PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (157)

QUEM PODE SE SACODE, QUEM NÃO PODE RALA - CORONAVÍRUS, OS POBRES E TRABALHADORES

Na foto, dona Rosa, faxineira de um shopping brasileiro, o Belém, numa das capitais do país. Sua foto viralizou no dia de ontem para demonstrar por A + B de como se dá os tais cuidados essenciais para a não propagação do COVID-19, também conhecido como coronavírus. Ela trabalha num reduto onde se tomam todas as precauções para com os visitantes e acrescentou mais essa a todas as atividades que já tinha, a de passar álccol gel em todos os corrimões e afins. Aparência perfeita, visual impecável, mas o que nem todos enxergam na foto é o que de fato se passa nas entranhas deste país. Quem tem condições toma todas as precauções, já não sai mais de casa, está de quarentena, mas os trabalhadores, esses continuam ralando pela aí como dantes, sem nenhum alteração em suas rotinas diárias. Faxineiras continuam faxinando e tudo o mais, chegando e voltando, transportadas por lotações cheias, sem nenhuma chance de exigir algum tipo de distanciamento entre os passageiros. Assim como dona Rosa, me digam se conhecem aqui por Bauru, algum prédio onde esse serviço foi interrompido ou está sendo realizado com resguardo dos funcionários? Gostaria de conhecer algumas dessas experiências, se existirem.

Enquanto nos prédios e nos bairros classe média pra cima, todos se cuidam, as domésticas continuam chegando todos as manhãs, realizando tudo como dantes. Aqui em Bauru, até o presente momento, nenhum caso confirmado do vírus, só suspeitas. E se houver, entre os em condições de proceder a quarentena, tudo perfeito, mas quando começarem a pipocar o contrário, daí o bicho vai pegar. No momento em que um patrão passar o vírus para algum de seus empregados, ou mesmo porteiro de sua residência ou mesmo firma, as faxineiras, eles serão transportados para outro tipo de habitat e sem as mesmas condições de quarentena, tudo será espalhado num vapt-vupt. Ontem a Prefeitura de Bauru anunciou que os ônibus circulares iriam rodar com capacidade reduzida, como a ocorrendo nos finais de semana. A grita foi geral, pois não se tratava de nenhum ato glorioso das empresas e sim, elas pensavam só e tão somente no lucro caindo, daí juntariam horários e quem deles precisasse, que se acotovelasse no ainda disponível. Voltaram atrás e pelo que foi divulgado, os horários atuais estão mantidos, mas isso precisa ser averiguado, pois dizer uma coisa e fazer outra é algo rotineiro quando o assunto é o bolco do empresário brasileiro. Esse mais um exemplo de como o lado do menos favorecido é levado sempre em pouca consideração.

No mundo capitalista não dá para se esperar nada diferente e das mentes envolvidas no giro desse mundo, criadas e educadas dentro deste sistema excludente, a reprodução nos atos diários a confirmar as diferenças é a rotina diária. Para quem obriga uma empregada doméstica a subir 17 andares quando a energia elétrica acaba, ela não podendo esperar a energia ser reestabelecida, normal não conseguir ficar sem a presença dela no dia a dia, mesmo a família toda estando em casa e podendo fazer o serviço doméstico, ao menos nesse período de pandemía. Impensável. A maioria está sendo dispensada de comparecer aos seus locais de trabalho, exemplos aos borbotões, mas dificilmente farão o mesmo com seus serviçais (sic), pois a relação se dá com eles de outra forma. Esses mesmos que agem assim de forma impensada são os a esvaziar gandôlas de mercados e, pasmem, o produto que mais está sendo consumido por esses dias é o papel higiênico. Não só aqui, mas mundo afora. Questão de princípios, conceitos e valores, a maioria inexplicáveis, pouco entendidos, porém, em momentos como esse, aflorando nas relações pessoais.

O exemplo no momento vem da combalida Argentina.

No caso brasileiro ,a pandemia está apenas começando, medidas restritivas estão sendo tomadas só agora e o que salta aos olhos logo de cara é a enorme diferença de classes, essa bem nítida, explícita e rotineira no país da Casa Grande & Senzala. Eu não me espanto, só confirmo o que já sabia e nesse momento, nós, a classe média pra cima são os que estarão transmitindo o vírus para os das classes menos favorecidas e os trabalhadores. Isso sem contar com os moradores de rua, esses num mato sem cachorro e a merecer um texto só para eles, pois quando o vírus chegar neles, o estrago vai ser dantesco. Por outro lado, Bolsonaro faz quase nada para acelerar as prevenções, desdenhando o avanço da pandemia, com suas certezas rasas e pueris, deixando mais uma vez bem claro, o quanto despreparado está para o exercício da presidência da nação. Exemplo mesmo vem da Argentina, país numa situação pior que a brasileira, porém governado por políticos sensíveis, ditos como populistas, já decidindo: o trabalhador ficará em suas casas e parte do salário desses será custeado pelo Governo. Sabem quando o ministro Guedes, o que só pensa no mercado e nas reformas fará algo assim? Só quando lhe colocarem as faca nos pescoço. Insensível até a medula, já demonstrou detestar pobre viajando de avião, quanto mais recebendo sem ralar de sol a sol. Ou seja, Brasil na contramão do mundo.

COMO SE PERCEBE QUEM REALMENTE ESTÁ DO LADO DO POVO

"Precisamos de uma politica publica que garanta condições dos mais pobres circularem com minimas condições de segurança, neste momento tão delicado e para isso o poder publico municipal deveria obrigar as empresas ampliarem a quantidade de ônibus rodando nas rotas e limitando a um numero minimamente seguro dentro dos coletivos.

A resposta das empresas privadas ao decreto municipal é REDUZIR CUSTO!!!
Os pobres serão os mais atingidos com essa pandemia, não podem parar de trabalhar, não tem condições materiais de ficar em casa, não possuem qualquer rede de proteção efetiva!!!
O prefeito deve deve ter uma postura mais forte no enfrentamento deste momento o lucro das empresas não podem estar acima dos Bauruenses!!!", texto de Jorge Antonio Soriano Moura, pré-candidato petista à prefeito em Bauru.
Eis o link de matéria do site da FM94: https://94fm.com.br/onibus-em-bauru-circulam-no-horario-de-ferias-a-partir-desta-quarta-feira/?fbclid=IwAR3zVXoScQF1aXwKAIj1p15JN1ZNbnsUEtPfo6RUbsTzfbNxXKEemuLuTjs

NÃO SOLTAR AS MÃOS
Mesmo que, a maioria desses comerciantes tenham votado e apoiado a chegada do bolsonarismo ao poder, eis um momento para demonstrar que não somos iguais aos que chegaram. Quando você se mostra diferente, se apresenta como diferente, demonstra isso nas atitudes, o cara lá detrás do balcão vai ficar com a minhoca caminhando dentro de sua cachola. Ele, se for inteligente, vai reprocessar algumas de suas atitudes, enfim, até as pedras do reino mineral sabem que, o antes era imensamente melhor do que o momento vivido pelo país com Bozo (e isso bem antes da chegada do coronavírus). São pequenas atitudes...

LER...
Recluso dentro de quatro paredes, a partir de agora e até o momento em que não mais resistir, cair de sono, estarei enfurnado no dia de hoje em leituras diversas e múltiplas. Bato em retirada deste bat canal e caio de boca nas letrinhas, alimentando minha alma, pelo menos enquanto a vista não estiver turva e a temperatura corporal não atingir o nível para ser entubado. Tiro mais proveito lendo que discutindo por aqui. Até amanhã. Encontrando algum escrito de minha lavra e responsabilidade por aqui amanhã cedo é por ter conseguido acordar e estar tudo bem com o mafuento. Segue o jogo.

E HOJE, O QUE TEMOS PARA A NOITE...