terça-feira, 12 de junho de 2018

AMIGOS DO PEITO (147)


A EXPANSÃO DAS BARBEARIAS, O CORTE DO IMPERADOR E O GIL NA RUA JULIO PRESTES
Imperador no seu reduto.
Há muito queria escrever algo sobre barba, barbudos e barbearias. Hoje o faço e após encontrar uma singular foto do ex-jogador de bola, Adriano, dito Imperador, craque do Flamengo, São Paulo e Seleção Brasileira. Como é sabido, ele vive junto das pessoas no lugar onde nasceu, cresceu e se sente bem, o de uma favela carioca. Encontro isso nas redes sociais:

“Enquanto a nova moda da cidade é a barbearia gourmet que vende cervejas artesanais, passa jogos de basquete, tem barbeiros fantasiados com boinas e suspensórios, preços exorbitantes e o escambau, Didico avisa no instagram que está se barbeando na Vila Cruzeiro com um barbeiro com navalha das antigas e camisa regata "vem cá, meu puto" em homenagem ao Dia dos Pais. O Imperador está sentado em cadeira de plástico, com a cabeça encostada no muro pra facitar a vida do barbeiro. A criança ao lado e o cachorro ao fundo ilustram a cena”, historiador carioca Luiz Antonio Simas. https://www.instagram.com/p/BjxJsyohm87/…
Gil e seu traje de trabalho no seu RITZ.


Cultivo minha barba desde os 30 e poucos anos, quando sai do Bradesco. Lá tinha por obrigação aparar a barba todo dia. Ao sair do banco, nunca mais a fiz e já a envergo há quase 30 anos. Muitos dos meus amigos não me conheceram sem a penugem na cara. E venho fazendo barba, cabelo e bigode em salões variados nesse período. Hoje só faço com o Gilberto Caniatti, esse há mais de trinta anos com uma salão ali na rua Julio Prestes, entre as ruas Araújo Leite e Antonio Alves. Ele mora ao lado e juntou o útil ao agradável, com o salão num pequeno espaço ao lado da garagem da casa. Simples, mas com tudo no devido lugar. Ele, como a maioria dos do ramo é proseador, desses que para de fazer sua barba no meio, segurando a navalha no alto de sua cabeça, tudo para explicar melhor os detalhes do que conversamos. Nunca me representou perigo. Fidelidade canina, pois é desses que chego, sento e não preciso dizer mais nada, ele sabe tudo o que tem que ser feito. E faz, de um jeito que não posso reclamar. Algumas vezes esboço algo como: “Se não der um jeito do visual não lhe pago”. Ele faz a coisa a contento e por fim, quando me vê conferindo o resultado sai com um: “Dei o melhor de mim, mas milagre não faço”. Acabo pagando.

Ele, o Gil está anos luz na frente do cara lá que corta o cabelo do Imperador, pois tem um lugar com telhado para execução de seu trabalho. Mas fiz questão de postar a foto, pois dia desses estava lá nos altos do Jaraguá e numa esquina um cartaz indicando um quintal onde atuava outro no mesmo ofício. Espiei e lá vi uma cadeira simples, uma tolha para colocar no pescoço do cliente e os apetrechos todos espalhados num banquinho do lado. Tudo sobre a sombra de uma frondosa árvore. O serviço do profissional não pude auferir, pois estava de passagem, mas se está lá estabelecido e tentando com isso juntar o necessário para sua sobrevivência, deve ter algum preparo e faço votos que tenha sucesso e siga em frente. E são tantos hoje, sendo uma das profissões que mais se vê novos pontos abertos espalhados cidade afora. A crise obriga as pessoas a abrirem negócios próprios, pois emprego não existindo mais como antes, ou a pessoa se vira ou passa necessidade. Barbearia hoje é como mato na cidade.
HPa e sua barba, cabelo e bigode aos 57, golpeados.


Tenho gosto e preferência pela simplicidade e o fazer bem feito. Tem salões espalhados pelos mais diferentes pontos da cidade e uns que ainda não tive e creio não terei coragem de visitar são os tais gourmets, onde o sujeito entra com um cheiro e sai com outro. Nada contra o refinamento na hora de aparar os pelos da cabeça, mas é que, com os recursos contados, prefiro continuar fazendo com quem tenho confiança e sei, cobra um justo preço, sem arroubos de grande monta. Vejo salões que são verdadeiras boates, com mesas de sinuca, bares ao lado, especiarias variadas para consumo e infinidade de salamaleques, tudo para atrair essa nova onde de barbudos espalhados pela aí. Isso mesmo, estamos diante de uma nova leva de barbudos, desses compridões, pelagem espessa e sentindo o feeling do mercado, alguns transformaram ou criaram o salão no estilo boutique da barba. Até passo um creminho na minha, mas como a mantenho baixa, sem grandes arroubos.

Tudo isso para confirmar: continuarei batendo cartão com o Gil, o baixinho que tem que subir num banquinho para cortar os fios mais desalinhados nos mais grandalhões, mas isso é o de menos. Não sou nada conservador, mas nesse quesito, tô feliz e como os pelos da cabeça rarearam, volto todo mês para aparar os da barba, bigode e uma ajeitadinha no que me resta de cabelos. Em dia de muito calor vou até sugerir pro Gil transferir os trabalhos para o quintal debaixo da goiabeira. A novidade por lá é um pequeno frigobar e se o gajo quiser, tem cervejinha numa temperatura aceitável. Ele também revende produtos variados, tudo para ampliar a renda. Não posso reclamar, expectativas mais que atendidas

TRÊS DIAS DA COPA DO MUNDO - UM TEXTO POR DIA SOBRE FUTEBOL (05)
Por esses dias tem gente escrevendo sobre a Copa do Mundo nos mais diferentes lugares. Hoje seleciono um texto que acabei de ler na edição do mês passado da revista Piauí, maio 2018, um passatempo interessante sobre "a utopia nacionalista-cosmopolita do Mundial em tempos extremos". É o artigo "A COPA É DELES", autoria do Alejandro Chacoff. Chegando o dia e o desestímulo continua... Eis o link: http://piaui.folha.uol.com.br/materia/copa-e-deles/

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