quinta-feira, 27 de setembro de 2018

MÚSICA (164)


TUDO É MÚSICA

01.) A CASINHA COM MUITO VERDE, VASINHOS EM PROFUSÃO, IRRADIANDO HARMONIA E PAZ DE ESPÍRITO - A VIDA PULSA DEBAIXO DO VIADUTO
Eu desço com certa regularidade pelo viaduto João Simonetti, o que liga o centro, rua Treze de Maio até o Bela Vista, praça da Bíblia. Não sigo reto, entro à direita e vou dar na avenida Nuno de Assis. Na descida desse braço do viaduto, todas as vezes olho para baixo e lá uma antiga quadra de esportes, que um dia foi restaurada para uso da comunidade, mas foi totalmente ocupada pelos moradores de rua e hoje é utilizada para outras finalidades. No fundo da mesma foi levantado um garboso barraco, com restos de madeira e de variadas construções. O casebre está lindamente pintado, ao lado um carrinho de pipocas e na frente um cão tomando conta do lugar, espécie de guardião. Ali mora uma família e pelo que se vê do alto do viaduto, de onde paro para tirar a foto que ilustra esse texto, são por demais cuidadosos com o quintal da mesma, repleto de muito verde. O encantamento desse escriba se dá pela enorme quantidade de vasos, todos latas improvisadas como tais e ali frutificando, vicejando para o mundo flores, frutos e tudo o mais que a natureza nos dá e os sensíveis fazem questão de manter em suas casas. Trepadeiras tomam conta do lugar e fazem sombra em dias mais quentes. Respiram o ar proveniente do verde o dia todo e usufruem disso de uma forma magistral. Nada sei dos moradores, mas muito sei das dificuldades todas encontradas pelos moradores de rua e dos lugares disponíveis para levantar e manter suas moradias. A foto me faz pensar, me faz parar no tempo e no espaço. Enquanto minha esposa tenta manter uma pequena artimanha horizontal, uma hortinha na varanda dentro de um apartamento, ínfimo espaço, eis que me deparo com um belo aproveitamento de espaço. Toda vez que ali passo me dá uma incontida vontade de dar a volta, parar o carro ali ao lado do prédio que um dia será o Museu Histórico Municipal, a antiga Estação da Cia Paulista, atravessar os trilhos e ir papear, ver como conseguem manter aquela belezura ali nos estertores do centro da cidade, região degradada e cujos olhos urbanos, na imensa maioria das vezes, os enxergam com repugnância e até asco. Eu vejo a beleza do que fazem e faço questão de escrever disso, desses detalhes, insignificantes para muitos, desprezíveis para outros, mas muito reveladores para mim e outro tanto de pessoas. Arrisquei a pele, parei meu carro em cima do viaduto, corri para o corrimão lateral e cliquei a foto em posição privilegiada. Um jardim, uma área verde, um quintal como poucos, muito bem cuidado e ali, com certeza, pulsando muita vida. Quem passa por ali e não repara na maravilha vicejando lá embaixo sofre avariações provenientes da insanidade desse mundo onde vivemos e sabemos, precisamos consertá-lo, possibilitando a todos usufruir de suas belezas e não somente uns poucos, os que nos exploram, como se dá nos dias atuais. Quem cuida do verde dessa forma como vejo ali devem ser pessoas de uma qualidade sem preço, boníssimas e lindas, por dentro e por fora. Precisamos conhecer esses vizinhos dos trilhos, pois enfeitam essa cidade e assim transmitem algo de bom em nossas vidas.

02.) SHOW “CACIQUEANDO” COM O QUINTAL DO BRAS NO SESC DOMINGO – EU OS CONHEÇO DESDE O COMEÇO, NA BEIRADA DOS TRILHOS DA VILA FALCÃO
Eu tenho uma relação mais que carnal com esse grupo de autêntico samba. Pra começo de conversa conheço o cara que dá nome para o grupo, o ferroviário Bras, um cuja família toda cresceu ali nas cercanias da ferrovia, vila Falcão e no quintal deles o samba rodava, frutificava e vicejava de uma forma grandiosa. Isso atravessou gerações e foi dar certa feita, num momento quando eu atuava lá nas hostes da Cultura municipal e o Ivo Fernandes me aparece apresentando o trabalho deles. Fui ver de perto o que acontecia na beirada dos trilhos, me encantei, contei a história do meu blog e a partir daí comprei a ideia e nunca mais a abandonei. Fiz de tudo e mais um pouco para leva-los a tocar semanalmente junto ao Teatro Municipal, num tempo quando a cantina funcionava e numa parceria entre as partes, chegamos a levar ao local num Carnaval mais de 500 pessoas. O Quintal bombou e encantou. De lá nunca mais pararam de fazer sucesso e eu sempre acompanhando de longe o desenvolvimento da coisa, aquele samba na palma da mão, em volta de uma grande mesa e reunindo a nata do samba da cidade. Os nomes foram se alternando, pois muitos ganharam o mundo. Hoje tem uma Embaixada do Quintal no Rio de Janeiro, o maior reduto deles fora de Bauru, bem juntinho do Cacique de Ramos, a fonte inspiradora do grupo. Eles ser alternam, mas vão e voltam, pois pelo que vejo, uma vez Quintal sempre Quintal. Coisa de amor eterno. Outra coisa que tenho o maior orgulho de ter dado a minha singela contribuição para se firmarem foi no espaço mais que consolidado deles estarem todo dia 01/08, aniversário de Bauru, ali junto aos shows no parque Vitória Régia. Começaram de leve, pedindo espaço, solicitando se dava para ali se apresentarem e hoje, sem eles, a festa não é a mesma. Ou seja, conquistaram pelo talento e arrebatam muita gente por onde estejam. Eu babo na fronha com eles todos, essa rapaziada que toca e canta samba de uma forma mais que contagiante.

De Bauru, o Quintal do Bras traz no repertório grandes nomes do samba que se consagraram no bloco carnavalesco Cacique de Ramos, do Rio de Janeiro. O projeto apresenta interpretações de Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Arlindo Cruz e outros que influenciaram toda uma geração de sambistas. Estão adentrando o SESC Bauru numa vertente de valorização dos músicos locais, onde se firma como protagonistas do palco principal da unidade local o que temos de melhor. O Quintal é coisa mais que boa e pode ser facilmente inserido no rol dos grandes grupos locais.

Segue abaixo link de duas musicas do projeto
https://www.youtube.com/watch?v=XlptUOyyMLY
Quintal do Bras Show Caciqueando
Sesc Bauru
R Aureliano Cardia 6-71 Vila Cardia
as 17Hs
90min de apresentação
Área de Convivência Grátis
Livre

Convido a todos para lá estarem no próximo domingo. E mais: SAMBANDO COLETIVAMENTE A GENTE ESPANTA A BESTIALIDADE CONSERVADORA QUE QUER AVANÇAR PELO PAÍS. NA PALMA DA MÃO A GENTE BOTA PRA CORRER O MEDO E O RETROCESSO.

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