segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

COMENTÁRIO QUALQUER (196)


A CIDADE CONTRA O CRIME - INSENSATEZ DOS TEMPOS ATUAIS
Bauru é muito surreal. Não sei se todas cidades brasileiras agem da mesma forma diante das atrocidades do momento, mas em Bauru a regra é se ocultar por detrás de um manto. Seus cidadãos parece possuir espécie de cagaço, algo que o fazer se omitir diante da ação dos que a tentam conduzir. Nem as maiores atrocidades, desde que vindas dos poderosos, produzem algo a alterar o rumo inexorável de sua trajetória. O último escândalo, o da Cohab, com envolvimentos ainda não revelados de muita gente graúda, não abala as suas estruturas. Tem gente de todos os meios envolvidos no escândalo, onde até agora só o nome do presidente e suas malas veio à publico. Claro existir algum receio de muitos em ter seus meios de vida nababesca revelados, mas rudo segue o ciclo normal, quase certeza de impunidade. Os graúdos tudo podem, fazem e acontecem e os dos andares ou degrau de baixo, cabem seguirem calados, reverenciando e bajulando os malversadores de sempre. O que seria do mundo sem todos esses bajulando os atos dos poderosos? Aqui isso é praga, gente que segue usufruindo de migalhas, que lhe são suficientes. Nunca chegarão lá, mas agem como se lá estivessem, tão cruéis como os que tanto se espelham. Atitudes vesgas, pois se dizem contrários à corrupção, principalmente a de governos populares, mas se calam diante das barbaridades desses tempos insanos. Não se espantam com o ocorrido na Cohab, pois muitos dos seus fazem parte do butim, essa uma antiga prática, a de se locupletar com benefícios advindos do negócio público. Não pensam em nenhum momento no coletivo, mas somente em si próprio, no que fazem, como fazem e em cada vez se enricar mais, usufruir das benesses todas, sem se importar em como fazem para sobreviver os nas rebarbas do sistema. Para esses, o desGoverno do seu Jair dá possibilidade de continuar agindo na escrotice de pisotear no zé povinho. Cansei, esse desabafo para com essa parcela ignóbil dessa cidade onde nasci, cresci, vivo e tento sobreviver. Por sorte existe uma parcela de gente como eu, neles me escoro, me inspiro, me associo para continuar tocando meu barco. Com esse sentimento chego a esses dias de festa de final de ano. Ando sem paciência para todos os que, de uma forma ou de outra propiciaram o retrocesso do país, os bestiais da insensatez. Vomito para esses todos.

CONFRATERNIZANDO COM UM QUASE VIZINHO
O Gebara é um comerciante de tecidos finos desde que me conheço por gente. Tradição familiar que se estende desde a chegada dos seus ancestrais ao país, sempre no mesmo ramo, nome mais que consolidado no segmento. Conta histórias dos tios lá do Rio, saga que não se acaba, pois seguem em frente. Esse daqui, alto como um vara pau, simpático demais, faz questão de papear comigo em toda trombada pelos cantos desta cidade. Hoje o reencontro na padaria, 6h40 da manhã, ele ali tomando café, eu comprando pães. Somos quase vizinhos, ele morando num prédio, eu noutro, desses que se encontram na praça em frente de vez em quando. Seu estabelecimento é na Zona Sul, a mais abastada da cidade e eu vendi a ele tempos atrás uma chancela, algo a mais para nos aproximarmos. Não tem uma vez que não o reencontro e não me faz perguntas mil sobre mim, esposa, negócios e me dá fraterno abraço. Comerciante à moda antiga, como não se vê mais hoje, todo final de ano distribui para clientes e diletos amigos um mino, calendário do próximo ano em forma de toalha de cozinha. Tenho de alguns anos, o desse me arrasta hoje pra fora da padaria, me leva até seu carro e ganho o meu. Converso de tudo com Gebara, menos de política, nos respeitamos, somos do time dos civilizados mesmo em campos opostos, dos que se entendem mesmo diferentes e sempre foi assim, muito antes do golpe de 2016 e dessa brutalidade nos relacionamentos de hoje em dia. Ele não mudou como muitos o fizeram. Como não gostar de uma pessoa assim? Na padaria hoje, pelos menos uma dez pessoas, muitos me conhecem, outros nem tanto, mas ele o único que abre um sorriso de orelha a orelha quando me vê e sei, faz isso com todos, mas não deixa de fazer. Esse seu jeito de ir tocando seu negócio, algo aprendido com os seus mais antigos, passado de pai para filho, trato diferenciado. É um encanto, gosto muito e só de saber ainda existir pessoas cordiais pela aí, entendo que tudo possa ter um jeito, mesmo diante dessa balbúrdia toda.

LADEIRA REFUGA ATÉ CUMPRIMENTO - QUEM SE BANDEOU PARA O LADO DE LÁ FOGE ATÉ EM CUMPRIMENTAR VELHOS CONHECIDOS
Hoje cruzo dentro do Confiança Flex, o da Nações Unidas, com nada menos que Carlos Roberto Ladeira, o ex-vereador bauruense, um que tempos atrás foi prócer da esquerda, mas seduzido por uma sereia de rabo colorido e doce, acabou tucano, sendo hoje considerado de alta plumagem nas hostes do PSDB. Chegou a ser considerado promissor político, com esse seu único mandato, visto por muito como exemplo de bom exercício da vereança. Não passou disso, pois logo a seguir, mudou totalmente de rumo, esqueceu dos amigos do lado de cá e foi de mala e cuia se abrigar no seio tucano, que lhe garantiu empregos e até a gerência num órgão construtor de moradias no estado de SP. Mesmo assim, acabei sentando com ele algumas vezes, até em bares e me dizia ser papo dos mais agradáveis. Isso foi se reduzindo, gerando meros cumprimentos quando de trombadas inesperadas, por exemplo, na banca do Carioca, Feira do Rolo, onde íamos em busca de livros. Ladeira se tornou provocador, chegando a ironizar nesses encontros do fato do PT e esquerda estar envolvida em escândalo, mesmo ciente de muitos deles ser construídos. o tempo passou e hoje, ciente de que a situação se inverteu e quem pode ser ironizado é ele, sua reação na tarde de hoje, quando me vê na fila do mercado, quase lado a lado é a de abaixar a cabeça e fingir não me conhecer. Não mereço nem mais o cumprimento, ao menos como velhos conhecidos. Eu, altivo, tentei encarar o gajo, mas não houve jeito, ele refugou, desviava o olhar e assim o fez até sair do marcado. As pessoas mudam quando trocam de lado e, como se dá com Ladeira, hoje os amigos são outros, os interesses idem, daí, melhor se manter distante, pois a conversa, se ocorrer, pode não ser das mais agradáveis. Relembro o fato logo depois quando cruzo com Cláudio Lago, o presidente do Diretório Municipal do PT em Bauru e ele me diz tê-lo visto recentemente no Calçadão da Batista, quando passa pelo grupo de petistas reunido na Esquina da Resistência. Lago o vê descendo a rua segurando de um jeito um tanto desanimado uma bandeira do Dória, talvez até pelo fato de estar cruzando com ex-aliados e chama sua atenção: "Ô Ladeira, levanta essa bandeira". Só a partir daí ele sacode a mesma e dá aquele risinho sem graça para o lado do velho conhecido. Agora, pelo visto, ele já foge até dos cumprimentos. Eu não, pois continuo convicto de estar do lado certo na contenda da vida e daí sem medo de cumprimentar as pessoas, mesmo sendo elas adversários.
OBS.: Creio eu, Marcelo Borges, outro que se bandeou para o lado de lá, mesmo com todas as diferenças, quando me vê não se furta em cumprimentar e até parar para um papo.

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