PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (137)

SEM TOLERÂNCIA PARA OS VENDIDOS...

Saio com a Ana de um dos museus, esse específico da tumba de Napoleão, atravessamos a imensa venida e adentramos um bar/restaurante. Sentamos, escolhemos a comida e bem na nossa frente uma mulher sózinha, cara de indígena. Digo a Ana: "Ela é latina". Ana retruca: "Mas como você sabe, pode ser filipina?". "De jeito nenhum, seu traço é de indígena dos Andes, boliviana, colombiana, argentina, chilena, por aí", digo. Momentos depois a mulher selevanta para ir ao banheiro, passa diante de nós e lhe dirijo a palavra: "Você é latina, não?". Ela já nos tinha descoberto brasileiros e para para conversar: era argentina. Começamos a conversar sobre o pouco que sei de seu país, ela professora de nível médio e universitário e logo no começo do papo já percebo, ela é de centro, de direita, pois retruca em algumas considerações feitas. Pra começo de conversa, não imagino uma descendente de indígena a defender Macri, dizendo bem do seu desGoverno, diante de uma Argentina destriçada e com os preços todos pela hora da morte.

Digo de Lula, dele ser preso político e cito Milagro Sala, outra presa em idêntica situação. Ela me diz ser da mesma região de Milagro, Jujuy, porém faz críticas ao papel dos indígenas, gente como ela, algo inimaginável para mim. A comida chega e ela não para mais de falar, porém já perdi a paciência. Começo a comer e deixo Ana tentando se livrar de inconveniente pessoa. Se pego num lugar desses uma pessoa oriunda da elite e ele vem com um discurso desses, tolero, entendo, pois é o seu lado, o do que defende dentro da luta de classes, mas gente que é penalizada e defende seu algoz, minha tolerância é zero. A gota d'água veio quando lhe digo, por ser de Jujuy, sobre o desaparecimento de Santiago Maldonado e da defesa dos provenientes da luta campesina. O que ouvi dela me fez estarrecer, pois chega a afirmar que esses, alguém como ela, com os traços na fisionomia são os invasores. Nossos países estão na nhaca de hoje por causa de gente com essa mentalidade, gente oriunda do povo e a defender o que lhe crava a faca. Não vi a hora de me desvencilhar a incomoda argentina. Não fui deselegante, mas ela falava sózinha e já não lhe dava nenhuma atenção. Desprezo para com esses.

DIANTE DO QUADRO DO LOUVRE A REVOLUCIONAR NOSSAS JUNTAS E FERMENTAR O CÉREBRO PENSO EM ALGO QUE LI AINDA HOJE:

- "Só vão cumprir as leis quando estiverem com medo do povo nas ruas. Não haverá mudança concreta e Lula não será solto se não houver manifestação popular", Frei Chico, irmão de Lula, após visitá-lo em Curitiba, dias após seu outro irmão ser enterrado sem que o ex-presidente pudesse vê-lo.
- "MEMÓRIA, 1969 - A única maneira de libertar os presos políticos, foi sequestrando o embaixador dos Estados Unidos", jornalista Alberto Villas.

BOICOTE - TEXTO DESABADO DE TATIANA CALMON

Deixei de frequentar alguns lugares, não por que o proprietário votou no Coiso, e sim pelo proprietário ou sócio se comportarem de forma que coloca em risco, a minha integridade, ou daqueles que amo.
Eu não ia no Habibs antes do golpe que eles apoiaram, para piorar, teve também o assassinato de um menino de 13 anos, continuarei a não frequentar.
Na Riachuelo, não ia mais desde as primeiras denuncias de trabalho escravo. Quando me dizem que tem promoção na loja, automaticamente vem em minha mente, mulheres trabalhando como escravas, com jornadas de ate 18 horas. A promoção é de pele humana.
Havan, se fui duas vezes, foi por curiosidade mesmo, e que me lembre apenas uma vez dei meu suado dinheiro pro dono desta rede, Alias, nem era meu dinheiro, foram doações para que eu comprasse presente para crianças.

O Paulistão fechou você viu? Pra mim fechou ha anos, desde que agrediram um negro o acusando de roubarem um chinelo.
Os exemplos citados são de grandes empresas, mas, meu boicote não se restringe a elas.
Ha alguns anos deixe de frequentar um mercadinho perto de casa, pela postura grosseira do proprietário, que sempre que me via entrar, fazia piadas de mal gosto com os petistas, com o Lula, com Dilma e outros. Avisei, por várias vezes que a brincadeira era desagradável, até que um dia, fiz um sonoro discurso, e deixei a compra la. Nunca mais voltei. Se estou a pé, chego a mudar de calçada para não ver a cara do dono.
Esses dias me perguntaram por que nunca mais fui almoçar, num local perto do meu trabalho, já que eu ia sempre. Disse que não fui por me sentir profundamente ofendida pela posição de um dos donos, que ao me ver pagando a conta, começou a falar alto: minha bandeira nunca será vermelha e que tava na hora de muita gente mudar pra Cuba. Outra fez, fiz discurso, falando tão alto quanto ele, que meu dinheiro tinha cor sim, e que seria a ultima vez que ele veria a cor do meu. Nunca mais voltei.
Uma sorveteria que eu ia sempre, também não me viu e nem verá mais. Me senti profundamente ameaçada, quando no dia da eleição (segundo turno) fui atendida por uma pessoa fantasiada de militar... Uma clara defesa da ditadura e de tudo que ela representa; O sorvete esquentou e derreteu, Fui embora para nunca mais voltar la...
Dias desses fui ver uma amiga cantar. Entre os músicos, um de extrema direita, que faz discurso de ódio e que ganha dinheiro cantando Chico, Caetano. Quando era ela a se apresentar eu curtia, dançava e cantava, quando era a vez dele, eu simplesmente me sentava e ficava de costas, se alguém percebeu ou não, não importa, Mas, aquilo que cansou e fui embora mais cedo... Da próxima vez, analiso melhor os nomes e se essa figura estiver, nem vou....
Ahh, dirão alguns, você não ir, o boicotar, não faz diferença nenhuma pros donos, os outros continuarão a frequentar..
Fia, faz diferença pra mim.
Sou eu e os meus que conto nessa bagaça.
Logo, não vou e penso que muitos deveriam fazer a mesma coisa, mas cada um sabe de si.
Sei de mim e não dou um passo ao lado de quem quer me destruir.
Saudações sinceras.