BAURU POR AÍ (170)

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, RACISMO EXPLÍCITO E PROFESSOR JUAREZ - TUDO JUNTO E MISTURADO

Na Semana da Consciência Negra, com muitas atividades propostas e ocorrendo, todas sob a batuta do Conselho da Comunidade Negra de Bauru (o mais atuante na cidade), eis que no final da tarde de ontem, quarta 20/11, algo pelas redes sociais assusta a todos: "Fui chamado de macaco. Reagi, fui esfaqueado! Mas antes, ele sentiu a fúria negra! Laroye!". A postagem do professor Juarez Xavier explicitava o que lhe aconteceu nas ruas de Bauru e escancarava um problema sendo tratado em panos quentes desde muito tempo, o aumento dos atos racistas e a agressividade só aumentando de uns tempos para cá. Com informações chegando em drops, junto todas na matéria publicada hoje pela manhã no diário Jornal da Cidade, concentrando os fatos, "No dia da Consciência Negra professor é ferido com canivete e denúncia racismo": https://www.jcnet.com.br/…/704419-no-dia-da-consciencia-neg…. Na mesma edição de hoje, carta de Roque Ferreira na Tribuna do Leitor complementa com um algo mais as repetidas incidências de racismo ocorrendo não só em Bauru, mas se alastrando como praga por todo o país. Eis o link de "Repúdio a ato racista": https://www.jcnet.com.br/…/704438-repudio-a-ato-racista.html. E o que é pior, mais do que perceptível, a existência de um acobertamento e até sugestionamento, espécie de concordância por parte do Governo Federal, favorecendo o desabrochar desses ignóbeis botando as asinhas de fora e agindo sem medo de sofrer punições.

Dantesco e a merecer todos os repúdios possíveis e imagináveis. Juarez agiu como de fato devemos todos agir em situações semelhantes. Chega de abaixar a cabeça, fingir que não é conosco e sair de fininho, se fingindo de bobo diante de um ato racista ou uma incitação dessa natureza. A não reação provoca o aumento desses atos, pois sentindo-se incentivados, produzirão mais e mais atrocidades, cada vez mais violentas. Muito leio, ouço e vejo sobre o assunto na manhã de hoje. A seara pela qual quero enveredar é somente uma. Estabeleço aqui um elo entre o ocorrido com o assassinato de Marielle, do Amarildo, da quebra do quadro do Latuff da Alesp, o do xingamento por um deputado para colega trans, o pedido de homenagem a Pinochet e a tantas outros fatos ocorrendo um ao lado da outra, como se não existisse um elo umbilical as unindo. No frigir dos ovos, tudo isso é provocado pelo momento político brasileiro, onde após o golpe e o conluio a nos governar desde 2016, as instituições todas se enfraqueceram e estão a serviço desse descalabro governamental hoje no Planalto Central. O incentivo para tudo isso vem daí e o aumento de atos dessa natureza é fruto de um propósito governamental nesse sentido. Não existe como analisar uma ocorrência em separado das demais, pois tudo tem o seu foco, o nascedouro, o criadouro do monstro. A fonte geradora é somente uma: ou damos cabo nesse desGoverno destruindo a nação e propiciando algo mais que aterrador, ou estaremos daqui por diante ingressando numa tormenta de difícil volta. Separados e desunidos nada conseguiremos e unidos, todas as possibilidades. E o que falta, qual deverá ser a mais nova ocorrência, mais escabrosa do que todas já ocorridas, que nos fará irmos pras ruas e nos debelar, virar logo essa mesa e botar pra correr quem tanto infelicita o país? Não existe mais como contemporizar. Não existe mais trégua. Eles nos acuam e nos querem amedrontados, pianinhos diante da malversação em curso. Vamos aceitar? Até quando?

TENTATIVA DE DIÁLOGO COM POLICIAL BAURUENSE E SEUS AMIGOS
Jorge Santus foi policial militar por algumas décadas, atuando em Bauru e hoje, já na reserva, está finalizando a montagem de um Museu Militar na cidade, no cruzamento da Rua Antonio Alves com Bandeirantes. Muito conhecido por prestar assessoria de segurança para condomínios e grupos interessados. Dias atrás postou em seu facebook algo e me marcou, um posicionamento de como age a PM nos tempos atuais. O fez dessa forma, com o texto a seguir e o vídeo no link abaixo: “Petistas foram atrapalhar Manifestação pró Bolsonaro e levam corretivo caloroso e doce da PM/SC. Aqui o PT nunca governou e nunca governará. Povo sábio, Henrique Perazzi de Aquino”. Eis o link: https://www.facebook.com/jorgesantus.santus/videos/2628666253867028/. Ele se apresenta como direita, já defendendo o novo partido de Bolsonaro e eu, esquerda e petista.

Minha reação inicial: “Isso só comprova o quanto a polícia está serviço de algo que só a denigre, desprestigia e a desmerece. Triste ver a polícia a serviço de um desGoverno como esse do Bolsonaro, degradante papel”. Sua resposta: “Então era para deixar os dois lado se confrontar ??? Pergunto”. Respondi: “Ela, a PM só ataca um dos lados, comprovando o seu despreparo, pois não media e sim, deixa evidente estar atuando para um dos lados. A Polícia não foi feita e é mantida para isso”. Jorge contra-ataca: “Conteve o lado mais anarquista e agressivo com presunção de um combate inevitável ágil corretamente. Na época da Esquerda tinha a mesma postura a legalidade e urbanidade administrativa”. Marcos Antonio Moura Castro intervém: “Pra mim bateu pouco”. Reajo: “Entendo que a Polícia, mais a Militar deveria ter menos atuação com ressaltada violência em governos tipo os de Bolsonaro, com viés de agressividade ressaltada. Perceba que em Governos mais democráticos, tipo o de FHC, Lula, ela não era tão violenta, era mais contida, sabia mais dos seus limites, hoje não. Esse o grande problema, quando diante de um governo autoritário, ela recebe um incentivo que a denigre perante a opinião pública. Só isso, algo mais que perceptível. Ela não tem essa necessidade de ser mais violenta, exceder sua própria condição”. O mesmo Marcos novamente entra na conversa: “Com esse povo não tem dialogo...só na bala, nem que seja de borracha”. Jorge na sequência: “Verdade o governo do estado de Goiás principalmente a Polícia de Brasília é muito autoritário e de esquerda. Por isso que dá a esquerda estar no poder abusa da autoridade”. Eu respondo: “Gostaria de poder discutir esse tema contido, sem esses arroubos que vejo aqui, viés autoritários de extrema violência, sem nada acrescentar, tipo "bateu pouco". Dessa forma, não se debate, pois não se apresentam ideias, sugestões, propostas. O tema POLÍCIA é de ótima discussão e tem que ser feito por toda sociedade. O que ressalto aqui é o que já disse e repito: Por que em governos mais democráticos a PM tem outra atuação, moderada, contida, sem muita agressividade e nesses tipo do Bolsonaro ela excede dos seus preceitos básicos? Tem algo de errado, não? Ou acha tudo normal? Não vejo necessidade para conter o povo com violência, ainda mais quando ele clama contra injustiças. A função de qualquer polícia não é reprimir, você bem sabe disso”. Jorge posta uma imagem de uma bota militar esmagando uma estrela vermelha e respondo: “Essa ilustração excede qualquer função policial e passa para a de ódio de classe, algo repugnante, ainda mais no momento que vivemos. Incita mais o ódio e se isso é sua proposta, estou fora”. Ele responde: “Verdade repressão sem violência”. Minha resposta: “Não. Atuação policial sem violência, contingenciando e sabendo tratar a ocorrência sem arroubos desnecessários. Você sabe do que escrevo”. Dentre tantos outros que não reproduzo o escrito, Junior Louzada o faz dessa forma: “Anarquista tem que levar borrachada. Nenhum desses aí faz manifestação pacífica. Cerceia o direito de ir e vir da maior parte da população, danificam o patrimônio público e o privado, e ainda, apoiam um ex-presidiário que incita a violência e a baderna. Borracha neles!!”. O nível baixou, Jorge não mais participou, deixou a coisa rolar e o diálogo perdeu o sentido. Desisti.