terça-feira, 1 de outubro de 2019

COMENTÁRIO QUALQUER (194)


TRÊS HISTÓRIAS SEM MUITA CONEXÃO, MAS COM ALGO A VER

1.) REVERÊNCIA PARA NEWTON CARLOS, DOS MEUS TEMPOS PASQUINEIROS
Tomo conhecimento hoje da morte de um jornalista, desses guardados no fundo do coração como abridores de meu entendimento do mundo num todo. Newton Carlos escrevia nos anos 70 para o Pasquim e o lia semanalmente, num texto com ilustração quase sempre do Calicut (nunca mais me esqueci de ambos, dos textos do Newton e do traço deste, pois só de bater os olhos reconheço). Devorava a todos e depois ele lançou um livro, guardado por mim até hoje numa parte mais que especial de minha mafuenta estante, uma só para os livros da Codecri (a do rato que ruge): o "América Latina Dois Pontos". Nele uma compilação dos melhores desses textos.

O acompanhava com o maior interesse, pois foi quem pela primeira vez, bem antes dos bancos escolares e do curso de História, ter descoberto em mim esse interesse pelos temas de política internacional. Muito tempo depois passei, acho que quando o Pasquim já tinha até batido com as dez, o revi nos noticiários da TV Bandeirantes. Ele tinha um jeito só seu, de descrever o que ia ocorrendo mundo afora, sempre com comentários esclarecedores e voltados para uma melhor compreensão do mundo pela vertente dos menos desprovidos, ou seja, a imensa maioria da população. Outra virtude foi a de também me despertar esse interesse desmedido pelos temas da América Latina. Ele a cada semana me revelava algo de um desses países e eu não encontrava quase mais nada em nenhum outro lugar. Nesses tempos tinha decorado os nomes das capitais de quase todos os países do planeta e quase sempre lia seus textos com o Atlas do lado, pois queria ver onde se situava aquele país. Tentava me transportar para eles e isso também se deve ao Newtão. Há muito tempo não o via e ao abrir o JC de hoje, a triste notícia, ele aos 91 anos nos deixou. Vou até a estante e fico bem uma meia hora folheando o seu livro, relendo trechos e tentando voltar no tempo e no espaço. São fatos e passagens pelas de imensa ajuda para tudo o mais que a vida foi me sugerindo pela frente e eu, entrando nelas de peito aberto. Um excelente jornalista. Sim, o Pasquim tinha uma página dedicada para os temas internacionais, até mais latinos que do resto do mundo e eles saiam todos da pena desse intrépido jornalista que ontem nos deixou. Seu livro permanecerá enquanto viver lá num lugar de destaque em minha modesta biblioteca.
2.) EU CONFUNDO MAJOR OLÍMPIO COM CAPITÃO AUGUSTO E ME PERGUNTO: MAS NÃO SÃO A MESMA PESSOA?
Enfim, esse é qual?
Num post do policial militar na reserva Jorge Santus Santus, que leio para me inteirar de seu percurso a referendar tudo o que Bolsonaro faz e sei faz o mesmo comigo, pelo avesso da coisa, para se inteirar de quantas anda o que escrevo de Lula e alhures, hoje confundi alhos com bugalhos, ou seja, major Olímpio com capitão Augusto. Na verdade, ambos são deputados federais paulistas, ambos oriundos das hostes da Polícia Militar do Estado de SP e ao menos de algo sei, um deles era até bem pouco tempo residente em Ourinhos e mudou seu domicílio eleitoral para Bauru. No mais, um é major e o outro é capitão, mas não sei qual é uma coisa e qual é outra. Essas coisas de patentes confundem meu já cansado cérebro. Sou ironizado pelo Jorge num post, desdizendo de minha confusão e dizendo ser isso coisa de velho. Deve ser, beirando os 60 anos, assim me vejo, pois o espelho aqui do Mafuá não me deixaria ser mais outra coisa na vida. Velho, algumas vezes gagá e impertinente, pois coisa que não gosto muito é disso de políticos fazerem uso de denominações profissionais antecedendo seu nome, como no caso dos dois.
E por fim, qual é esse?

Prefiro o nome simples, limpo e do jeito que foi colocado no mundo, sem penduricalhos outros. Não acho imponente essa utilização de patentes, pois confundem incautos como esse que vos escreve. De outro lado, tenho comigo e disso ninguém me fará mudar de ideia que, os dois confundidos por mim são muito parecidos, tanto no currículo político, como no discurso e postura em tribunas e fotografias. Os vejo sempre engalanados em fardas, quepes e abotoaduras douradas, só faltando mesmo uma espada para completar o cenário, mas isso me cheira a algo fantasioso, na maioria das vezes numa vã tentativa de intimidar o eleitor. A mim não me intimidam, mas me confundem, pois olho para um e vejo o outro, enfim, percebo que ao abrirem a boca possuem um discurso muito próximo e na comparação das fotos de ambos, colocadas lado a lado neste momento aqui no meu computador não sei qual é um e qual é o outro. Creio eu os dois devem ser a mesma pessoa e só estão aí para deixar a cabeça de gente como eu em parafuso. No mais, confesso, não gosto do discurso de nenhum dos dois, muito conservadores, bolsonaristas de quatro costados, moralistas e na minha modesta consideração, retrógrados. O que poderia ser feito para não mais confundir um com o outro? Sugiro talvez uma penacho no frontal de um e um lacinho noutro, pois do contrário essa confusão não irá se dissipar tão cedo.
3.) SEU PALMER, A BOA ESTAMPA DO AMADOR DE BAURU

Eu deixei de frequentar jogos do futebol amador de Bauru faz bom tempo. Fui torcedor do ARCA – Associação Recreativa e Cultural Antarctica, pois morando perto da região onde hoje está o Shopping Boulevard, não perdia jogos nos domingos ali pela manhã, assistindo atrás do muro, rente ao chão. Ia também muito no Padilhão, vila Giunta, perto da casa do meu avô José Perazzi e vez ou outra no Distrital do Bela Vista. Desse tempo, ótimas recordações e uma delas eu descrevo neste texto, um personagem dos mais marcantes naqueles anos todos, figura imponente e que hoje, falecido em agosto deste ano, já deu nome até para torneios amadores. É desses que sua lembrança não me sairá nunca mais da minha memória. Enxergo ainda ele na beirada do gramado, com seu jeito peculiar e a comandar um dos tradicionais times da várzea bauruense.

Em carta publicada da Tribuna do Leitor do único jornal diário impresso de Bauru, o Jornal da Cidade, edição de 01/09/2019, Celinho Abdala, fundador e presidente do time de futebol amador, o Cometa Azul escreve: “Nosso querido Palmer - Wanderley Telles Alves, o popular "Palmer", fundador do clube recreativo Ordem e Progresso, faleceu no dia 22/08. 'Conhecido como Palmer, foi um dos maiores esportista do futebol varzeano e do atual futebol amador de Bauru. Com ele o Ordem e Progresso foi campeão em 1968 e campeão em 1971! Nós, esportistas do futebol amador da época dos anos 1968 até o ano 2000, jamais esqueceremos o quanto foi um batalhador pelo futebol bauruense! Lembramos também do campo de terra mais conhecido campo do barroca, onde hoje é o estádio Silvio de Magalhães Padilha "Padilhão". Eu, Celinho Abdalla, fui treinador desta equipe por 8 anos, me lembro de que antes dos jogos na barroca o Palmer fazia a demarcação inteira do campo, colocava as redes e ainda tapava alguns buracos antes de iniciar os jogos. Isso ficou marcado na memória dos esportistas da velha guarda. Estas lembranças jamais serão esquecidas pelos esportistas da época”.

Em 15/12/2013 na mesma Tribuna, seu Palmer como era chamado por todos, enviou e foi publicado no JC outra despedida, a do Ordem: “Ao completar 50 anos de fundação no dia 2 de abril de 2013, comunica ao público em geral que encerrará em definitivo sua existência. Agradecemos a todas as pessoas que estiveram com a agremiação em nossa longa caminhada, Conselho diretor, técnicos, jogadores e massagistas. Citamos alguns nomes: Luiz Bastos Pereira, Luiz Bosco, Edegard de Souza, Antonio de Oliveira Filho, Joaquim Gomes de Faria, Gilmar Alberto dos Santos, João Baptista da Silva, Jaime Silva, Ailton Donizete Frederico, Orlando Amaral, Antonio Avelino Cruz, Dijalmas Teixeira, Valdir Simões e Sebastião Jordão. Fomos três vezes campeões, em 1968, com o presidente Antonio Oliveira Filho; em 1991, com Gilmar Alberto dos Santos, e em 2001, com o presidente Antonio Avelino Cruz. A todas as pessoas que foram a óbito, nossa homenagem póstuma a seus familiares. Nossos agradecimentos à imprensa escrita e falada, com exceção aos que nos dirigiam críticas infundadas, mas graças a essas críticas continuamos com fibra e amor à nossa agremiação durante sua peregrinação que, graças a Deus, está chegando ao Jubileu de Ouro. Wanderley Telles Alves – Palmer”.

Encerro com mais umas poucas linhas. Além de boleiro consagrado, dizem foi também batuta no clarinete, tocando em bailes pela aí, ou seja, seu Palmer com essa cara séria, soube tocar sua vida da melhor forma possível. Minha última recordação dele é de um bar na rua Bernardino de Campos, quase ao lado do Padilhão e ele ali dentro, degustando algo e batendo papo. Dizem era seu ponto e sempre que ali o via, pensava cá comigo, da necessidade de parar e conversar, bater papo e conhece-lo melhor. O tempo passou, perdi a oportunidade. Foi-se um dos grandes do futebol amador destas plagas.


Em tempo: As fotos pedi para duas pessoas, Reynaldo Norusca Grillo e Ademir Elias, ambos conseguiram junto ao Mirtola e seu facebook sobre as coisas do amador bauruense de antanho, tempos do onça e quando valia a pena ir ao campo.

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