terça-feira, 16 de abril de 2019

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (63)


A UBERIZAÇÃO DO MUNDO – CONVERSAS PELA AÍ

Nas utilizações que faço do UBER aqui em Bauru, conversando com motoristas, nenhum deles consegue pagar a Previdência ou algum plano de Privado. Nada, o que fazem é sobreviver, num mundo onde cada vez os empregos assalariados estão escassos, raros e remunerando cada vez menos. A capacidade do poder público oferecer proteção ao trabalhador contra sinistros e a velhice tem diminuído e a tendência, com a aprovação da reforma como proposta pelo desgoverno de Bolsonaro & Cia é agravar ainda mais o problema. O empregador/empresário brasileiro e também latino americano aproveitando-se do sucateamento proposto pelos governos neoliberais nadam de braçada, pois os direitos trabalhistas foram suprimidos, consequentemente a carga tributária cai sensivelmente, ou seja, o patrão recolhe menos, ganha mais e o empregado está cada vez mais desprotegido. No geral esse é o que está em curso no mundo atual, incentivado por Governos desleais para com os interesses populares e das classes trabalhadoras, apoiados por uma mídia massiva a defender a minoria dominante.

Tenho muitos amigos que, sem o trabalho no UBER estariam hoje num mato sem cachorro. Entraram nele como uma tábua de salvação, mas estão cientes de que, algo está errado e o futuro cada vez mais incerto. Se o carro quebra, o custo é somente deles, pois a entidade UBER se isenta de tudo, isso documentado quando do ingresso no modal de trabalho. Se ficarem doentes e impossibilitados de trabalhar, não estarão cobertos e garantidos. Para muitos é o que apareceu e se dão por contentes por estarem trabalhando, pois do contrário, ouço de alguns deles: “O que estaria fazendo nesse momento não fosse isso?”. Trata-se de um problema de grandes proporções, pois os trabalhadores além de estarem praticamente à margem de coberturas garantidoras de um futuro mais tranquilo, pois é como se trabalhassem por conta própria e muitos deles com precárias inscrições de CNPJ, empresas com reduzida contribuição para Previdência. Ou seja, tudo reduzido, tudo piorado, essas as condições propostas pelos empregadores desses novos tempos, os apostando ser isso a tal da “modernidade”.

Dou exemplos de algo que acabo de ler no melhor jornal impresso do nosso mundo, o diário argentino Página 12, em duas matérias sobre um novo formato já em vigor naquele país, no sistema de entregas rápidas, onde os trabalhadores se desdobram para atender o mais rápido possível, pois são penalizados se ultrapassarem um certo tempo e da mesma forma, trabalham sem quase nenhum respaldo de direito trabalhista a lhes defender. Um regime beirando a semiescravidão. Eis os dois textos publicados em 14/04, domingo último e merecendo leitura e entendimento da real situação para onde está sendo levado o trabalhador com a crueldade imposta pelo neoliberalismo. PRECARIZAÇÃO LABORAL MATA:https://www.pagina12.com.ar/187321-la-precarizacion-laboral… e UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: https://www.pagina12.com.ar/187232-uberizacion-del-trabajo. Exatamente o que se passa na Argentina é o que já se passa por aqui e se ainda não no mesmo grau de intensidade, isso com desgovernos como os atuais, onde nada é feito em prol dos trabalhadores, isso é mera questão de tempo. Diante de tudo o que se vê sendo sendo feito, a pergunta que não quer calar, o avanço desmedido de empresas, nenhum nacional, todas essas sendo geradas de algum grande centro capitalista e fugindo das regras e leis locais, ficaremos quietos e vendo a banda passar? Quando forem se dar conta, com certeza, será tarde demais. Apoiar regimes como os de Bolsonaro e Macri resulta nisso, perda de direitos e cada vez mais salários achatados, mato sem cachorro. Aprovar a reforma da Previdência como se apresenta é só mais um degrau na degradação pela frente.

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