quinta-feira, 14 de novembro de 2019

DICAS (190)


PROJETO RUAR EM BH (01) - O "MERCADO NOVO" É VELHO, MAS PARTE DELE ESTÁ MODERNO E VIBRANTE - DAS POSSÍVEIS TRANSFORMAÇÕES DE UM ATÉ ENTÃO DEGRADADO ESPAÇO

Escrevo do que ouvi e o que fui conferir pessoalmente no Mercado Novo, um velho mercadão, esse mais popular que o outro, o Mercadão Municipal de Belo Horizonte. Estão distantes um do outro, algo em torno de no máximo uns 300 metros. Esse, o dito Novo é menor no tamanho e maior em andares, são três e sem ter lido nada a respeito dele me atrevo a escrever as impressões que tive na visita que acabo de realizar. O aspecto ao adentrar o térreo é de um Mercadão ao estilo de todos os outros, muito mais simples que o outro. Subo seu primeiro andar e nele muitos espaços fechados e nos abertos, muitas gráficas e firmas funcionando com aspecto de certo descuído, desleixo, diria, algo um tanto abandonado, sendo tocado como podem com os que ali ainda se dignam a permanecer com suas portas abertas. Enxerguei o lugar como de resistência, enfronhado dentro do centro velho da cidade, onde ocorre algo parecido em todos os grandes centros, certa degradação no seu lado mais antigo.

Subo mais um andar e ali, junto dos muitos boxes, funciona também um estacionamento. Para quem chega e se dirige para o seu lado direito, poucas empresas e muitos lugares fechados. Aspecto desolador. Fiquei com a impressão que a pessoa só vai até lá se necessitar mesmo de algum serviço prestado por alguma firma ali localizada. Andei mais e fui parar do outro lado, o esquerdo e ali uma radical transformação. Aproximadamente um ano atrás, me diz um dos comerciantes do local, também como eu, Henrique, dono de um bar: "Locamos todo esse canto, está todo ocupado e revitalizamos tudo, trouxemos outro público. São bares, lojas com algo mais condizente com o público que estamos chamando e tudo tem dado certo". É outro mundo, com fachadas modernas, cozinhas de vários estilos funcionando, muita coisa sendo montada e um proposta nova, a de alavancar o lugar. Não contei, mas creio serem mais de vinte firmas novas ali atuando. Henrique me diz que, no horário que lá estive, não iria encontrar muita gente, pois a maioria dos lugares começa mesmo a funcionar a partir das 18h e a maioria funciona até meia noite, com algumas estendendo até 2h da manhã, sempre com bom público. A cidade, pelo visto, já fala do lugar, sente a mudança e o público vai chegando, ocupando os espaços e mudando a concepção de como tudo era visto até então.


Viajei pelo espaço e sonhei junto de todos os que estão apostando suas fichas na revitalização desse amplo prédio. Uma loucura viajar pelos três pavimentos e pulsar junto com a transformação já ocorrida nesse onde reside meu foco nesse texto. Quem adentra só o térreo e não circula pelo segundo, acha que tudo está de mal a pior, mas quem avança o sinal e vai fundo, sobe mais um pavimento, não se arrepende, pois se vê diante de algo novo, realmente inovador, uma proposta pra lá de ousada e transformadora. No meu entender, ela vai conseguir, pouco a pouco arrebanhar o restante do andar, transformando-o em algo com essa cara de público mais jovem, buscando conciliação com a identidade do passado. A expressão do despontando ali, com essa linha arrojada de novas possibilidades, com espírito e garra para ser, fazer e acontecer, ousar ocupar espaços esquecidos e fazer deles algo grandioso é tudo de bom, desde que não menospreze o já existente, os que labutam com menos recursos nos demais negócios. Me encantei. Não existem placas indicativas para quem chega em busca desse novo lugar, pelo menos não vi nenhuma, nem do lado de fora, nem do de dentro. O negócio deve se multipolicar muito pelo boca a boca e por alguma publicidade por mim desconhecida.

Subi mais um andar, o último e lá muitas paredes grafitadas, poucos lugares funcionando e poeira tomando conta de quase tudo. Pelo que pude observar, foi palco de muitas festas, mas hoje está sem atividade. Henrique, o comerciante do andar de baixo me explica ali estar interditado, com proposta de reforma e algo sendo pensado exatamente nesse sentido, o de festas, pois é um andar imenso e no momento em que se juntar com o que ocorre no de baixo, vai explodir, como vi acontecendo com o pavio pegando fogo na proposta já em prática. É uma forma divinal, maravilhosa de ocupação de espaços até então abandonados e renegados, rejeitados. Ouço por ali que, inicialmente dois grandes bares começaram tudo e depois a explosão, com muitos outros despertando não só o interesse, mas se aliando aos primeiros. O prédito todo é particular, não tem nada de público e toda e qualquer transformação tem que se ser feita em parceria com os proprietários, o que está sendo feito e dando o maior sucesso.

Fotografei só esse novo boom nesse lado, objeto do meu escrito. A proposta, vejo não é expulsar quem já está por lá resistindo há anos, mas integrar todos. O que está despontando com o novo público, vai dar uma ajuda substancial para tornar a trazer atrativos para o local. Pela cidade já circula um zum zum zum, muitos ainda não conhecem, principalmente os mais velhos, porém, a nova geração, um público acima dos 25 anos, esses já estão mais do que experimentando o que desabroça no lugar. Usufrui e está gostando, pois de dois iniciantes, creio jé perto de uns vinte e outros tanto reformando espaços, ou seja, mais e mais o velho Mercado Novo está saindo do limbo e criando novas possibilidades dentro das boas alternativas já existentes em Belo Horizonte. Eu pesquei uma dica assim no ar e hoje, com algum tempo livre depois do almoço, fui conferir de perto e o que vi me fez querer voltar antes de partir. Essas são surpresas realmente positivas dentro de uma grande cidade, enfim, revitalizar seu centro velho é algo mais que alvissareiro.

OBS.: As fotos dos demais andares me reservo a guardar comigo, preferindo expor esse lado jovial, arrebatador e o que vai contribuir decisivamente para levantar o astral de todos os demais comerciantes nos demais andares.


PROJETO RUAR EM BELO HORIZONTE (02) - O BUMBUM DESGASTADO DE ADÃO NA IGREJA DA PAMPULHA

Ana Bia Andrade e nossa amiga aqui em Belo Horizonte MG, Juliana Barbosa nos levam para conhecer aqui na cidade, a igreja da Pampulha, projeto de Oscar Niemeyer e viabilizada nos tempos de Jucelino no governo de Minas. Entro, fotografo, me encanto com Cândido Portinari e seu traço, azulejos primorosos, linda a cor azul ressaltada e um algo mais chama a atenção quando das explicações da monitoria feita por competente estudante de Arquitetura. Num trabalho em alto relevo, todo em bronze, a representação de Adão e Eva, artista que não consegui guardar o nome. Observo que a bunda do Adão está desgastada e lhe pergunto se o pessoal que vem na igreja gosta de passar a mão no bumbum do dito cujo. Sim, sua resposta, virou uma mania, diria, amuleto, coisa de brasileiro. A marcação mais lisa na parte glútea do Adão é exatamente por causa das passadas de mão, agora na reinaguração ocorrida meses atrás proibida, com cordinha impedindo a aproximação, pois segundo a monitora, estavam desgantando a obra de arte. Assim sendo, nada de mão no bumbum do Adão. Juliana conta algo ouvido em visitas anteriores, o fato de quando da inauguração da igreja, muitas décadas atrás, as famílias proibiam as filhas de virem ver a "obscenidade" dos corpos nus. Coisas de um Brasil, que já deveria ter superado isso, mas com os tempos sombrios e conservadores do desGoverno do seu Jair, creio eu, em breve irão cobrir com uns panos cena tão indecorosa. O Parque da Pampulha, mesmo poluído, sem nenhum barquinho ou mesmo remo é muito bonito. Lugar aprazível. Téo, o filho da nossa cicerone Juliana é uma graça e nos chama de vovô e vovó por todo canto. Avós assumidos, tapamos os olhos do menino diante de obra de arte tão manipuladora de mentes, enfim, como sabem, somos "belos, recatados e do lar".


E PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES
A DIFERENÇA QUE A MÍDIA MASSIVA FAZ DE "OCUPAÇÃO" COM "INVASÃO"
Na ilustração abaixo um belo e singular exemplo de como a mídia massiva diferencia ao seu modo e jeito o que venha a ser INVASÃO e OCUPAÇÃO. Simples demais da conta. Esses possuem um lado (o pior possível), distante dos interesses populares e na maioria das vezes favorável aos da classe dominante, opressora e, diria, saqueadora. Sendo movimento social, não fazem nem análise, tascam logo que o local foi INVADIDO, mas se for algo pelo qual defendem, se fingem de mortos e mesmo sendo claramente caso de invsão, tascam lá ter ocorrido uma OCUPAÇÃO. Não se trata de maldade, se trata de mal caratismo mesmo, enganação pura e simples, sacanagem explícita. De um lado o povo tentando fazer valer seus direitos e os mesmos sendo distorcidos, do outro, um órgão opressor impondo sua vontade e a coisa sendo amenizada. Vejam como a mídia trata o GOLPE na Bolívia, esse o exemplo mais recente. O Golpe é declarado, explícito, latente, evidente, clássico, mas em nenhum momento o tratam dessa maneira e quando muito, ainda se dão ao luxo de explicar o inesplicável. E daí a pergunta: Deve-se acreditar nas informações prestadas por essa mídia?


Um comentário:

  1. Quando escrevi esse texto pensei muito na nossa Estação da NOB em Bauru e também em edificações fechadas e se deteriorando no seu centro velho, como o prédio imenso onde antes funcionava a Casa de Ferramentas Sampaio, quadra 1 da Batista, os andares do prédio do INSS e mesmo o que querem derrubar, onde antes era o atendimento do INSS, na presidente Kennedy. São tantas possibilidades. Se o Poupatempo não tivesse aberto sua unidade naquela até então abandonada edificação na rua Inconfidência, o que seria daquele prédio nos dias de hoje?
    henrique - direto do mafuá

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