quinta-feira, 10 de maio de 2018

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (133)


DECIDIDAMENTE, O BRASIL NÃO VAI TER JEITO – E O QUE FAZER? DECISÕES

Somos mesmo um povo bocó de mola. Pelo menos aqui no lugar onde nasci e vivo, a aldeia bauruense, coração geográfico do maior estado da federação, o conservadorismo é regra, mola mestra. Vejo ainda existir os que acreditam em estórias de carochinha e continuam botando fé na soltura do Lula pelas vias normais, via Justiça, STF, crendo que Gilmar Mendes pudesse se transformar no grande redentor da Pátria. Esperavam justo dele, o algoz de tantas facadas nas costas (e outras tantas pela frente, sem nenhum despudor), a ação redentora de abertura do cárcere. Ontem, mais uma vez a constatação da dura realidade e a de que, por essa via, Lulinha Paz e Amor continuará trancafiado até o dia em que sua candidatura não representar mais nenhum risco de vingar e ser a redenção deste país. Bestas acreditam em milagres e a cada revés, tudo cai novamente por terra, mas mesmo assim não ocorre a união para virar essa mesa e sim, logo estão os mesmos renovando esperanças em mais uma possibilidade com algo vindo de quem nos golpeou. Vão continuar esperando sentados.

Eu, cá do meu lado, também cometo meus erros. Insisto em continuar propondo o diálogo com quem já provou por A + B não mudará de lado, mas pipocam nos comentários de meus escritos só para criar caso, em busca de palanque para o ideário da bestialidade. Perco meu tempo, estabeleço diálogo com quem não merece mais nenhum papo. Nessa altura do campeonato, depois de toda a água que já passou por debaixo dessa ponte, vem o sujeito e chama o Lula de “maior corrupto da História”, cego total para todos seus feitos e para a forma como foi julgado e eu ainda fico de conversinha. É dar palanque para a perversidade. Ontem foi com mais uns e esses lotando o espaço reservado para coisa séria, com aquela baboseira cansativa e repetitiva. Cansei e ao acordar hoje, deletei o diálogo travado ontem, pois ao permitir esse jogo com golpes abaixo da linha da cintura estou dando espaço e palanque para detratores venais. E esses vicejam que é uma maravilha nessa terra varonil. Aqui não mais.

E qual a saída? Ela ainda existe? Sei não, ando desconfiado de que nem entre a gente de um dito campo democrático, de esquerda, até então amigos de fé existe mais coesão para prosseguir a contenda unidos. Nem neste momento, quando a viola está mais do que em caco, consigo vislumbrar coesão diante do interesse maior em deletar de vez os fascistas. Percebo que isso não ocorrerá e cada um, isolado ou em pequenos grupos continuarão sua luta nos guetos a nós destinados daqui por diante. Diante deste quadro e sem querer desistir da contenda, nem pedir trégua, muito menos mudar de rumo, já que poucos estão dispostos a tirar o Lula da masmorra curitibana na marra, até por não existir proposta do que fazer com ele quando liberto e na vigência do golpe com ação intempestiva da mídia e do Judiciário, vou é aprofundar meus escritos sobre o que gosto de fazer, o dos desgarrados deste mundo.
Muito cuidado, hoje esquinas e paredes possuem ouvidos...


Viverei mais voltado para esse projeto, numa espécie de exílio dentro de sua própria aldeia, rodeado de algozes, com a faca na bainha, pois as armadilhas continuarão todas muito bem armadas para nos destruir, mas na “tocaia dos desacontecimentos potentes”, onde o “mundo dos importantes me interessam pouco ou quase nada”. Seguirei o que acabo de ler num livro nesta madrugada, o de um porreta historiador carioca, o Luís Antonio Simas, “Coisas Nossas”, muito ligado, como eu, em ser HISTORIADOR DAS IRRELEVÂNCIAS. Tá lá numa frase quase no final o meu mantra daqui por diante: “Na crise do Brasil, a minha rota de fuga é exatamente o mergulho mais intenso no Brasil. Incapaz de outras militâncias, as histórias que conto são essas, de infância e assombrações. Nelas afago meus avós – meu reencontro cotidiano – e as gentes de batuques, marafos e arrelias. A minha turma”.

Eis onde me encontrarão daqui por diante, envolvido com essas miúdas e saborosas coisinhas:
- a cultura da ruas, olhar aos que se encontram longe dos holofotes,
- observando e dando atenção para o que está detrás dos protagonistas,
- muito interessado nas trajetórias de gente comum,
- descortinando soluções de sobrevivência no precário,
- permanecerei na tocaia dos desacontecimentos potentes e
- a minha rota de fuga será sempre o mergulho mais intenso no Brasil, o do seu Lado B.


OBS.: Se houver algum chamado para ir pra lá e para cá, algo fqazendo sentido com o que penso, contem comigo. "Envelheci, mas continuo em exposição...", já dizia meu mestre Aldir Blanc.

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