sábado, 24 de novembro de 2018

MÚSICA (167)


DENTRE MUITAS OPÇÕES MUSICAIS NA NOITE DE SÁBADO, ZIZI POSSI FOI A ESCOLHIDA



O dia de sábado, 24/11 foi realmente auspicioso para quem gosta de botar o bloco na rua e saracotear nas ruas com eventos musicais pelos lados de Bauru. Diria que, “choveu na roseira” em matéria de concentração de eventos dessa natureza. Ótimo, até porque mesmo querendo, quem estava disposto a ir em alguns teve que escolher entre as várias opções. Até na capa no único jornal impresso da cidade, o Jornal da Cidade, a manchete deixava claro: “Final de semana chega com grandes nomes da música em Bauru e região”. Cito o que consegui reunir.


Em Bauru mais uma edição da Virada Cultural e nela Moraes Moreira, ex-Novos Baianos e com inúmeras outras passagens por aqui, inclusive uma onde tocou ao estilo voz e violão num aniversário da cidade. Junto dele alguém que não conheço, Silva, ressaltado pelo jornal como “nova geração da MPB por aqui”. Na mesma virada, mas em Botucatu, Elba Ramalho no sábado e João Bosco, o único que vale a pena, um dos maiores violinistas de nossa terra, no domingo à tarde na praça central daquela cidade e distante 100 km daqui (se não chover forte estamos quase indo). Num outro espaço aqui de Bauru tinha Fábio Júnior e no SESC, às 17h, o violeiro e contador de histórias Paulo Freire. Na vizinha Lençóis Paulista, nos últimos dias do FILLP – Festival Integrado de Literatura quem se apresentava no sábado era Zizi Possi e no encerramento do evento, domingo, Rolando Boldrin.

Ressalto que desses todos, só o show do Fábio Junior foi pago, no mais tudo gratuito. Eu sempre “botei o bloco na rua” e desde o meio da semana estávamos imaginando o que faríamos para estar num desses, escolhido a dedo, o imperdível show de ZIZI POSSI em Lençóis. Uma estratégia foi montada e em primeira instância me lembrei do ex-diretor cultural da cidade, Nilceu Bernardo. Ele nos indicou nomes da atual Cultura municipal, mas quem resolveu de imediato com quatro ingressos foi o jornalista Chu Arroyo, que é daqui de Bauru e mantém por lá o jornal semanal Pedra de Fogo. A intenção era ir em dois carros e na sequência Sivaldo Camargo faz contato com a Secretaria de Cultura de lá e consegue mais quatro. Pronto, tínhamos em mãos ingressos para irmos em dois carros. Uma lista foi montada e como o show teria inicio às 20h, saímos todos daqui por volta das 18h45.

Preencher as vagas não foi nada difícil. Descobrimos de imediato como a Zizi anda bem nas paradas de sucesso dos amantes das boa música. A princípio a escolha se deu pelo alongado tempo sem vê-la por essas plagas, por todos também estarmos curiosos de conhecer o que era de fato a tal FILLP, algo ainda impensável na nossa Bauru e rever o belo teatro deles, o Adélia Lorenzetti (que agora que o Elza Muneratto de Jaú foi fechado, caiu nas graças das boas peças e shows) obra do bauruense Jurandyr Bueno Filho. Escrever de Zizi é chover no molhado, ela continua sendo tudo de bom, ainda mais num momento como o vivido atualmente pelo país, com declarada redução mental dos brasileiros pelas tristes opções feitas nas últimas eleições, preferindo não seguir pelas vias democráticas e se aliando a um declarado fio desencapado, levando o país para uma bancarrota em todas suas opções e possibilidades. Enfim, Zizi continua representando o país que resiste culturalmente ao que é apresentado como Cultura pelo futuro presidente.

Lençóis é logo ali na curva da esquina e ir para eventos como esse em trupe é sempre instigante e aproximante. Da reunião das pessoas, algo sempre a fortalecer os laços de amizade entre os a embarcar nessas aventuras. Pegar estrada é sempre bom, em quase todos seus sentidos e meios. Quando com essa profícua finalidade, algo de imensa monta. Chegamos ao teatro uns quinze minutos antes do início do show, passando antes perla residência do Chu, perto da antiga rodoviária e depois juntando com os demais ingressos reservados e a nossa disposição na correspondente bilheteria. Eles são todos impressos via computador, com códigos de barra e tudo e antes de adentrar o local se fazia necessário validar cada um deles. Um luxo só visto na região nesse local. Ponto para eles nesse quesito e também no primor do local, ainda novo, mas com tudo em cima, sem nenhuma falha detectável. No saguão e no primeiro andar, quase na entrada para o teatro, muitas barracas de editoras e afins, com escritores ainda assinando obras e aquela maravilha exposta por todos os lados, livros e mais livros, na terra que eles difundem com muito orgulho como sendo a “Capital do Livro”.

Tudo numerado e começando quase no horário. Som e iluminação perfeitos e do show ressalto a belezura dela numa memorável noite com Voz e Piano, ao lado de um parceiro de longa data, que a entendia em cada gesto. Estabeleceram entre eles uma parceria que se valia do olhar, do pequeno gesto para o entrosamento se dar por completo. Ela cantou todos seus sucessos e disse num certo momento ter preparado o repertório especialmente para aquela noite, numa cidade cheia de luz e se intitulando como Cidade do Livro. Não sei a idade de Zizi, nem me interessa, mas ela continua radiante e linda, por dentro e por fora, com uma voz grandiosa. Todos cantaram junto com a artista muitas de suas canções, grandes sucessos da MPB, que ela em certo momento disse estar um tanto em baixa, mas o local estava lotado e as letras eram do domínio de todos. Para não dizer que nada foi dito sobre o momento brasileiro, ela numa de suas falas dentre as canções soltou um lindo: “A arte é redentora, especialmente nos dias de hoje”.

Cantamos, nos divertimos, saracoteamos todos um ao lado do outro e com a certeza de ter feito a escolha certa. Outras poderia ocorrer, mas com Zizi todos voltamos pra casa com o coração pulsando mais forte e aproveitando a oportunidade de ver no palco alguém dessas que realmente vale muito a pena todos os esforços para vê-la pessoalmente. A decepção da viagem ficou por minha conta, que como faço sempre nesses momentos, levei três capinhas de antigos CDs dela e o camarim não se abriu ao fim do show. Muitos queriam dar o abraço e aquelas costumeiras palavrinhas de final de espetáculo, mas só eu levei as tais capinhas. Fiquei chupando o dedo e como bom tiete voltei com os mesmos sem os devidos rabiscos. Para completar a noite, na volta para Bauru um pizza e mais papo musical na pizzaria Vila Rica, quando o amigo Roger, pianista dessa cepa dos notáveis bauruenses nos recebe e brinda a todos com o prolongamento da conversa até aquele momento quando bate o sono e todos não aguentam mais. Viver é isso, além de resistir, hoje mais do que necessário, vale muito pelas saídas, escapulidas dadas, escolhas feitas, arruaças e locais visitados. Tudo na vida se dá e somos marcados pelas escolhas feitas. Eis uma mais que acertada no dia de ontem. Viva a boa e pulsante boêmia.

Obs.: Deixo de citar os nomes dos que estiveram na barca a visitar Lençóis Paulista, mas eles todos irão comparecendo por aqui com seus comentários, engrandecendo com seus detalhes a grandiosidade da noite vivida coletivamente.

PARA QUEM AINDA NUTRE ALGUMA SIMPATIA POR CIRO GOMES...

Reproduzo duas missivas publicadas na edição chegando as bancas hoje com Carta Capital, a última publicação semanal decente no mercado editorial brasileiro, atuando dentro da verdade factual dos fatos:

Missiva 1: "A História talvez não diga, então direi. Em 2018, Roger Waters fez mais pela democracia brasileira do que o candidato Ciro Gomes", Marco Henrique N. Granado.

Missiva 2: "Se tivesse ficado aqui e lutado pela democracia, como fez Guilherme Boulos, Ciro Gomes teria uma excelente chance de se colocar como uma opção viável para 2022, mas a perdeu", Tomás Wilson.

O pano cai e não se faz necessário acrescentar nada mais.

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