segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (109)


VIAJEI E PERDI A MAIS IMPORTANTE REUNIÃO OCORRIDA ONTEM EM BAURU - E QUE TAL OUTRA?

Eu viajei preocupado, pois mais importante que tudo hoje acontecendo na cidade, está em jogo o destino de mais de 650 famílias, aproximadamente 3 mil pessoas com real possibilidade de serem despejadas se for efetivada a despropriação das terras onde hoje se encontra o Assentamento Cannã. Na manhã de domingo várias entidades ligadas ao respeito pelo que os movimentos sociais fazem de bem para o país estiveram reunidas e traçando os próximos passos. Foi o acontecimento de maior envergadura na cidade neste último final de semana.

Me digam com a maior sinceridade, existe algo mais importante neste momento do que o destino que será decidido para esses bauruenses? Podem listar reuniões e reuniões, mas nada chega perto do que ocorre nos arredores de Bauru, quando foi ali estabelecido algo a reunir gente de diferentes lugares e matizes, todos em busca de uma morada para chamar de sua. Com o aval do prefeito Clodoaldo Gazzetta ali se estabeleceu um verdadeiro e original núcleo residencial, nascendo a partir daí o mais novo bairro da cidade. Quem ali já esteve sabe muito bem o que estou afirmando, pois além das residências, uma vida orgânica cheia de empolgação, criatividade e gás ali se levantou. É de uma insensibilidade tamanha alguém pensar em colocar abaixo aquilo tudo.

A história desta cidade deve ser também contada através de suas grilagens ao longo de décadas de usurpação e descalabro. Muito conhecida e pouco divulgada como foi de fato criado o Residencial Condomínio Villagio, o mais famoso de Bauru, levantado quase junto aos trilhos que saem de Bauru pela antiga Sorocabana. Muito antigamente aquilo tudo eram terras federais e elas nunca foram negociadas de papel passado, mas hoje estão mais que legalizadas, de papel passado e tudo. Para os que ousam contestar essa afirmação, peça para eles mostrarem as escrituras de compra daquela área. Impossível isso ser feito. Escrevo isso para tentar demonstrar como muito de nossa história permanece oculta, ou melhor, encoberta, jogada pra debaixo do tapete.

Volto para o Cannã e algo me diz ter ocorrido ali, ou uma coincidência ou o destino é mesmo muito cruel para os desvalidos. Nunca li em lugar nenhum sobre a história real do passado das terras onde hoje está levantado o Cannã. Essa história vai longe e hoje quem detém o documento final sobre o destino dessas quase mil família é o ex-vereador José Parreira de Miranda. Pelo sim, pelo não, toda decisão passa pela aceitação desse agente imobiliário muito conhecido na cidade. Um acordo foi feito com ele, desfeito, refeito e hoje, pelo que se diz, tudo desacordado. A Prefeitura para manter o bairro em pé teria que desapropriar não seus moradores, mas a área e ali peitando tudo o mais, interesses de toda ordem, corajosamente dizer em alto e bom som: a moradia será garantida. O prefeito vai ter que ter peito, pois muitos o instigam para agir exatamente o contrário.

Não vou me estender sobre o imbróglio e das razões ocultas, sem praticamente nenhuma divulgação pela mídia local, pois não é esse o momento de acirrar ânimos e sim, de colocar todos sentados numa mesa de negociação e resolver definitivamente a questão. Esperança é a última que morre, diz o ditado popular. Acreditar até o fim, esse o lema dos moradores do local, mas paralelo a isso, uma negociação e neste domingo, mais uma rodada de conversa e propostas concretas de ação conjunta. O papel da mídia neste momento é ir entrevistar o Parreira e perguntar para ele qual a solução segundo seu ponto de vista. Não fizeram e nem vão fazer isso, mas os moradores podiam se reunir diante de seu escritório e buscar algo vindo dele. Do prefeito, quem sabe quando colocados frente a frente saia algo de produtivo. Separadamente creio que tudo estará empacado. Tudo é questão de dinheiro, muito dinheiro, mas para qualquer sensato administrador público, as questões de uma cidade vão sempre muito além disso. 

Eu perdi a reunião no Cannã, outras virão. Fica aqui registrada uma sugestão. Pensemos nelas e em outras tanto.

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