quinta-feira, 25 de outubro de 2018

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (118)


A PRESSÃO É IMENSA PARA ESTANCAR A LIVRE CIRCULAÇÃO DE IDEIAS DENTRO DAS UNIVERDADES – ESTEJAMOS ATENTOS E PREPARADOS

As universidades PÚBLICAS brasileiras sofrem hoje uma enorme pressão para deixarem de ser o espaço de liberdade e debate de ideias. Os novos tempos, capitaneados por essa onda fascista varrendo o país, tornou parcela significativa da população mais conservadora e para se ir nesse “vai da valsa” um pulo. Imagino a pressão sofrida pela direção das universidades públicas quando hoje tentam impedir qualquer tipo de debate em seu interior, ou até mesmo a presença de qualquer pessoa representando uma linha de pensamento diferente da ordem estabelecida pelo golpe de 2016. Os fatos se sucedem país afora e em todos, imagino as pressões sobre suas direções, professores, servidores e mesmo estudantes. A mídia perversa ataca qualquer ato contestatório como sendo permissivos com o “comunismo”, misturando tudo e confundindo ainda mais a mente dos incautos. A onda conservadora invadindo as mentes ajuda a perturbar e desvirtuar toda boa discussão. Na pressão vinda do Governo Federal, dos golpistas de plantão, dos fascistas loucos para calar a voz de qualquer tipo de oposição, de uma mídia sempre a serviço desses insanos hoje destruindo tudo, desde direitos como a verdade dos fatos, as universidades ficam desprotegidas e a mercê de algo varrendo o país de norte a sul, a imbecilidade mental como norma de conduta.

Bauru não podia ficar de fora disso. Mais dia menos dia tudo o que acontece pela aí, acontece aqui, sem tirar nem por. Os exemplos pipocam país afora. Não estão mais deixando acontecer nenhum tipo de debate democrático onde a linha de pensamento que não coadune com a do poder atual possa ser demonstrada. Aquele debate tão comum nas universidades, principalmente as públicas, quando a boa discussão sempre foi abrangente e comportava a todos, ela está por um fio. Aqui algo ocorreu ontem, quarta, 24/10 na Unesp Bauru. Uma simples roda de conversa “Em Defesa das Liberdades Democráticas” ocorreria defronte o espaço da Biblioteca Central. Foi desautorizada, após intensa pressão da rádio Jovem Pan (não seria melhor Velha Klan?) e de seu jornalista (sic), também diretor da emissora, Alexandre Pittoli, após estardalhaço durante boa parte do dia, dizendo entre outras sandices, que se o encontro se consumasse, a universidade estaria “doutrinando” os estudantes. Qualquer pessoa sensata sabe que não é isso o que está em jogo. O buraco é muito mais embaixo. O ato acabou ocorrendo na parte externa da Universidade e no mesmo dia outro evento foi possibilitado (deve ter ocorrido porque ainda não tinham ciência dele), um debate na sala 2A, promovido por estudantes do campus, cujo tema era "o avanço do fascismo e a eleição de Bolsonaro". Ou seja, o campus, tudo nele envolvido, resiste e tenta sobreviver, continuar altaneiro e praticante do “desenvolvimento de vida inteligente” como diz Roque Ferreira num texto publicado pelo facebok sobre o incidente.

Cito o Roque, pois nesse texto denúncia de sua lavra e circulando na internet, com importantes comentários de defesa da universidade, todos merecedores de uma leitura, entendimento e compreensão. Eis o link no “Censura no campus da Unesp”: https://www.facebook.com/roque.ferreira.988/posts/2138339122851508. Entendo e compreendo tudo o que Roque expressa em seu texto, assim como o papel dos professores Juarez Xavier, Dino Magnoni e tantos outros resistindo as investidas do conservadorismo. Esses, devemos sempre ressaltar, fazem o que podem. Vivemos todos sob intensa pressão. Não deve ser nada fácil atuar hoje dentro das universidades públicas diante do atual massacre a elas imposto. Existem em todas elas, alguns indiferentes, outros que já capitularam e até os que mostraram sua verdadeira face, mas ressalto aqui o papel crucial dos tantos resistindo bravamente a todo tipo de investida. Os tempos já se mostram outros hoje, duros e insanos, podendo piorar se Bolsonaro vencer o pleito. Os estudantes precisam sim se organizar e se informarem, nada mais natural. Enfim, seus Diretórios Acadêmicos estão aí para organizar e fazer ferver a coisa no interior de cada campus. Num desgoverno como o de Temer e na beira de outro ainda pior (toc toc toc), o que menos se pode fazer nesse momento é caçar bruxas entre o pessoal resistindo como pode lá dentro. Algo diferente tem que vir de fora para dentro ou partindo de onde a pressão é menos sentida. Esses encontros, debates, proposições precisam vir mais e mais dos estudantes, eles sendo seus atores. E toda vez que algo nesse sentido estiver em curso, ampliar sua divulgação e envolver também a comunidade bauruense. Ampliando o leque participativo, uma tentativa de quebrar a onda conservadora. Todos estamos com a faca no pescoço e sem união, nada mais acontecerá daqui por diante, pois eles sabem muito bem se movimentarem para bloquear as iniciativas populares e de cunho libertário. Unidos seremos sempre mais fortes. A universidade pública é alvo de um ataque sem precedentes na história deste país e não podemos enfraquecer quem ainda luta dentro dela. Não so ela é alvo, como tudo o mais, esse é só a ponta de muitos icebergs hoje espalhados país afora. O ataque é sobre tudo e todos, tenhamos isso bem claro.


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