sexta-feira, 17 de maio de 2019

FRASES (183)


A QUESTÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO EM DISCUSSÃO
Sempre gostei demais da conta de participar da Semana Municipal (e Nacional) dos Museus. Peguei o gosto quando por lá atuei junto da Cultura Municipal. Tem assunto nesse meio para ser discutido (e ampliado) de montão. Fui espiar a abertura do evento deste ano e com um tema dos mais instigantes e provocantes (para mim): 1º Seminário de Conceitos e Olhares sobre Patrimônio - Paisagens, Tradições e Ferrovia. Cheguei atrasado no auditório do Museu Ferroviário, tudo já havia começado (uma pena). Perdi duas falas, a da abertura da museólogo Luisa Cristina Mendes da Silva Barbosa e do diretor da Divisão Técnica da Casa, Alex Sanches. Adentrei a sala e a arquiteta Kelly Magalhães, professora da FAAC Unesp Bauru dava início à sua participação, com um tema tocante: "O território ferroviário, sua paisagem e tradições". Sentei e babei. Versou sobre isso de se dar uma outra chance para as cidades, tornando-as mais humanas e igualitárias, um equilíbrio de medidas, algo mais que saudável e salutar tendo em vista os seus espaços. Sendo a paisagem tomada como instrumento de dominação, pensar diferente disto.

Fui só acumulando aquilo tudo, um tanto maravilhado. "Paisagem-território sendo dotada como patrimônio, herança cultural, algo a ser preservado, mantido. Um estabelecimento de ações a serem praticadas e que esse valor, essa importância não permaneça somente na cabeça dos técnicos e possa fluir junto com a vivência do que vai na cabeça das pessoas. Possibilitar que as pessoas, através da reativação da paisagem sintam a necessidade e a importância disso no seu dia a dia. Uma postura diante da ruína: ela não é negativa, ela conta uma história, a paisagem é diversa, vive e deve ser colocada como parte integrante da vida cotidiana", disse.

Na sequência quem falou foi a historiadora da USC e também membro do staff do Museu Ferroviário, Fabiana Ferreira Rocha, "Patrimônio possíveis: Estudos de Caso na Preservação do Patrimônio Histórico". Começou bem, pegando o leigo perguntando se todos conheciam a história do Castelo Rá Tim Bum, quando o dr Abobrinha queria derrubar um prédio de 100 andares e tudo foi tentado para demovê-lo da ideia. Explicou o conceito de patrimônio a partir daí, sobre essa possibilidade de entendimento da importância do preservar e como tudo isso está muito presente diariamente me nossa vida. Daí discorre também sobre Educação Patrimonial e as soluções criativas para evitar que a destruição ocorra, ou seja, "como falar de especulação imobiliária e de um progresso, que nem sempre é progresso?". Responde a partir daí, versando sobre o estrangulamento do nosso cenário e o trabalho sendo feito com a memória cultural, sendo o grande ato de preservação a conscientização. Diz ser vital seguir o tripé: Investimento, educação e formação.

Lança um questionamento: "Como exigir uma memória afetiva do lugar se a cidade e as pessoas desconhecem a história daquele lugar?. Enfim, conhecendo se defende muito melhor e o caminho é fazê-lo através da Educação. Saber o que a população pensa dos lugares tombados, dito históricos, ou seja, o bem tombado precisa estar integrado à paisagem da cidade. Integrar essa história da edificação tombada com a do cidadão, para aquele lugar ser defendido por todos", afirmou, numa ótima discussão sobre a importância da Educação Patrimonial, suas possíveis investidas, conscientização.

Na sequência a portuguesa radicada em Bauru há um ano, estagiária do Instituto Lauro de Souza Lima, doutoranda no quesito Preservação e Memória, Susana Costa Araújo, chega unindo tudo, com o tema "Políticas de Acervo Museológico - Como? Por que?". Explica com um peculiar jeito europeu o que se faz nos museus e o que fazem os profissionais lá atuando, ou seja, cuidam do edifício, do público e do acervo. E dá uma bela aula de um baita problema hoje em dia nos museus, o das pessoas que querem se ver livres de peças antigas em suas casas e ao fazer doação para o museu, exigem deste a sua exposição, sem ao menos saber da importância daquilo e tudo o mais. E responde de uma forma clássica, direta e reta o questionamento: "Por que recebo um quadro de um pinto conhecido e não o de um artesão local?". Enfim, o assunto efervesceu o ambiente e isso foi mais que ótimo.

No final pedi a palavra e perguntei algo sobre a pressão sofrida por eles: "Diante de prováveis discussões sobre destombamento na cidade e pegando no gancho da fala da Kelly e Fabiana, a importância da paisagem e da preservação, o fato do CODEPAC ter permanecido tanto tempo inativo, o que foi feito na cidade para conscientizar o proprietário dos imóveis tombados, no sentido de entenderem que ele não perde com o tombamento? Existe uma política pública nesse sentido na cidade?". Alex, Fabiana e Kelly responderam e o debate foi ampliado, com citação de casos locais, a pressão para o destombamento de alguns imóveis e a ação dos agentes públicos na intermediação desse conflito de interesses. A tentativa de recuperar o tempo perdido, de conseguir fazer valer a importância na busca uma solução conciliatória, fará despontar um Encontro/Seminário sobre esse tema, marcado para novembro, onde o assunto estará sendo discutido entre todas as partes envolvidas. Por fim, saio de lá instigado a escrever, mas o tempo urge e por enquanto, me reservo nessas linhas, deixando o algo mais para próximas etapas, ou o que virá e sairá disso tudo acumulado na manhã de sexta. Adoro estar presente em discussões sobre esses assuntos patrimoniais da dita cidade "sem limites".

ÚLTIMA APRESENTAÇÃO EM BAURU DO BALLET CARMEN, CIA ESTÁVEL DE DANÇA
Sivaldo Camargo nos apresenta mais uma bela surpresa na noite de ontem, quando da última apresentação do Ballet Carmen na cidade (estão finalizando um novo espetáculo, com estréia em Setembro). Para os, como eu, não possuidores de muita bagagem sobre o histórico de Carmen, dois depoimentos antes do espetáculo, no primeiro Regina Levoto falando sobre o mundo cigano, enfim, Carmen é cigana e ligando o ocorrido com ela, o assassinato com o i atualmente ocorrendo mundo afora. E depois, Ana Bia Andrade com um histórico de como a peça foi concebida, o histórico da época, repercussões, ou seja, o contexto mais que necessário para o bom entendimento de algo tão grandioso e com o momento atual, onde mulheres continuam sendo assassinadas mundo afora. Foi ótimo, para só depois ter início a apresentação, belíssima como sempre e a cada vez algo impressionante, o de como os jovens parecem amadurecer em cena. Uma auspiciosa noite presenciada também pelo prefeito Clodoaldo Gazzetta e sua esposa, ambos fazendo questão de estar com os bailarinos num encontro pessoal ao final do espetáculo. Um efusivo parabéns tudo, todas e todos os envolvidos. Presenciamos, os presente, uma auspiciosa noite dentro do mundo cultural bauruense.
UFA! Enfim um prefeito,no caso Gazzetta se dignou a ir assistir algo no Teatro, algo produzido por gente de Bauru.

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