quinta-feira, 1 de março de 2018
PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (125)
ALGO DO PROBLEMA SOCIAL NA FRANÇA E ITÁLIA
Da França conheci só Paris e da Itália conheci umas dez cidades da região Emilia Romana. Na França foram dois dias e na Italia serão quatorze. Falo do que vi e vejo, sem fazer comparações.
Nas ruas da capital francesa, sujeira nas ruas, lixo nas beiradas de estradas e pedintes pelas ruas. A questão social está bem aflorada na capital e refugiados, principalmente negros perambulam pelas ruas, proximidades das estações de metrô, trens urbanos e centros comerciais. Vejo e tento perceber pelo que vejo, algo de uma desilusão, talvez desamparo. Muita gente com aquele ar perdido, sem rumo nas ruas. Fui abordado por alguns pedintes. A gente sente no ar alguma tensão, sinal de coisa não resolvida ou até mal resolvida. Logo na chegada à cidade, num domingo, por volta das 12h, no ônibus circular que nos deixaria no centro me deparo com esse rapaz sentado numa pilastra, ponta de viaduto, cabeça baixa e ar de desamparo. Ana me pede cuidado ao fotografá-lo, mas não resisto, espoco o flash. A imagem me diz muito e escreveria muito sobre ela. Se a primeira impressão é a que fica, ela não me sai da cabeça. A cena se repetiu pelas ruas francesas e o mesmo não ocorre nas ruas das cidades italianas. Muito já li e até assisti em filmes e documentários sobre a situação da periferia dos grandes centros franceses e de uma turba que não consegue se integrar, por não conseguir ou até por não lhes ser permido nada nessse sentido. O viver à margem é algo parecido em qualquer lugar do mundo, na França, guardadas as devidas proporções, muita similaridade com o Brasil.
Como disse, já estive em aproximadamente dez cidades italianas e somente em uma um pedinte se aproxima para pedir dinheiro. Foi na feira de Lugo. Rosangela Mazzotti, nossa anfitriã, me diz algo, cujos políticos tentam também impor no Brasil: "Aqui é proibido pedir esmolas e quem o faz é multado". A minha pergunta será sempre a mesma: "Mas se pede dinheiro é por nada ter e como pagaria uma elevada multa vivendo na miséria...". Os refugiados na Itália estão em abrigos, mantidos pelo Governo e por essas residências serem localizadas no meio de área residencial normal, percebo causarem certo constrangimento em parte da população. Muitos não acham normal eles viverem com tudo bancado pelo Estado. Algo muito parecido com o que ocorre no Brasil. Num estado de anormalidade, o Estado tem que ser compreensivo com os desiguaise em recepcioná-los dignamente. Aplaudo a iniciativa do Governo taliano. As cidades italianas são muito limpas e nas regiões onde estive, pouquíssimo lixo nas ruas. As multas por aqui são muito altas e todos preferem não desrespeitá-las. Não existe nada parecido com nossas favelas e ouço, nem seria permitido. Algo que me intrigou por aqui foi ver, após comentarem e me certificar: poucos italianos se utilizam do transporte urbano, ônibus ou trens. Preferem fazê-lo com seus próprios carros nas pequenas distâncias e quem mais se utiliza desses serviços são os refugiados ou mesmo os imigrantes. Vi isso nos trens, alguns italianos e muitos imigrantes, os sem veículo particular.
São observações feitas sem nenhum aprofundamento sociológico, mas somente o vislumbrado com a sensitividade do meu olhar, em algumas vezes apurado, noutras nem tanto. Valem para o início de uma boa discussão.
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