domingo, 28 de abril de 2019

UM LUGAR POR AÍ (121)


VOTARAM NO DECLARADO MILICIANO, EIS O RESULTADO – CASO DE UM ATÉ ENTÃO PARAÍSO NOS ARREDORES DO RIO DE JANEIRO

Casal amigo carioca, ambos moradores da região do Largo do Machado, ele atuando nas hostes de um empresa de criação de marcas, ela administrando os bens herdados da família, resolveram investir o acumulado ao longo dos anos em algo numa região, até então considerada por eles como paradisíaca, a de Saquarema. Escolheram bucólico lugar, uma espécie de distrito junto ao local e ali levantaram uma empresa com a cara de ambos, uma padaria gourmet, refinada e seguindo padrões de cafés com grife, pães artesanais, atendimento diferenciado para quem se predispõe a dar uma parada, sentar e curtir um lugar aprazível.

Alugaram um imóvel no local, tendo ao lado uma farmácia e outros pontos comerciais. Promoveram toda a reforma e abriram as portas, até então sem nenhum tipo de problema. Passadas poucas semanas, com o movimento em ascensão receberam a primeira visita de um elemento se apresentando como representante de um grupo de pessoas interessadas em manter a segurança no lugar e impondo condições para continuar com suas portas abertas. As imposições não se restringiam a simplesmente cobrar um valor mensal, como uma espécie de segurança, mas já o fizeram mostrando as garras. Para ter seu comércio aberto se fazia necessário seguir todas as regras vigentes, pois do contrário teriam que sair imediatamente do lugar, deixando tudo para trás, porteira fechada e saída com uma mão na frente e outra atrás.


A partir de então fica sabendo o que acontece com o proprietário da farmácia ao seu lado, que em pouco tempo deixou de ser dono do seu negócio. Esse aceitou todas as imposições, inclusive a de compor o quadro de funcionários somente com gente escolhida por esses ditos “donos do pedaço”. Como se isso não bastasse, pois quando esses verificaram que o negócio florescia, cansaram de dividir uma parceria e impuseram a saída do mesmo, pois esse não era “confiável” para os negócios do lugar. Foi obrigado a sair com a roupa do corpo. Essas histórias são relatadas sempre no sigilo, nunca abertamente, pois a lei vigente está acima da prescrita pelos meios legais e sim, a imposta pelos atuais ocupantes dos postos de mando, todos empunhando armamento pesado.

Esse casal amigo meu começou a partir de então a padecer no paraíso, pois pensavam ter encontrado algo buscado ao longo de suas vidas, um lugar tranquilo, em paz com a natureza, onde pudessem usufruir de um pequeno negócio e tocando a vida de forma mais leve, saudável. Estavam agora diante do oposto. Como demoravam para dar a resposta que os “mandantes” queriam ouvir, passaram a ser perseguidos e num dia, enquanto as mulheres seguiam de carro para a padaria e esse amigo, logo atrás, de bicicleta, foram seguidos por elementos fortemente armados, rindo, expondo as armas e mostrando as garras. O negócio feneceu de um dia para o outro, pois as portas já não abriam regularmente e para fechar definitivamente foi um pulo. Arcaram com todas as despesas com os funcionários e encerraram o negócio. Ao não aceitar as regras impostas, bateram de frente com o que estava ali imposto como regra de convivência e sujeitos as intempéries destes. Já sabiam que todo o investimento feito havia desaguado por água abaixo e agora, tentam, ao menos, numa última tentativa de não perder tudo, ao menos conseguir retirar do local o maquinário ali instalado.

Perceberam que de nada adianta ir procurar o dono do imóvel, pois este também está de mãos atadas e mesmo a polícia, pois mesmo que ocorra algum tipo de solidariedade, ela não ocorrerá nas 24h do dia e como as mensagens recebidas são bem diretas, preferiram não arriscar a pele. Estão de volta para o apartamento no Largo do Machado e repensando a vida inteira ainda pela frente, perdas e ganhos, além da tentativa de rescaldo, porém agora com a mais nítida certeza de que, a até então Cidade Maravilhosa, com sua natureza privilegiada, ela e seu entorno, estão cada vez mais dominadas por algo que a destrói, corrói suas instituições e deixa a cada dia a população mais e mais em pleno estado de pânico.

Ficar ou não no Rio?, essa a pergunta que se fazem no momento. Querem denunciar o fato, mas nem isso conseguem fazer, pois na identificação de seus nomes, riscos evidentes e com isto, nem mais a possibilidade de continuarem vivendo numa região ainda não totalmente dominada, a dos bairros tradicionais cariocas. Esse o Rio de hoje e o país, outrora um Brasil livre e soberano, hoje reino dominado por esse novo aparato tomando conta de tudo e todos, a mílicia, infelizmente, apoiada e incentivada pelos atuais mandatário do Governo Federal. Eis o beco sem saída onde estamos todos metidos.

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