sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

ALGO POR AÍ (117)


QUANDO FORA DO PAÍS, A GENTE DIVAGA UM POUCO E FICA SEM TEMPO PARA OUTROS ESCRITOS

1.) FOMOS VER O BIG BAND E O ENCONTRAMOS EMBRULHADO, DAÍ CIRCULAMOS POR UMA MANIFESTAÇÃO CONTRA O BREXIT

Descemos do metrô na boca do famoso relógio inglês, mas nada dele. Olho para todos os lado e nada. Do outro lado da praça uma estátua do Churchill olha para nós. Pergunto a ele sobre o relógio e sua resposta: "Está em restauro. Se derem a volta na praça, um dos relógios está à mostra". Tiramos fotos com outros líderes ali na praça passando muito frio, um com bosta de pombo na testa e na volta junto ao Parlamento, eis uma manifestação contra o Brexit. Das faixas, cartazes e gritos deu para sentir entre os ali presente, um arrependimento pela intempestiva saída, sendo discutida meio que aos gritos lá no interior da Casa de Leis deles. Frio só aqui fora, lá dentro a temperatura está altíssima. Atravessamos a ponte do Tâmisa, compramos lembrancinhas e fico a ver como alguns conseguem permanecer sentados nos murados, beirada do rio, com um vento frio e cortante, desses a me fazer permanecer encolhido e contido. Bebemos uma e seguimos adiante, tudo pelo calorzinho interior. Além das visitas aos museus, monumentos, pontos turísticos, as andanças é sempre o que de melhor existe. A rua é sempre mais que ótima. Estamos seguindo fielmente um guia a nós preparado com afinco pela amiga Luciana Franzolin, que perdeu horas para que tivéssemos dias após dia, algo diferente por essas plagas. E temos gostado muito...

2.) UMA IDEIA LONDRINA PARA NÃO NOS ESQUECERMOS DOS TIPOS POPULARES DE BAURU - PILARES DA COMUNIDADE
Eu mais do que ninguém sei que não se é preciso vir pra Europa para ter ideias brilhantes ou mesmo bolar algo com viés participativo. Tudo está tão aí bem pertinho da gente, mas não me furto de reproduzir belas ideias, quando as vejo espalhadas pela aí e funcionando a contento. É o que presenciamos, eu e Ana Bia Andrade, logo depois da passagem do rio Tâmisa e quando estávamos procurando o túnel com grafittes. Debaixo de uma marquise, num prédio tomando o quarteirão, fotos em tamanho natural e com pequeno texto de apresentação das pessoas. Amei logo de cara e já as vejo para algo sendo idealizado na aldeia bauruense com os Personagens Lado B, os que realmente movem e fazem coisas divinais pela Bauru. Nada de figurões, de representantes da elite local, os tais "forças vivas", mas os tipos populares. Olha que ideia fantástica e aqui colocada em prática. Vou ler com mais afinco e vejo serem pessoas representativas de uma Colégio nos andares de cima do prédio, pelo que percebo de cunho religioso, mas representando os que, literalmente colocam a mão na massa e não os que vivem dentro do ar refrigerado e observando tudo do alto. Posto as fotos desta calçada londrina para exemplificar o que pode ser feito pelas ruas bauruenses. Algo a ser pensado, repensado e indo à busca de condições para sua execução.

3.) UM ARQUITETO INGLÊS E SEUS TRABALHOS PARA O SOCIAL
Enquanto Ana se deliciava no THE DESIGN MUSEUM eu viajei por uma exposição ali em curso sobre o trabalho desenvolvido na Inglaterra por um famoso arquiteto, todos em construções sociais para comunidades sem grande poder aquisitivo. Ouço na entrada da exposição ser esse profissional um dos que atuam com bastante desenvoltura no quesito residências para grupos, cujas posses são baixas. O interesse cresce e vou espiar e fotografar. Trata-se da exposição PETER BARBER: 100 MILE CITY AND OTHER STORIES. Fotografei algo mais com uma breve explicação de sua obra e esse lado social. Olho muito para todos os lados nas andanças por aqui, o que me faz regularmente tropeçar e ser motivo dos risos da companheira Ana Bia Andrade, porém como não parar para dar atenção numa caminhada para um homeless vendendo seu jornal ou um pedinte com um cartaz suplicando e um potinho esticado em minha direção? Não me questionem por não mostrar os museus todos onde estamos viajando, mas isso todos sabem que iríamos estar. O que me interessa nessas amostragens feitas aqui é ir além disso, é esse olhar pelas ruas, algo ainda sendo descoberto e desvendado por esse intrigante caixeiro viajante.

4.) DESENHANDO BANDEIRAS DOS PAÍSES NA CALÇADA DA PRAÇA - VEJAM O VÍDEO
Cada um encontra um meio de conseguir tocar a vida, sobreviver e para isso dá seus pulos. Hoje constatei um que faz algo maravilhoso na calçada da imensa praça defronte o National Gallery, aqui em Londres, o colombiano Adrián. Usando de sua verve com o traço ele mantém um espaço só seu naquela praça, onde com o tempo decorou as bandeiras dos mais variados países do mundo. As pessoas vão passando ao seu lado e ao saber a procedência, ele desenha a bandeira do seu país e algumas moedas são depositadas ali na sequência. Faz isso o dia todo, curvado ali na praça, sob uma espuma dobrada aos joelhos. Simpático, decorou um "obrigado" em cada língua e assim, ganha a vida e toca sua vida. Dissemos ser do Brasil, ele desenhou nossa bandeira de cabeça, sabia até o escrito no meio da bandeira, tudo, as estrelas, cores. Trocamos um belo abraço. Essas pessoas me encantam por onde passo. No vídeo ele desenhando nosso mapa. Não sei direito porque, mas ao vê-lo me lembrei de Carlos Latuff, um desenhista como poucos, conhecido mundialmente, alguma semelhança no olhar, nos gestos, no jeito de empunhar o instrumento de trabalho, um o giz, outro o lápis.
Eis o link do vídeo: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/pcb.2503571829672811/2503575083005819/?type=3&theater. 

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