quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

UM LUGAR POR AÍ (130)


NÃO QUEIRA MUDAR A ROTINA DE UMA CIDADE PEQUENA – O CASO BORACEIA
Chegamos em Boraceia no final da tarde desta sexta, 26/12, creio que por volta das 17h, pouco antes, vindos de Itapuí, via balsa pelo rio Tietê, já no caminho de volta para Bauru. O combustível deu sinais de estar chegando ao fim e isso ao terminar de atravessar a cidade. Um posto logo na saída, beirada da rodovia. Estaciono ao lado da bomba de combustível e algo estranho no ar. Sinais de movimentação, mas ninguém para nos atender. Um rapaz saindo do bar ao lado passa pro nós e diz:

- Eles não funcionam em todos os horários. Agora mesmo estava aberto, nem vi quando fecharam, mas aqui é assim, uma hora estão funcionando, outras já estão fechados. Mas o outro posto da cidade é também deles, desce por essa rua, vira na rodoviária e vai ver. Tudo aqui é perto.
Com medo do combustível não dar nem para chegar em Pederneiras, sigo o caminho indicado e lá chegando comento com o frentista sobre o outro posto estar fechado. Ele me explica:

- Lá, mesmo na beirada da rodovia fecha às 16h30, mas neste mês tem alguns funcionários de férias e os horários não estão muito certos. Esse aqui sim, esse fecha todo dia às 21h e domingo às 12h. Não adianta vir em outro horário, mas aqui todos sabem, ninguém fica sem combustível, pois sabe que tem que colocar antes desses horários, mas se ocorrer algum aperto eles sabem onde o dono mora. Quando o encontram ele até resolve abrir e resolver o problema, mas isso só acontece com gente de fora.

Já percebei, em cidades pequenas tudo segue certas regras e as mesmas devem ser seguidas à risca, pois do contrário muita chance de ficar na mão. Ainda no posto, um dos parceiros na aventura pelas estradas hoje pergunta sobre o cara que faz famosa linguiça, famosa nas cercanias. O frentista explica:

- O cara da linguiça morreu faz uns três meses, uma pena, bom sujeito, muito boa a linguiça dele, mas no lugar hoje tem a Beth, também muito boa de linguiça, seguiu tudo o que lhe foi ensinado durante anos. Vai lá é fácil, segue na rua principal, depois da igreja, entre duas lojas agropecuárias, esquina, açougue da Beth.

Lá fomos, mas o açougue estava fechado, 17h de sexta. Um que passava pela calçada nos diz:
- Oh, moço, a Beth abriu hoje, já vi o açougue aberto, mas deve ter ido embora ou foi fazer alguma outra coisa e ainda volta, mas não posso te afirmar. Se o senhor esperar pode ser que ela volte, mas também que não e pode ser que só amanhã, fica a seu critério.

Fomos embora e falei para eles sobre um pão, dito como o melhor da cidade, indicado por conhecida moradora, numa padaria ali na mesma quadra, quase na saída da cidade, mas ao passar defronte a padaria, a mesma estava fechada. Um olhou para a cara do outro e resolvemos ir embora, pois pelo visto e já havíamos entendido, “pode ser que ela ainda abra, mas pode ser que só amanhã”.

Saímos pela rodovia e para minha absoluta e incontida surpresa olho pro posto de combustível, o que fecha às 16h30 e tinha alguém abastecendo um carro lá e isso já era passado das 17h20. Acelerei fundo e fui embora matutando sobre isso de horários numa cidade pequena. Não entendi muita coisa, mas me disseram que é fácil, basta entrar no ritmo.

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