COMENDO PELAS BEIRADAS (80)
CRÔNICA FOTOGRÁFICA DA PRAÇA
A cena não é nenhuma novidade para quem frequenta diariamente a praça Rui Barbosa, tanto que a paróquia católica contratou alguém para fiscalizar a entrada, o portão principal a abarcar os fiéis para dentro do templo. Esse é uma espécie de fiscal e ali permanece, no meio da escadaria, com o poder de barrar ou abrir a passagem para o templo religioso. Um difícil missão, a de filtrar quem pode e quem não pode entrar. Conhecido dos comerciantes locais, os camelôs do local, enquanto fotografava, notei que alguns o chamavam pelo nome e ironizavam a situação, que deve se repetir muito durante o dia. O abnegado funcionário tenta impedir a entrada e o homem investe repetidas vezes, tentando driblar a barreira. Foram várias tentativas, todas infrutíferas e da cena muito se extrai. Na praça, hoje tomada por moradores em situação de rua, de todas as espécies e modalidades, desde desocupados, drogados, mendigos, nóias, arruaceiros, criadores de caso e gente simples, sem ocupação e morada. De um comerciante no local ouço que a polícia nem mais aparece, passa batido, tudo vê e tudo sabe, deixa a coisa rolar e a problemática se amplia, multiplica e se espalha com o vento. A questão é social, todos sabemos, algo de complicada solução. E na praça principal do centro de Bauru a conjunção de tudo, a reunião num dos mais afamados espaços públicos, céu aberto e ali um bocadinho de tudo, reunido e exposto.
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