segunda-feira, 19 de março de 2018

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (113)


SEGUNDA QUENTE

1.) UM AUSPICIOSO DEBATE NA RÁDIO BAURUENSE E NELE PROFESSOR CLODOALDO E ADVOGADA REGIANE - VALE A PENA OUVIR DE CABO A RABO
Clodoaldo e a boa turma dos Direitos Humanos de Bauru.
Sábado, como sempre faço, costumo ouvir o programa de rádio Música Ligeira, do João Flávio Lima na UNESP FM Bauru, um oásis de sons alvissareiros e para minha absoluta surpresa, no deste final de semana, o apresentador, idealizador e programador inovou. Na verdade não fez inovação nenhuma, mas sensibilizado pelo que ouviu, leu e viu de bestialidade após a execução da vereadora carioca Marielle, deixou de lado a boa música e propos um debate sobre o tema dos Direitos Humanos. Sob sua mediação, trouxe para gravar ao vivo o professor Clodoaldo Meneguello Cardoso, do Observatório de Direitos Humanos da Unesp Bauru e a advogada Regiane Thenório, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Bauru. Reafirmo, foi auspicioso o feito, pois enquanto muitos ficam com mi mi mi, ele colocou a cara para bater e fez algo de concreto. O debate serve e cai como uma luva para todos os que reclamam e insistem em desdizer do que venha a ser Direitos Humanos, mas pouco sabem dele de fato e de direito o que venha a ser. Da fala do Clodoaldo, irretocável, já da Regiane, algum retoque, principalmente quando tenta impor que a solução para tudo passa pela via religiosa. No final, o próprio Clodoaldo fala sobre as divergências, mas enaltece elas existirem e debatidas sem agressões, somente pelo confronto de ideias. Gostei demais e reclamo a falta de programas com esse conteúdo nas rádios locais (a Auri-Verde não mais existe e na atual Jovem Pan, veríamos exatamente o contrário, pois segue somente a linhagem de defesa do neoliberalismo como solução pra tudo - uma merda). E por que não virem exatamente de uma rádio universitária? É tudo o que necessitamos. Coragem até para recriar uma programação voltada para as necessidades atuais de todos os ouvintes. Escrevo, em primeiro lugar para dar o parabéns para quem propiciou o programa e depois para clamar por mais e mais debates com essa envergadura e consistência. Cliquem abaixo e ouçam o mesmo na íntegra: http://www.radio.unesp.br/noticia/2327

2.) OS SENSATOS AINDA ESTÃO POR AÍ: UFA!!!
Robson se mostra uma pessoa sensata. Simples assim.
Diante da enxurrada de boçalidade desses últimos dias, eis um bom exemplo de gente consciente e ciente de sua responsabilidade perante os demais. Um comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, diante de tantas atrocidades lidas, vistas e ouvidas sobre o assassinato da vereadora Marielle, ele não corroborando o manancial de besteiras, veio a público para defendê-la e o fez de forma contundente, lúcida, esclarecida e límpida. Daí deixo uma pergunta para os bestiais querendo impor sua razão e sua forma de pensar sobre a verdade dos fatos:

A pessoa não precisa ser policial ou de direita para ser sempre contra quem defende Direitos Humanos. Ela precisa simplesmente ser sensata e perceber, notar quem de fato está lutando pelos interesses da maioria esmagada e sofrida. E por que não pode também reconhecer no outro, mesmo alguém cujo pensamento não seja exatamente o seu, com admiração e entendendo sua luta como justa e louvável?

Foi o que fez esse Comandante da Polícia Militar. Ele, ao sair desse intolerante discurso conservador proliferando hoje, demonstra que nem tudo está devidamente perdido. O que falta na maioria é verdadeira ação de forma consciente, responsável e honesta para com a verdade dos fatos. Simples assim. Algo tão simples, que deveria passar batido, mas hoje merece destaque, diante da repetição de tantos absurdos.

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/03/coronel-da-pm-do-rio-homenageia-marielle-franco

Me deu uma baita vontade de compartilhar esse texto com muitos dos que fazem questão de esgrimar comigo por essa estonteante via facebookiana, mas me segurei. Mesmo assim, como seria bom que todos pudessem ler e entender dos motivos desse comandante da polícia não ter aderido gratuitamente à essa rede de mentiras, os fakes news tão desavergonhadamente espalhados como praga por tudo quanto é lugar. Esse exemplo vivo de que nem tudo está pérdido precisa ser espalhado com o vento.

Vale o registro. Algo louvável diante de tanta iniquidade.

3.)
AS HISTÓRIAS DOS JORNAIS QUE "AINDA" FAZEM A CABEÇA DESTE HPA
O jornaleiro Norberto e o tal amigo que nem desconfiava ser mafioso.
Ao abrir a edição diária do melhor jornal da América Latina, o argentino Página 12, encontro algo a me chamar a atenção. Abro o link e me ponho a ler com gosto, apetite voraz. Eis o título: "O mafioso amável de Monte Castro". Trata-se da história de um jornaleiro numa esquina de uma bairro de Buenos Aires, Monte Castro e da amizade que este manteve por anos com um "distinto" senhor, um que todos os dias passava para buscar os jornais e conversar. Trocaram confidências por anos, mas o distinto senhor nunca revelou de fato quem era, sua procedência. Enfim descobriram tudo sobre ele, exatamente quando este foi preso, era um famoso mafioso fugido de seu país. E o jornaleiro ficou famoso, pois era um dos únicos amigos do perigoso cidadão. Esse tipo de história, oriunda das ruas me arrebata, em engolfinha e me faz devorar jornais e revistas. Diante de tanta insanidade proliferando pelas páginas dos hoje inspóitos jornais, quando algo assim desponta, merece ser não só lido, como se tivesse a edição impressa, papel nas mãos, a recortaria e a guardaria junto a tantas outras, para quem sabe um dia, voltar a me encontrar com ela. Tudo que guardo tem esse destino, o faço e nem sei se um dia voltarei a lê-la, mas permanece num cantinho só para elas aqui no mafuá, meu santuário de papéis e letras, uma espécie de oásis nesse império da bestialidade que se transformou o mundo onde vivemos. Eu e meus papéis somos felizes ao nosso jeito, vivemos num mundo a parte. Quem lê, percebe, já vive num mundo a parte, mas quem recorta e guarda papéis, vive num mundo ainda mais apartado que todos os outros. Qual o destino desses papéis todos? Provavelmente a calçada, tão logo bata com as botas. Nem isso me fez parar de juntá-los, assim como ampliar minha coleção de LPs e CDs. Leio para distrair a atenção sobre o que se passa do lado de fora de minha janela, mesmo estando mais do que inserido no contexto da resistência à obtusidade reinante no modelo excludente vigente: https://www.pagina12.com.ar/102459-el-mafioso-amable-de-monte-castro

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