quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
DIÁRIO DE CUBA (105)
PARA NÃO ESQUECER NUNCA QUE DIA 08 DE JANEIRO FIDEL E REVOLUCIONÁRIOS CUBANOS ADENTRAVAM VITORIOSOS EM HAVANA – UMA FESTA NO RIO RELEMBRA O FEITO
Dia 8 de janeiro é uma data histórica. Exatos 60 anos Fidel Castro adentra Havana com sua vitoriosa revolução em curso. O que veio depois disso confirma ser possível outro mundo bem diferente do que prega o capitalismo. Pelo sim, pelo não, Cuba tornou-se para gerações inteiras um porto mais que seguro, lugar de possibilidades outras, vivência dentro de condições saudáveis para o ser humano. Resumindo, um lugar onde o ser humano é levado em consideração, está acima das tais leis do mercado, do dinheiro e da ganância. Para quem está mais do que enfronhado no mundo capitalista isso de viver com mais simplicidade, um ajudando o outro é algo inconcebível. Da reação de parcela dos brasileiros, a dos insensatos, dá para perceber, pelo trato dado aos médicos cubanos que aqui atuavam de forma humanitária. Nem esses foram devidamente compreendidos e enxotados diante da insanidade onde o mais importante é consumir, acumular e se tornar rico, poderoso e daí, consequentemente, insano, insensível e perdulário. O buraco em Cuba sempre foi mais embaixo e isso incomoda desmedidamente os a defenderem o falido capitalismo.
Diante dessa introdução, cá estou no Rio de Janeiro e convidado por amigos para ir numa festa (ou seria encontro?) para comemorar (ou seria homenagear, lembrar, não deixar passar em branco?) os 60 anos da revolução Cubana. Aceito de cara, mas antes descrevo algo mais disso de onde ainda pisamos para consumir pela aí. Em Bauru, por exemplo, não adianta me convidar para ir em bares na região da Getúlio, point de algo que repudio, pois não vou nem de graça e nem amarrado. Uma amiga já dizia a mim muito tempo atrás: “Boi preto anda com boi preto”. Sim, o que vou fazer na Getúlio se tudo o que abomino está ali juntado? Fujo de lá. E a partir desse exemplo, continuo saindo pela aí, como dizia meu poeta preferido, Aldir Blanc, “envelheci, mas continuo em exposição”, porém cada vez mais seletivo. Ou a gente cria um lugar onde possamos estar ou vamos só em lugares condizentes com a linha de pensamento e ação. Dar lucro para quem me odeia, joga contra os interesses que prego e defendo é o mesmo que jogar contra meu próprio patrimônio. Já discuti muito isso com amigos, sobre a criação de um espaço só nosso, com a nossa cara ou fazer um roteiro em Bauru de onde o arejamento se faz presente.
Juntando o tema dos 60 anos da Revolução Cubana com isso de sairmos entre nós, os pensando e agindo com proximidade de linha de pensamento, nada mais normal. Vou até o bairro de Santa Teresa, rua Aurea 80, num local denominado Raiz do Brasil. Vou de Uber, R$ 8 pratas da Lapa até a ladeira lá no alto do morro. Na chegada, antes de me encontrar com os amigos Claudia Lucíolla e Zé Filho, bato os olhos no lugar, olho para a vestimenta das pessoas, a decoração do ambiente e me certifico de que no Rio, diferente de Sampa ou interior, bastam 5 minutos e já somos amigos de tudo e todos. Ainda mais com afinidade ideológica, outro facilitador. Já entabulava conversas variadas e múltiplas com gente que nunca tinha visto na vida, mas me pareciam amigos de longuíssima data. Tendo Cuba como pano de fundo, amarração pra entrelaçamentos, tudo fluía divinalmente. De um ouvi algo sobre isso: “Quer queiramos ou não, isso aqui é um gueto. Mas o que podemos fazer, como sobreviver sem estar em lugares assim? Eu estou aqui por saber que aqui encontrarei gente com quem papear da forma mais amigável possível”.
Meus dois amigos chegaram e com eles conheci mais duas pessoas, com quem estive até o final da noite. Amizades conquistadas no momento e em questão de minutos, papos próximos e apaixonantes. O rebuliço é uma espécie de congraçamento, algo necessário para a sobrevivência da espécie humana pensante e pulsante, e com conotação pro lado da esquerda. Tirei fotos, bati papo, assuntei sobre as novidades nas barracas dos assentamentos sociais, conheci lideranças, gente com militância de décadas, pessoas buscando, como eu, não se fechar em copas e perder o bonde. Todos ali em busca de algum alinhamento, uma convergência a nos unir, fortalecer e na resistência buscar formas de propor algo, encaminhar soluções e propostas para sobrevivência e saída do país com essa cruel e insana vertente conservadora querendo tomar conta de tudo. O que vi ali é a resposta, uma delas, para deixar bem claro existirem sempre muitas saídas. A proposta do lugar, o Raiz do Brasil é alvissareira e já a transporto para minha aldeia bauruense. E por que não algo assim lá em Bauru? Se não como vi aqui, num hostell, um bar, uma comunidade ativa, um espaço coletivo com amplas possibilidades, mas se não fixo, algo coletivo e ocorrendo em locais e datas previamente agendadas. Levo a proposta daqui para lá e tento junto aos meus ver meio de implantar isso coletivamente, pensando junto com tudo o que resiste hoje.
Do encontro, algo me marcou. Uma senhora sobre num banquinho, sem microfone, pede silêncio e o burburinho se aquieta. Todos querem ouvi-la, eu gravo a sua fala. Fala da importância de todos estarem ali, ressalta dos motivos, lê um manifesto sobre a chegada de Fidel e os revolucionários em Havana, infla o ânimo de todos e também diz da presença de um representante da Venezuela e da importância da presença no escritório daquele país, na quinta, final tarde, centro do Rio, quando da posse de Maduro e do respaldo para mais um Governo se iniciando. Não existe nada a esconder, nada secreto, tudo límpido, claro e transparente. O lugar é a cara dos presentes e algo chama minha atenção. Na entrada peguei uma comanda e nela fui marcando meu consumo, sendo que na saída, não existe ninguém para conferir se pagou ou não, pois isso é o normal, o que qualquer um deve fazer e faz. Não tem gente te vigiando, ou seja, quem vem num lugar desses deve no mínimo ter a consciência de ser generoso e sincero com tudo e todos. Os papos rolaram até tarde, o mojito estava ótimo, a comida cubana idem, a música em som ambiente era cubana, nos trajes algo que vi estampado na campanha do 2º turno do Haddad, uma possível união de segmentos variados. E de tempo em tempo, um Lula Livre soando soberanos pelos ares. Enfim, daqui por diante, para não se aborrecer mais do que já estamos, nada melhor do que ser e estar em lugares como esse astral daqui por diante. Além da resistência necessária, nada como me divertir entre quem ao menos tenha a sensibilidade como norma de conduzir suas vidas. Feliz dentro das possibilidades do momento.
Conheça o projeto Raízes do Brasil de Santa Teresa:http://www.raizesdobrasil.org.br/ ehttps://www.facebook.com/raizesdobrasilrj/. E meu vídeo:https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/2467335699963091/.
a comunistada toda tomando heineken? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirvcs são todos capitalistas opressores. kkkkkkkkkkk
A gente toma o que quiser e tiver no lugar onde estivermos. Peito aberto, sem medo de se expor, bem diferente de ti, um anônimo, cagão até para se identificar num simples post nas redes sociais. Não perco tempo em discutir com gente como tu...
ResponderExcluirHenrique - direto do mafuá
A REVOLUÇÃO CUBANA COMPLETA 60 ANOS
ResponderExcluirFrei Betto
1º de janeiro de 2019, 60 anos da Revolução Cubana. Quem diria? Para a soberba dos serviços de inteligência dos EUA a ousadia dos barbudos de Sierra Maestra, ao livrar Cuba da esfera de domínio de Tio Sam, era um “mau exemplo” a ser o quanto antes apagado das páginas da história. A CIA mobilizou e treinou milhares de mercenários e Kennedy mandou-os invadir Cuba (1961). Foram vergonhosamente derrotados por um povo em armas. E, de quebra, a hostilidade da Casa Branca levou Cuba a se alinhar à União Soviética. O tiro saiu pela culatra. Mexer com Cuba passou a significar aquecer a Guerra Fria, como o demonstrou a crise dos mísseis (1962).
Tio Sam não botou as barbas de molho. Transformou cubanos exilados em Miami em terroristas que derrubaram aviões, explodiram bombas, promoveram sabotagens. E investiu uma fortuna para alcançar o mais espetacular objetivo terrorista: eliminar Fidel. Foram mais de 600 atentados. Todos fracassados. Fidel faleceu na cama, cercado pela família, em 25 de novembro de 2016, pouco antes de a Revolução completar 58 anos. Havia sobrevivido a 10 ocupantes da Casa Branca que autorizaram operações terroristas contra Cuba: Eisenhower, Kennedy, Johnson, Nixon, Ford, Carter, Reagan, Bush pai, Clinton e Bush filho.
Fracassada a invasão da Baía dos Porcos, impôs-se o bloqueio a Cuba (1961). Medida criticada por três papas em visita a Havana: João Paulo II (1998), Bento XVI (2012) e Francisco (2015). Porém, a Casa Branca não escuta vozes sensatas. Prefere se isolar, ao lado de Israel, a cada ano em que a Assembleia da ONU vota o tema do bloqueio. Pela 27ª vez, em 2018, 189 países se manifestaram contra o bloqueio a Cuba.
Com a queda do Muro de Berlim e o desaparecimento da União Soviética (1989), os profetas da desgraça prenunciaram o fim do socialismo cubano. Não falharia a teoria do dominó... Equivocaram-se. Cuba resistiu, suportou o Período Especial (1990-1995) e se adaptou aos novos tempos de globalização.
Muitos se perguntam: por que os EUA não invadiram Cuba com tropas convencionais (já que os mercenários foram derrotados), como fez na Somália (1993), Granada (1983), Afeganistão (2001) e Iraque (2003), Líbia (2011), Síria (2017), Níger (2017), e Iêmen (2018)? A resposta é simples: uma potência bélica é capaz de ocupar um país e derrubar-lhe o governo. Mas não derrotar um povo. Esta lição os estadunidenses aprenderam amargamente no Vietnã, onde foram escorraçados por um povo camponês (1955-1975). Atacar Cuba significaria enfrentar uma guerra popular. Após a humilhação sofrida no Sudeste Asiático, a Casa Branca prefere não correr o risco.
Por que Cuba incomoda a tantos que associam, indevidamente, capitalismo e democracia? Porque Cuba convence as pessoas intelectualmente honestas, que não se deixam levar pela propaganda anticomunista fundada em preconceitos, e não em fatos, que, apesar de toda a campanha mundial contra a Revolução, na ilha ninguém morre de fome, anda descalço, é analfabeto com mais de 6 anos de idade, precisa ter dinheiro para ingressar na escola ou cuidar da saúde, seja uma gripe ou uma complexa cirurgia do coração ou do cérebro. No IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU, que abrange 189 países, Cuba ocupa melhor lugar (68º) que a maioria dos países da América Latina, incluído o Brasil (79º lugar).
Enquanto o capitalismo enfatiza, como valor, a competitividade, a Revolução incute no povo cubano a solidariedade. Graças a isso Cuba despachou tropas, nas décadas de 1960 e 1970, para ajudar nações africanas a se libertarem do colonialismo europeu e conquistarem sua independência. Raúl Castro foi o único chefe de Estado estrangeiro a ter direito a discursar nos funerais de Mandela, porque o governo da África do Sul reconheceu a importância da solidariedade cubana para o fim do apartheid.
continua
continuação
ResponderExcluirGraças à solidariedade, professores e médicos cubanos se espalham por mais de 100 países, trabalhando nas áreas mais pobres e remotas. E graças aos princípios éticos da Revolução, em Cuba não se vê famílias debaixo de pontes, crianças de rua, mendigos estirados pelas calçadas, cracolândia, máfias de drogas. Os delatores da Odebrecht denunciaram todos os agentes públicos corrompidos nos países da América Latina nos quais a empresa atuou. Menos Cuba, onde ela construiu o porto de Mariel. Algum delator quis defender Cuba? Óbvio que não. Apenas nenhum cubano se deixou corromper.
O povo cubano chegou ao paraíso? Longe disso. Cuba é uma nação pobre, porém decente. Apesar do bloqueio e de todos os problemas que ele acarreta, seu povo é feliz. Por que então muitos saem de Cuba? Ora, muitos saem de qualquer país que enfrenta dificuldades. Saem da Espanha, da Grécia, da Turquia, do Brasil, da Venezuela e da Argentina. Mas quem sai? De Cuba, aqueles que, contaminados pela propaganda do consumismo capitalista, acreditam que o Eldorado fica acima do Rio Grande. Os mesmos que se regozijam com a emigração de uns poucos cubanos jamais se indagam por que nunca houve em Cuba uma manifestação popular contrária ao governo, como acaba de ocorrer na França (jalecos amarelos) e também recentemente na Tunísia (2011), Egito (2011), Turquia (2016), e anteriormente nos EUA (Seattle, 1999).
Haveria um Cuba soldados ou guardas em cada esquina? João Paulo II declarou que lhe chamou a atenção não ver veículos militares nas ruas ao visitar Havana, como observou em tantos outros países. A maior arma da resistência cubana é a consciência da população.
A Revolução Cubana comemora 60 anos! É muito pouco para um país triplamente ilhado: pela geografia, pelo bloqueio e por ser o único da história do Ocidente a adotar o socialismo. E quando os cubanos comemoram, não olham apenas para o passado de tantas gloriosas conquistas entre muitos desafios e dificuldades. Inspirados por Martí, Che, Fidel e Raúl, os cubanos sabem que a Revolução ainda é um projeto de futuro. Não só para a Cuba, mas para toda a humanidade, até que as diferenças (idioma, cultura, sexo, religião, cor da pele etc.) não sejam mais motivo de divergências, e a desigualdade social figure nos arquivos de pesquisas apenas como uma abominável referência histórica, como é hoje a escravatura.
Longa vida à Revolução Cubana!
Frei Betto é escritor, autor de Paraíso perdido – Viagens pelo mundo socialista (Editora Rocco), entre outros livros.
Tenho apenas dó das famílias das milhares de pessoas que foram mortas pelos assassinos e estupradores guevara e castro. Quem gosta e defende assassinos realmente são sociopatas.
ResponderExcluircaro anônimo, cagão em se identificar:
ResponderExcluirGuevara hoje não concordaria com essas injustiças todas praticadas contra o ser humano e lutaria bravamente para eliminá-las, se preciso for, "requalificando" os desalinhados, ou melhor, os que maltratam o povo em benefício próprio. Se faz isso, deve mesmo se borrar de medo de gente como Guevara, pois ele não perdoava quem traia interesses populares para ter benesses particulares. Te cuida, pois ainda estamos na ativa. Eu e os libertários deste mundo não defendemos assassinos, na verdade, somos contra os que assassinam e represam o povão de se soltar de suas amarras e viver a vida intensamente e livres. Você deve ser só um mero boi de piranha, desses que defendem o lado contrário, traem os interesses populares para se posicionarem ao lado dos algozes deste mundo. Traidores de classe, os piores de todos. Fique atento...
Henrique - direto do mafuá