quinta-feira, 27 de junho de 2019

CARTAS (201)


COMO ENXERGO A SITUAÇÃO ATUAL DO JORNAL DA CIDADE
Edição de hoje, 27/06/2019
 

Por que ninguém escreve sobre o Jornal da Cidade?, me perguntaram outro dia. Eu estou sempre escrevinhando dele por essas plagas e hoje repito a dose. Dizem por todos os cantos estarem eles mal das pernas. Isso não seria novidade, pois isso da situação estar pela hora da morte não é novidade só para eles. Dentro da atual crise, agravada em patamares inolvidáveis pelos golpistas de 2016, hoje vivenciamos o caos, amanhã, se nada mudar, com certeza, o fundo do poço. No meio da comunicação, todos os impressos passam por situação periclitante, essa já conhecida e muito discutida por tudo, todas e todos. O que me traz aqui vai além disto.

Quero ser pontual, sem ser chato. O JC nasceu tendo um lado e dele nunca se afastou. É o órgão representante das elites bauruenses e desta forma cumpre maravilhosamente seu papel. Criado por Alcides Franciscato, do grupo Prata e Érico Braga, conhecido no meio rural, tornaram-se o quarto poder em Bauru e região, exercendo esse poder de forma sempre rígida. Souberam se impor e chegaram a exercer um poder paralelo na cidade. Tanto que, chegou-se a constatar, quase todos os últimos prefeitos lhes fizeram um beija-mão.


A situação hoje se complicou. Renato Zaiden, como já é do conhecimento geral, não mais está dirigindo o jornal e ele está, de tempos para cá, definhando, muitas demissões, cortes em todos os setores, cadernos extintos, enxugamento feito, segundo alegam, para poder continuar circulando como negócio rentável. Com a saída do Renato, quem comanda tudo é o Érico Braga, pouco afeito ao tino jornalistico e mais à lucratividade de mais um dos seus negócios. Mais de uma vez já ameaçou fechar tudo, mas foi contido. Dizem a todo instante, enquanto Franciscato viver, o jornal existirá.

Porém, hoje até o Expresso de Prata balança, pois com João Dória no governo paulista, até a concessão das linhas para a capital estão um tanto ameaçadas, pois como se sabe, nunca as linhas de ônibus foram devidamente legalizadas pelos governos tucanos. Assim agiam, para poder ir manuseando interesses junto aos seus proprietários. Com o Grupo Prata nesse impasse, Érico querendo ver o negócio ter lucro, Renato fora e em novo empreendimento, a crise no setor do papel, tudo se agrava a olhos mais que vistos.


Junte-se a isso a credibilidade do jornal. Sempre tiveram um lado, mas hoje, mais bolsonaristas impossível. Das duas uma, ou morrem de medo dos anunciantes e leitores apoiando esse desGoverno ou também estão unidos umbilicalmente aos intransigentes defensores destes. Não existe outra hipótese. Muitos bons jornalistas passaram por lá e outro tanto continuam segurando as rédeas do destrambelhado momento. João Jabbour e João Pedro Feza devem sofrer barbaridades internas para garantir uma certa isenção na qualidade da informação, mas não a conseguem na sua totalidade e eles próprios, sabem muito bem disso, melhor que ninguém.


Diante de tudo, concluo. Não torço contra o jornal. Leio desde que me conheço por gente. Era mais crítico, hoje não pego mais no pé, pois sei o que representa e assim sendo, me reservo a ler e algumas vezes tentar emplacar em suas páginas uma carta na Tribuna do Leitor. Vejo como importante sua continuidade, como seria o surgimento de outros impressos, mesmo neste momento, onde a queda de leitura desse modal é gritante. Seria bom continuassem, pois teríamos a continuidade da publicação da visão deste segmento. As dificuldades hoje parecem suplantar as facilidades e cabe a mim, na qualidade de leitor e crítico, tentar entender o que ocorre em suas entranhas. Eu, acostumado a ler jornais, já sinto falta deles como dantes. Hoje já não leio mais a Folha, Estadão ou qualquer outro. O único que ainda o faço é este de minha aldeia e ele não bate com minha linha de pensamento e ação, mas insisto, sou assinante e nesta qualidade produzo este texto para reflexão ampla, geral e irrestrita.

Por fim, deixo um derradeira pergunta no ar: o jornal sobreviveria se tentasse mudar sua linha de atuação e editorial? A resposta, creio eu, seria a de que nunca abandonaria seu público, conquistado ao longo desses 50 anos de existência e nem teria motivos de o fazê-lo. Não clamo por mudanças na linha editorial do jornal, mas o que algumas vezes ainda me verão questionando é sobre não se desviarem muito da linha jornalística dentro da verdade factual dos fatos, algo cobrado hoje não só junto ao JC, mas da imensa maioria dos meios massivos de comunicação. Isenção total, a gente bem sabe, não existe em nada, muito menos nos meios de comunicação.

Um comentário:

  1. COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
    Vera Padilha Pereira Muito bom!!!!

    Walisson WB Bragião Quem se alia ratos acaba bubônico

    Lidia Possas Henrique , excelente análise sobre o JC e a nossa cidade. Há muito venho observando uma certa “ falência” de conteúdo em suas matérias que se tornam superficiais e reprodutivas de outras agências de notícias . Espero que o JC aproveite sua contribuição para rever sua identidade jornalística em uma cidade que cresce com demandas sociais distintas assumindo seu papel como veículo de informação e formação de opinião pública . 👏

    Laercio Donizete Gasparini ACHO QUE ESSE JORNALECO PAROU NO TEMPO. SEMPRE DO LADO DA DIREITA, FAZENDO JORNALISMO EVIDENCIANDO A "ELITE" BAURUENSE. HÁ MUITO TEMPO QUE DEIXEI DE ASSINAR POIS QUANDO VOCÊ O FOLHEAVA E LIA SUAS NOTICIAS ME DAVA NOJO. E HOJE, COM A INTERNET, DEIXOU A DESEJAR.

    Helena Aquino O Jornal não pode ser parcial, assim como o Juiz, rssss

    BM P Sophitá Perfeito era tdo que eu queria falar mas sou limitada
    👏👏👏👏👏
    E estão definhando por serem bolsonaristas e mesmo assim continuam a defender a direita com unhas e dentes devido há isso em 2016 deixei de assinar o JC e VeJa e Época.

    Creuza Ferreira Adorei o seu ponto de vista sobre o jornal Henrique.
    Já fui assinante mas não sou mais .
    Sim esse jornal sempre teve um lado à elite

    Cristina Bianconcini Fomos assinantes por muitos anos,mas deixei de assinar por não concordar com a imparcialidade deles.Jamais concordarei com os conteúdos das matérias ,assim como a 94 decadente.Parabéns pelo texto.👏👏

    Mauro Landolffi Sempre achei também o jc bem neutro, mas ultimamente anda puxando a sardinha pra direita. O que era duro de aguentar às vezes era o artigo (editorial?) do Zarcílio, aquilo sim era um chute no saco...

    Lucas Mendes é pra isso que existe o Jornal Dois, uma mídia independente de Bauru que busca, em suas reportagens, vídeo e coberturas, o ponto de vista das classes trabalhadoras e populares e a defesa intransigente dos Direitos Humanos.

    Henrique Perazzi de Aquino Sim, adoro a experiência do Jornal Dois e de outros com a mesma conotação, porém, ressalto que, eles não cobrem o jornalismo diário, os acontecimentos do dia-a-dia e sim, reportagens e matérias esporádicas sobre relevantes assuntos. Mesmo fazendo um belo trabalho, faltaria quem fizesse o serviço diário, com os acontecimentos todos.

    Lucas Mendes sem dúvida, Henrique. Concordo totalmente. Uma das possibilidades que discutimos é de chegar nesse patamar e contribuir com o debate qualificado fazendo uma cobertura diária dos acontecimentos

    Rubens Colacino Continuar a edição do JC, agora de Jornal dois

    Regina Celia Furlanetto Sou assinante do JC há anos. Vem definhando na mesma medida que aumenta a parcialidade na defesa da direita em nível nacional e local. Ainda gosto de abrir um jornal pela manhã enquanto tomo café. Hoje leio os editoriais somente após ver quem escreve. De vez em quando se aproveita alguma coisa. A tira de Entrelinhas é bastante interessante. Tribuna do Leitor somente se não provenientes daqueles que sempre louvam a direita
    contumazes escrevinhadores. Com certeza ainda sobreviverá pra fazer a campanha do próximo candidato a prefeito...pela amostragem mais conservador que nunca. Pobre Bauru

    Carlos Adalberto Murça Murça Não compraram a TV PREVE HENRIQUE?

    Fernando Rafael TB JA FUI ASSINANTE DESSE JORNAL , DEIXEI DE SER DE TANTO VER QUE O MESMO TEM LADO ELITISTA , NUNCA FOI IMPARCIAL , SEMPRE FAZENDO A CABEÇA DOS MENOS AVISADOS E ASSIM PRESTANDO UM DESSERVIÇO AO POVO NO MEU ENTENDER !! EU QUE NÃO VOU CONTINUAR FINANCIANDO ESSA MÍDIA GOLPISTA COM MINHA ASSINATURA ( MEU DINHEIRO) NÃO TENHO PENA NENHUMA SE VIER A " ÓBITO " POIS COMO JÁ DIZIA MINHA VÓ: QUEM TEM DÓ DO CAPETA, MORRE QUEIMADO !!! ESSE JORNAL ""COPIA E COLA "" DAS MÍDIAS GOLPISTAS SÓ TEM UMA CHANCE DE RECRUTAR ASSINATURAS!! SE TORNAR " IMPARCIAL "" OU SEJA : "" NUNCA """ !!! PRONTO FALEI !!!!

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