue dialogar e me parece, nem queira fazê-lo a contento, a sua atitude de cortar o ponto dos grevistas a partir de segunda feira é sintomático, de fato da exata maneira de como age. Rodrigo Agostinho podia ter mil defeitos, mas era um tanto corajoso e num momento desses descia com suas botinas lá do terceiro andar e ia participar das assembleias dos servidores. Se prestava, no mínimo a dialogar, colocava a cara a tapa. Gazzetta não o faz. São estilos diferentes. Entendo todos os motivos do prefeito para segurar um aumento dentro do pedido pelos servidores, ele está entre a cruz e a espada, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega, mas foi eleito para tomar decisões sensatas e não fugir da raia. Faz o contrário do que esperava seus eleitores e lá do gabinete toma decisões, na maioria das vezes de cima para baixo. Além de feio, desmerecerão seu currículo e seu mandato. Trabalhar na adversidade é mais que nunca saber enfrentar o touro a unha e não ter medo de ir ao encontro dos problemas e os enfrenta-los de frente. Ele foge disso e recebe a saraivada de críticas, todas justificáveis, exatamente por ter optado por um lado, ter feito muitas promessas, ter falado mais do que devia e na hora do vamos ver, de ver quem tem mais garrafa vazia para vender, se mostra arredio e com decisões insensatas. Neste exato momento, ele foge do diálogo e decide com uma canetada tentar acabar com a greve através do MEDO e não do DIÁLOGO.

Quem melhor tem retratado esse momento vivido pelo prefeito é o cartunista do Jornal da Cidade, Fernandão, no único órgão diário impresso de imprensa que temos atualmente. Com uma linha bem definida, de criticar e apalpar, seus textos traduzem o pensamento da elite dominante na cidade. Não discuto mais isso, o jornal é isso e pronto e não devemos esperar dele nada além disso. Continuo me informando por ele, sem problemas, mas não o tenho como única fonte de informação. Confrontar ideias e pensamentos em tudo é mais que necessário. Além dos textos, além das notícias desta aldeia, não nego ter através de suas páginas muita informação do que ocorre na cidade. Para quem faz uma leitura para além do texto do jornal, recomendo aos interessados um olhar mais que clínico para os últimos trabalhos do Fernandão, tendo como pano de fundo a figura e atuação do prefeito. O que o chargista tem conseguido nos últimos tempos é algo pra entrar numa galeria dos notáveis, pois transcende e suplanta os textos. Para mim, os textos passam e a criação dele permanecerá ad eternum como registro inconteste desses tempos. Deixo aqui publicado algumas dessas charges como exemplo do que escrevo. Só de olhar e tentar interpretar cada uma delas, resultaria num amplo estudo a demandar tempo. Ele tem captado o espírito da coisa com muita precisão e com uma rara sensibilidade traduz tudo aquilo que a gente grita com os bofes de fora nas esquinas da cidade, mas não lemos nos textos do jornal, porém estão ali no seu precioso espaço. Confesso, tem sido meu alento no jornal. Não desmereço o restante, mas ele tem conseguido executar seu trabalho com maior acerto na pena do que os que escrevinham sobre o mesmo tema e possuem amarras nas mãos. Não que ele não as possua, mas consegue algo brilhante e neste exato momento, faz com que junte seus desenhos como num álbum de figurinhas (como os da Copa que muitos já iniciaram neste momento), selecionando uma a uma, imprimindo e colando num caderno, como algo merecedor de ser guardado. Ele merece esse rasgado elogio neste exato momento. Tá faltando pouco para ver um deles num cartaz na mão dos servidores e em plena greve.

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