quarta-feira, 5 de setembro de 2018

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (159)


TRISTEZA AO SE DESFAZER DE PRECIOSAS COLEÇÕES – JÁ PASSEI POR SITUAÇÃO SEMELHANTE
Essa quem me contou foi meu filho. Ele estuda e trabalha em Araraquara, num famoso sebo/livraria. Dias atrás ele sozinho na loja, entra um senhor de meia idade, jeito de roqueiro e com uma pesada caixa de papelão nas mãos. Pergunta pelo dono da livraria e ao saber de sua ausência, diz deixará a caixa para posterior avaliação:

- Queria que avaliasse para mim. Dei uma apertada e queria ver se ele não compra essa coleção de LPs. Passo em alguns dias para ver o que avaliaram.

Ele se vai e o filho abre a caixa. Para seu espanto, ali dentro uns 70 discos, coleções inteiras de clássicos do rock, intactas, muito bem conservadas. Desde Led Zepellin, Beatles, Dire Straits, Bob Dylan e tudo o mais. Individualmente valiosos e quando juntos, valor ampliado. Coleção de alguém a gostar realmente desse gênero musical.

O dono do estabelecimento ao tomar conhecimento da coleção fica maravilhado, vê um por um e se depara com um dilema: o que oferecer por tão rica coleção? Não pode oferecer um preço baixo a ponto de ofender o dono do acervo, ainda mais ele numa situação de fragilidade comprovada e nem alto, que não possa pagar.

Eu cá do meu canto, ao ouvir a história contada a mim com riqueza de detalhes pelo filho, calado fiquei e a imaginar a tristeza se abatendo sobre alguém encurralado pela situação momentânea, a ponto de se desfazer de algo tão valioso, guardado por tantos anos.

Já passei por algo semelhante tempos atrás. Sempre colecionei LPs e coisa de uns 15 anos atrás, também num momento de aperto financeiro recebo em casa o dono de um famoso sebo paulistano. Nem me lembro como foi contatado, mas sabendo do que possuía, veio de São Paulo para ver de perto o acervo. Acertamos de me pagar R$ 400 reais e levaria 40 LPs, títulos escolhidos a dedo por ele dentro da coleção. Nem quis ver quais ele levou, só conferindo a quantidade. Se arrependimento matasse, estaria morto.

Até hoje quando saio a procura de algumas preciosidades e não os encontro, lembro que talvez possa estar dentre os tais 40. Aquele Arrigo Barnabé, o Clara Crocodilo ou aquele Aldir Blanc, álbum duplo, selo da gravadora independente Saci. Para reavê-los hoje, pagarei entre R$ 100 a R$ 200. São alguns, dentre tantos outros. Junto as duas histórias e sei a dor que o cara lá de Araraquara deve estar sentindo. Eu me coloco no seu lugar e olho para os lados, sei que histórias como essas são hoje rotina. Os motivos podem ser vários, falta de espaço, mudanças, mas o pior e maior der todos são os tais problemas financeiros. Eles nos encurralam e acabamos fazendo besteira.
OBS.: As duas fotos são meramente ilustrativas.

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