sexta-feira, 4 de maio de 2018

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (155)


O AMIGO QUE ESBOFETEOU PABLO ESCOBAR*
* Uma historinha para tentar adentrar no clima do final de semana com amenidades na mente.
Eu tenho vários tipos de amigos. Este cujo uma das muitas histórias conto a seguir mora lá no Gasparini, o bairro nas cercanias de Lins e me pedem para declinar da citação de seu nome, pois detesta ser reconhecido e o ter enlameado, ou até mesmo, ser paparicado por causa dos seus feitos. O danado, diziam ter parado de beber, mas de vez em quando tem umas recaídas. E quando o faz é algo sorumbático, onde entorna o caldo com louvor. Fica até chato, pois numa festa, infelizmente, demora para se decidir a começar, mas quando o faz é sempre o último a parar e só para quando acaba a bebida ou depois de armar algumas contendas de final nebulosos.

Essa quem me contou foi meu filho, também morador do pedaço e bom de ouvido. Ouviu e ontem quando fomos jantar um baratinho yakisoba do Bacana’s, ali no comecinho do Bela Vista, aproveitamos para relembrar histórias. Foi quando lhe perguntei se havia assistido a séria da Netflix sobre o mais famoso traficante, não só colombiano como de toda América, do Sul e do Norte, o indefinível Pablo Escobar. Falamos até sobre o mal caratismo do José Padilha sobre a série sobre a Lava Jato: “O que pegou mal mesmo, pai, foi o fato de quando contestado, podia ter sido evasivo, mas se mostrou mal caráter e provou ser mesmo um coxa, ao defender o que fez, mentir descaradamente sobre fato real envolvendo Lula, Dilma e o Jucá. Mostrou seu lado tenebroso”.

Pois bem, falávamos do ator Wagner Moura e do Pablo Escobar, da série que não assisti e assistirei um dia. E me deu outra dica, falou que hoje ainda paga pela Netflix, algo em torno de R$ 34 mês, mas que a Amazon está chegando com tudo, ótima opção e por meros R$ 7,50 mês. Já nem pensarei duas vezes e optarei pela Amazon. Dito isso, vamos voltar para a história que me trouxe aqui hoje, algo para espairecer após dias matutando em como dar o golpe de misericórdia neste que nos governam de forma insana e restabelecer a normalidade no país. Como não cheguei numa convincente conclusão melhor voltar logo pra história do amigo que bebe umas lá no Gasparini. Nesse dia estava pra lá de Bagdá, de Teerã e de Adis Abeba, bebeu e viajou. Ele quando bebe costuma desaparecer, dorme pela aí, até debaixo de arvores pelos arredores do bairro. Desta feita, segundo ele mesmo conta num outro momento, também sob o efeito da bebida, começou a beber e assim do nada o levaram para uma viagem, foi parar num botequim no interior da Colômbia, numa viagem contada em detalhes, muitas paradas e em todas dá-lhe muita cachaça.

Vou finalizar. Estava criando confusão num botequim, já dando uma de macho alfa no estrangeiro quando adentra o local o famoso traficante. Veio assuntar o motivo do furdunço, barulho que estava atrapalhando seus trabalhos na região. Descobre que o desordeiro era o bauruense e vai tirar satisfação. Esse para não perder a pompa o chamou para a briga e desferiu uns bons cascudos no bigodudo colombiano, sob o rarefeito olhar de todos os presentes (isso mesmo, ele diz ter mais de uma dezena de testemunhas). Para adocicar mais a conversa, diz que o cara não é de nada e não aguentou o sarrafo. Mais não contou, nem como terminou tudo, como conseguiu sair vivo de lá, nem como voltou para Bauru, mas o fato é que continua lá pelos lados do Gaspa, cheio daquela vitalidade que só os bebuns possuem. Para os que não acreditam no que diz, disse meu filho, costuma sacar da algibeira um amarfanhado papel, uma espécie de salvo conduto, que abre e lê em voz alta. Um recorte de jornal colombiano de uma briga envolvendo o tal Pablo e um desconhecido num perdido botequim de fim do mundo. Ele não deixa ninguém chegar perto do amarelado jornal, mas o lê por onde conte a história. Terá sido verdade? Como o Pablo já não está mais entre nós para comprovar ou desmentir, a versão do sobrevivente é a que vinga lá pelos bares do Gasparini.

Eu como acredito em tudo o que ouço em bares, principalmente botequins imundos, lugar onde costumo frequentar para desanuviar e esfriar a cabeça quente, achei que existe uma pequena possibilidade de tudo ser a mais absoluta verdade. Muito pequena, mas para quem conhece das viagens propiciadas pela cachaça servida nos bares lá do Gaspa, mais do que possível. O negócio, dizem alguns frequentadores, é medonho e viajar é café pequeno diante de tudo o mais.


Bar sempre foi Cultura, e agora também Turismo.

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