terça-feira, 5 de novembro de 2019

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (147)


A IMPRENSA NÃO DERRUBA O PRESIDENTE PORQUE NÃO QUER – NO EDITORIAL DA FOLHA DE HOJE, ALGO SERVINDO PARA TODOS OS JORNALÕES NATIVOS


Dias atrás o telefone fixo toca aqui em casa e do outro lado alguém me chamando pelo nome e sobrenome. Se diz representante do jornal Folha de SP, diz que já fui assinante e quer me gratificar com 30 dias grátis do jornal, com o intuito de que, encerrado esse prazo volte a assiná-lo. Fui o mais educado possível, mas é claro, nem de graça quero mais esse e nem outros tantos órgãos da imprensa brasileira aqui dentro e casa. Expliquei já ter gostado muito da Folha, mais de 20, talvez 30 anos atrás e agora, vez ou outra os vejo tentando voltar a praticar um jornalismo mais decente, dentro da verdade factual dos fatos, mas claudicantes e tudo não passando de meros arroubos, pois continuam alinhados com tudo o que de ruim aconteceu ao país. Bolsonaro não gostar da Folha não me é motivo suficiente para trazê-lo para dentro de casa novamente. Não o faria nem de graça hoje com eles, com o Estadão, O Globo, Isto É, Veja, Época, Zero Hora, Correio Brasiliense e a imensa maioria da imprensa massiva deste país. O que propiciaram de malefícios para este país, quando poderiam ter praticado um jornalismo, no mínimo honesto, sensato, mas optaram por seguirem junto do conluio que está a destruir com o país. A Folha mesmo já percebeu quem de fato é Bolsonaro, mas pouco faz de concreto para detoná-lo devidamente. Cutuca ali, mas logo está alisando novamente. A moça do outro lado parece ter entendido os meus motivos e nem tentou usar de mais argumentação.

Meu cachorro, o Charles iria fazer uso das páginas da Folha, na qualidade de cagador inveterado. Serviria para recolher seus dejetos espalhados por um canto do quintal no Mafuá. Nem para isso, pois prefero continuar juntando as propagandas de supermercado que me são espetadas no portão e com elas faço esse serviço. Abdiquei da leitura dos jornalões, mesmo gostando de mais da conta de ler jornais, algo adquirido bem lá atrás, nos meus tempos de moleque, quando via meu avô José Perazzi o fazendo antes do almoço. Ele lia a Folha e adquiri com ele esse hábito, nunca abandonado, mas hoje, cada dia mais seletivo. Continuo lendo o Jornal da Cidade, o desta minha aldeia, assinatura coletiva feita com a esposa e como possui pouca coisa para ser devidamente lida, o usamos para saber das últimas aqui da terrinha. Na questão política sempre estiveram alinhados aos donos do poder local, os tais denominados por eles mesmos de “forças vivas”, esses hoje, a maioria rentista e pensando só nos seus botões, nunca nos do povão. Penso muito em amigos jornalistas ali atuando e do quanto sofrem por serem obrigados a seguir a linha editorial conservadora, defensora do projeto do Bolsonaro, da Lava Jato aos moldes de Sergio Moro e de tudo o que tenha a chancela de Pedro Tobias.

Esse meu escrito de hoje é para expor um ponto de vista: a imprensa brasileira só não derruba Bolsonaro por não querer. Ela sabe tudo o que se passa nos bastidores de nossa atual política e só não chuta o pau da barraca definitivamente, pois como nesse país todos estão de certa forma uns amarrados nos outros, evidente que o rabo preso pesa demais na hora da produção de um texto mais contundente. Agora mesmo, Bolsonaro ataca a Globo violentamente e dela recebe resposta amena. O espezinham, mas não tanto. Bozo sabe rebater e bicuda a TV com suas armas, todas abaixo da linha da cintura. Fala que sabe o que a Globo já fez e pode até não renovar sua concessão. Hoje mesmo, está citando o salário do Bonner e já articulando nos bastidores para que anunciantes não mais invistam por lá. A reação, que poderia ser fatal para o presidente não o é. Primeiro porque eles ainda acreditam que Bolsonaro possa ser útil na aprovação do que ainda resta de maldades a ser aprovada contra o povo, depois por temerem que ele revele, boquirroto que é, segredos de alcova pouco sabidos. Hoje o jornal O Globo cutuca Bozo com fervor, mas o faz hoje e amanhã releva, volta atrás, não vai a fundo. Por todo o rabo do presidente já mais do que exposto, a Globo tem cacife para derrubá-lo rapidamente, mas pelo visto, não é essa sua intenção. E ao não fazê-lo, dia após dia, as instituições vão se enfraquecendo, a direitona ganha espaço e o jogo sujo continua se ampliando. Ela já sabe tudo de tudo o que Bozo fez de errado, mas segura as pontas. Daí, como é sabido por tudo e todos é mais suja que ele, diria farinhas do mesmo saco. Tomara que no dia em que decidirem contarem o que sabem, revelarem os segredinhos do capitão e de sua prole não seja tarde demais. Diante disso tudo, não confio mais em nenhum desses grandões do jornalismo, pois todos se venderam ao praticado hoje por esse doentio neoliberalismo, seguidor das leis de mercado e do rentismo como modal econômico.

O que o amigo jornalista Gilberto Maringoni postou hoje sobre a Folha de SP, serve como uma luva para todos os que batem nele (exceção de Carta Capital) e no dia seguinte recuam, nunca indo a fundo. São medrosos, cagões, serviçais desse insano desgoverno, tão perversos quanto ele. “FOLHA, UM JORNAL CAPACHO - O editorial da Folha de S. Paulo intitulado "Na direção correta", publicado hoje (5), é uma vergonha jornalística. Ao mesmo tempo, dá a exata medida da qualidade da oposição que a mídia faz ao governo Bolsonaro. O jornal dos Frias desnuda-se em apologética defesa - a redundância é necessária - da política de corrosão sulfúrica do Estado brasileiro, capitaneada por Paulo Guedes. Se, com proibição de assinaturas no governo federal, o diário da Barão de Limeira apresenta tal sabujice, um possível corte de publicidade oficial o fará dar a patinha e se fingir de morto, quando convier. Ideologia é isso aí. O resto é jogo para a torcida”. Não só assino embaixo, corroboro, como escreveria da mesma forma e jeito, mas não só endereçado aos Frias, mas para todos os demais donos de jornalões e revistas. Sabujice total e absoluta, vergonha total do papel cumprido pelo jornalismo nativo, um que tem tudo para levantar esse país, mas preferem se aliar ao que de pior temos e dessa forma, perderam o restinho que possuíam de credibilidade. Cansei desses todos. Depois, quando os chamamos acertadamente de PIG, ficam amuadinhos e chateados, mas são muito piores que isso.

ACABO DE DAR UMA AULA CLANDESTINA
Sou convidado a dar uma aula num curso noturno, um bate papo com alunos. Não posso especificar se estadual ou municipal, da cidade ou da região, se faculdade ou não, pública ou privada. Fui lá e dei meu recado. Gostei demais do interesse dos alunos pelos temas do momento. Pediram apartes para querer saber o que é milícia, se um presidente pode retirar provas do local de um crime e quais os motivos de não estarmos nas ruas como em outros países. No final me encantei com muitos anotando o endereço virtual do blog do Mafuá e do meu facebook. Ninguém tirou foto e nada foi gravado, tudo fez parte um tácito acordo. O pedido nesse sentido veio do professor (a) e, creio eu, todos os ali presentes entenderam muito bem dos motivos. Não estive ali escondido, mas a presença poderia gerar ligações inoportunas para a escola. O (a) professor (a) disse confiar bastante naquela turma. Falei por quase uma hora sobre a atual conjuntura e fui interrompido algumas vezes. Mais teria ficado, mas a proposta era a de trazer alguém de fora, uma visão externa do momento atual do país. Creio não ter desapontado, pois gerei bom debate, acalorado, apimentado e bem posicionado Na sequência teriam uma atividade escrita com o aproveitamento do presenciado. Fiquei curioso, porém, da mesma forma que cheguei, me fui. Um convidado sem papas na língua. Uma fala propondo o bom debate. Uma platéia querendo conversar, ávida por saber o que de fato se passa com esse país. Um (a) professor (a) sugerindo uma pauta diferente, ousada para os tempos atuais. Uma noite querendo chover e a minha expectativa de que, o ocorrido se propague com o vento, se multiplique e gere não só debate, mas ações concretas. Só não posso declinar onde estive. Coisas desses tempos bolsonaristas...

OBS.: A foto é meramente ilustrativa e foi gileteada do google.

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