terça-feira, 23 de julho de 2019
DICAS (186)
VIDAS PULSANDO EM HISTÓRIAS IMPERDÍVEIS - “VELHAS LEMBRANÇAS MEMÓRIAS DE VIDA” SOBRE OS 80 ANOS DA VILA VICENTINA SERÁ LANÇADO NA QUINTA EM BAURU
“Te espero dia 25 de Julho na Jalovi dos Altos da Cidade para comemorarmos o lançamento do nosso livro Velhas Lembranças, Memórias de Vida, livro e exposição fotográfica que homenageia os 80 anos da Vila Vicentina em Bauru! Confirme presença e vamos estar! Abraços do Lucas! ”, um recado desses me faz reverenciar um livro sendo lançado em Bauru daqui há dois dias. Trata-se do “Velhas Lembranças Memórias de Vida”, autoria de Lucas Melara, hoje profissional de Design, mas ideia acalentada por anos, projeto de pesquisa nascido nos bancos universitários até este momento, quando o filho nasce de parto nada normal (os anormais são mais intensos) e conhece o mundo aqui fora. Na belíssima capa três nomes, Lucas Fúrio Melara, o autor das fotos, Ariadne Franco Mathias, autora das fotografias e Ana Beatriz Pereira de Andrade, essa última orientadora do projeto.
O livro em questão é um ousado projeto, de dois jovens arregaçando as mangas de todas suas roupas e indo verdadeiramente à luta. Lucas foi, fez loucuras até o momento de ver tudo impresso, Ariadne no seu encalço. O trabalho inicial versava sobre a Comunidade do Paiva, muito conhecida em Bauru por atuar com pessoas com deficiência. Tocaram o trabalho de pesquisa até onde foi possível, mas com a mudança da diretoria da instituição, engriparam e não foi permitido que fosse finalizado. A partir daí, o algo mais, aqueles que não desistem de seus sonhos, dobram a esquina e se reinventam. Foi quando surgiu a ideia de fazer o mesmo iniciado lá atrás com o Paiva, agora com a Vila Vicentina, instituição de renomado valor em Bauru. Registros impecáveis, escrita na medida, fotos precisas, divinais em tudo, desde a concepção do preto e branco, como na riqueza dos detalhes. O enrugado da pele das pessoas é algo para ir sendo apreciado nos mínimos detalhes. Fico boquiaberto a cada reabertura do livro, um desses de arte, grandões, imponentes, cheios de charme e mais que tudo, com conteúdo a merecer uma escrevinhação mais do que especial.
A Vila Vicentina e tudo no seu entorno nos toca profundamente (o Paiva idem), Bauru sabe reconhecer isso, vide o sucesso do churrasco anual e das campanhas sempre em curso. Lucas e Ariadne pegaram o espírito da coisa no ar, vivenciaram aquilo tudo com o olhar de forasteiros, mas com integração, sensibilidade, percepção e reconhecimento. Foram em busca dos mínimos detalhes, das mais inebriantes histórias de vida e na junção de tudo foi parido um livro de inestimável valor dentre tantos outros publicados sobre a História dessas plagas. O livro é bonito por fora e por dentro. Ao folhear suas páginas, uma baita emoção, desses livros que ao baixar uma tristeza interna, algo como essa angústia pelos tempos vividos no momento atual do país, quando se busca no livro um alento, uma esperança, ele dá esse retorno assim de bate pronto. O considero recarregador de energias, só possível de ser completamente entendido para quem o detém em suas mãos e passa horas divagando com ele diante dos olhos.
Histórias de pessoas, principalmente as mais simples, as que não saem nas colunas sociais me comovem, a das pessoas ali retratadas mais ainda. Faço algo parecido desde muito tempo e sei o quanto algo assim (re)carrega o lado emocional do ser humano, pois quem não é tocado por histórias como as ali contidas, pode ser considerado um ser perdido, sem recuperação. Passar batido por esse livro é o mesmo feito pelos que, quando ao se defrontar com mendigos deitados de atravessado em calçadas, nem lhes dirigem o olhar, pulam por cima e seguem seu caminho. Os que param e ainda tentam ver como poderia resolver a questão social, são os mesmos a se emocionar com o livro e com a vida como ela pulsa aí fora. Lucas e Ariadne foram mais a fundo e além do livro gravaram algumas das histórias, contadas pela voz dos próprios assistidos na Vila. É para rir e chorar ao mesmo tempo. Emoção a todo instante.
Um livro pode ser dissecado de várias formas. Existem os que fazem uma releitura seguindo os ditames formais, gramaticais, existenciais, linguísticos e por aí afora. Eu quando diante de uma obra, primeiro a cheiro, toco, viajo em suas páginas e escrevo movido pela emoção. Não me seguro nas calças quando tenho que elogiar e quando antevejo algo de ruim, deixo logo de lado, preferindo até não comentar, para não ser chamado de agourento. Mas quando gosto, faço de tudo e mais um pouco, leio, divulgo, instigo outros, provoco e ando com o mesmo debaixo do braço. Tenho alguns inseparáveis dentro do carro e esse será um deles, ocupando desde já metade do banco, tal o tamanho em largura e espessura. O livro é grande não só no tamanho, mas na dimensão e extensão do proposto. Acertaram a mão, encontraram o mote para outros projetos, pois os detalhes também foram todos de uma precisão cirúrgica de quem sabe fazer as escolhas certas. A grafia utilizada, tipografia da capa e dos títulos no seu interior, dando uma cara diferenciada para o projeto veio da artista Mana Bernardes e a parte orientacional veio da professora Ana Bia, mãe de muitos e sapiente nos detalhes. Trio de responsa e com um resultado desses para se por de joelhos.
Os 80 anos da Vila Vicentina, além de todas as homenagens, merecia mais essa, eterna e para ser reverenciada ad eternum. O aqui concluído não é só um livro, um projeto, um trabalho acadêmico, fotos tiradas ao leu, histórias perdidas no tempo, mas contém aquele algo mais do que se é buscado uma vida toda (e muitos nunca encontram). Lucas e Ariadne conseguiram reunir tudo numa peça de valor incalculável, inestimável e inolvidável importância. Eu gostei das histórias, das fotos, gosto dos autores, amo a orientadora (minha companheira de todas as horas) e noto dentro da obra aquele algo mais, aquilo que também me move, o tentar retratar a história de vida das pessoas sem querer alterar nada, sem interferir, somente registrando e dando valor, importância devida para esses invisíveis do nosso mundo.
Querem saber mais? Viajem pelohttps://www.facebook.com/events/2530533103644141/ ewww.lucasmelara.com. O lançamento oficial será dia 25/07, quinta, 19h na Jalovi nos Altos, na Araújo Leite. O livro vale o preço pago e muito mais, pois engrandece e valoriza também a biblioteca onde estará exposto. Não percam...
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