quinta-feira, 10 de outubro de 2019

RETRATOS DE BAURU (232)


TRÊS BAURUENSES NA LIDA, LUTA E ENFRENTAMENTOS DA VIDA
1.) TRADUTORA BAURUENSE ADRIANA EM FRANKFURT
Tem bauruense espalhado por todos os lugares deste mundo e alguns desses eu conheci a história e faço questão de contar. Em cada uma, desses tantos que souberam dar o passo adiante, ousaram e foram dar com os costados em algum lugar desse planeta, mas sem perder o desejo de estar sempre que podem junto aos que aqui ficaram, desses sempre é possível extrair mais que boas histórias. E para quem gosta de ouvir, conhecer belas experiências, eis aqui uma dessas, de alguém que foi do lado lá do mundo, descobriu que sua aldeia é pequena demais para tê-la de volta, mas não a esquece, pois muita coisa dela por aqui permanece.

ADRIANA MAXIMINO DOS SANTOS (no Facebook Adriana Masan), 50 anos, bauruense da vila Independência, formou-se em Tradução pela USC, turma de 1986/1989, especializando-se nas versões inglês, alemão e português. Fez seu mestrado e doutorado logo a seguir na UFSC em Santa Catariana e parte numa universidade em Frankfurt, Alemanha. Morou nesse período também na vila Tecnológica, seus primórdios e sonhava em morar na Europa, mais precisamente na Alemanha e para tanto juntava dinheiro dando aulas de inglês e trabalhando como secretária. Conseguiu seu intento e entre 1991/1992 trabalhou como baby sister e foi quando aprendeu definitivamente a língua. Tem lembranças de várias rifas e bingos vendidos, pois sem dinheiro, seu pai garçom e mãe cozinheira, foi a forma encontrada para amealhar o necessário para realizar seu sonho. Divorciada, levou consigo os dois filhos, ambos hoje bastante integrados à cultura alemã. Hoje, consolidada no país, casada com um alemão, dá aulas de português e atua como tradutora juramentada. Fundou por lá a ABA, uma ONG que em tupi guarani significa "gente" e defende os Direitos Humanos no Brasil, especificamente em projetos voltados para a população indígena, negra, camponesa e LGBT. Quando pode volta ao Brasil, visita comunidades indígenas no Mato Grosso, se envolve em novos projetos e aqui em Bauru, fica junto dos pais e dos amigos mais próximos. Uma inesgotável fonte de boa conversa e fluidos, ideias para quem deseja um dia bater asas e assim como ela, o fazer com garra e coragem. Hoje, lá e vez ou outra por aqui, enfronhada em fazer o que gosta e na ONG, na defesa dos menos favorecidos, feliz da vida.

2.) KBELO INVENTOU SEU EMPREGO MISTURANDO O PRAZER DO CHOPP E O BATENTE
Sabe aquela máxima que ninguém consegue amigos bebendo leite? Pois é, em alguns momentos (nem sempre, viu!) é a mais pura verdade. Que a vida está bem dura nesses tempos mais que sombrios, onde carteira assinada está se tornando raridade, outra verdade. Gosto de procurar pela aí os tantos que, diante de não encontrarem nada dentro do atual mercado de trabalho, acabam usando da criatividade e montam seu próprio negócio, algo só deles e em muitas vezes, conseguindo também conciliar o trabalho com um dos prazeres de sua vida. Não são muitos e como nesse caso específico vislumbrei uma bela união de interesses, não só conto o que vi, como acabei me tornando amigo do personagem.

CÁSSIO FABIANO é um negro queimado de sol, pois enfrenta a lida diária muitas vezes de cara para o sol e o que mais vier pela frente. KBELO, como é mais conhecido, 42 anos, casado, morador do Mary Dota, lembra que o apelido era do tempo quando tinha uma vasta cabeleira, hoje perdida, mas cultivando no lugar uma vistosa barbicha. Tornou-se muito conhecido no centro da cidade, pois durante vinte anos atuou como moto-taxista, num dos pontos mais tradicionais da cidade, o da Treze de Maio, perto da Riachuelo e da antiga e hoje não mais existente Loja Cecy. Foi desse período o inevitável bronzeado da pele, pois ralou muito e em qualquer temperatura. De tanto gostar de uma cervejinha e chopp, frequentador de bater cartão no Bar do Português, ali perto do Jornal da Cidade, acabou junto da esposa pensando em algo que pudesse conciliar a admiração pela cevada com ganhar a vida. Foi quando idealizaram e ela, Rosely Popiens, 48 anos, ajudou no projeto da adaptação de uma perua Kombi, ano 95 num foddy truck diferente, denominada por eles de “Chopp truck”. Aonde pode leva a danada, estaciona e liga as torneiras, servindo sempre com exclusividade a marca Germânia, parceria com o empresário Márcio Simões, da loja ali na Duque de Caxias com a Virgilio Malta. Pegou gosto, a coisa pegou e o negócio vai de vento em popa, cada dia num lugar diferente. Cito dois, toda quarta à noite está na feira noturna do Vitória Régia e aos domingos pela manhã no Bar do Barba na boca de entrada da Feira do Rolo. Entre sorrisos me confessa conseguir não misturar serviço com o gosto pelo chopp, mas vez ou outra, toma uma em serviço, pois como é sabido, a carne é fraca e ele não é muito lá resistente.

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