sexta-feira, 24 de abril de 2020

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (158)


VAMOS POR PARTES

ONTEM À NOITE, MORO AINDA ERA MINISTRO DA JUSTIÇA:

UMA PALAVRINHA SOBRE A POLÍCIA FEDERAL
Essa eu não posso deixar passar. A PF tinha orgulho de ser autônoma e até pressionar um Governo legalmente eleito, o do ex-presidente Lula. De uma coisa eles, os policiais não podiam reclamar, pois nunca tiveram durante o mandato do sapo barbudo nenhuma tentativa de cercear investigações ou mesmo promover a troca de diretores, como agora, para barrar investigações em curso. Lula terminou seu mandato e essa polícia continuou espezinhando Dilma, mas depois do golpe de 2016, aquele que chegou como Jucá previa, "com Supremo, com tudo", nunca mais essa polícia foi a mesma. Foram-se os tempos de autonomia. Antigamente existiam algumas divisões dentro dela, até uma bem democrática, mas foi sufocada e se existe hoje, está bem calada, sem nenhum movimento. Tudo o que existia lá dentro de ar mais democrático se foi e hoje, pelo que se vê, tudo e todos por lá são declaradamente bolsonaristas. Tudo dominado, sem tirar sem por. De algo eles devem ter se arrependido, a perca total e absoluta da autonomia.
Hoje miam baixinho, algo bem diferente da atuação de antanho. Perceptível e ninguém consegue disfarçar isso. Se existe algum arroubo de lisura, de autonomia, de prosseguimento em investigações contra mandatários do atual Governo, eis uma última cartada sendo jogada, tudo na mesa de jogo no momento. De um lado uma PF sob domínio de um ministro, Sergio Moro e seguindo o que esse determina e do outro a tentativa dela passar a seguir cegamente o que lhe ditará o presidente, o Senhor Inominável. Em ambos os lados, muito da autonomia já foi perdida, nem sombras do que foi num passado não tão distante, mas eles, os policiais sabem, tudo pode piorar. Vejam só como são as coisas são, a instituição quase inteira apoiou esse que hoje ainda é nosso presidente, aliás, continua apoiando, mas pode ser justamente esse o que vai lhe cravar a estaca, aquela que os manterão caladinhos, sem poder agir, sem nenhuma autonomia, atados e vigiados. A vida é assim mesmo, nada como um dia após o outro. Parece que o dia deles chegaram e eu não podia deixar passar de registrar o fato como histórico, o de mais um segmento que deu incondicional apoio para o "novo" e o novo lhe passa a perna, lhe tolhe a liberdade, lhe mantém sob grilhões. É isso.

HOJE, POR VOLTA DA MEIO DIA, JÁ ERA DEMISSIONÁRIO E ALGO DE BAURU:
DUAS PERGUNTINHAS BEM AO GOSTO DO MOMENTO
1) Sergio Moro caiu e nem por isso deixou de ser o cruel e insano cara que possibilitou a continuidade da Lava Jato e até agora, referendando esse desGoverno do Senhor Inominável. Ou seja, ruim e deplorável sempre. Minha pergunta é a seguinte: Ouço aqui da minha janela alguns gritos pela aí de "Fora Bolsonaro" e me pergunto, se ao sair na janela e fazer o mesmo, não estaria sendo confundido com esses todos que apóiam Moro? Que dilema. Querer Bolsonaro fora é algo mais do que desejado, mas dar qualquer tipo de apoio para Moro não o farei de jeito e nenhuma maneira.


2) O tal do SinComércio aqui de Bauru, sob direção do Wallace Sampaio já demonstrou claramente a que veio, é favorável ao escancaramento das portas comerciais na cidade e já confirmando para domingo a tal da carreata neste sentido. Minha pergunta é a seguinte: O SinComércio, tudo bem, entidade patronal e defensor do Senhor Inominável, mas até agora, algo que não vi foi o pronunciamento do sr Benone Cabelo Batista, o presidente do Sindicatos dos Comerciários, o que representa a classe trabalhadora. Enfim, de que lado estaria o sindicato e seu presidente? Seria de bom alvitre ouvi-lo. Comerciante e comerciário no mesmo barco é algo meio que surreal, mas...

ACABO DE OUVIR O PRONUNCIAMENTO DO BOZO SOBRE MORO - MINHA OPINIÃO
Não li ainda nada a respeito, vou pelo que ouvi e vi. De uma coisa o Bozo tem razão e isso bem claro, Sergio Moro não vale nada. Se um aceitou trabalhar com o outro e se este convidou o outro, ambos se equivalem, ou seja, são do mesmo calibre e procedência. Não creio que alguém, para mim respeitável, possa aceitar trabalhar ou no mínimo estar ao lado de qualquer um deles. Daí, muito simples, Moro não mentiu pela manhã, quando demonstrou que Bozo é o que é, um malversador da pior espécie e agora, Bozo também não mentiu no seu pronunciamento, quando demonstrou que Moro é o que é. Ponto final.
Em ambas as falas, tanto de um como de outro, mágoas, ressentimentos, que antes, quando do convite não existiam. Ao longo do tempo, ambos não valendo nada e existindo em ambos o desejo de seguir adiante no que fazem, porém, perceptível um choque de interesses. Quem tem mais poder no momento defenestra quem tem menos poder. Foi o que aconteceu. O bom disso tudo é que a história não se encerra por aí. Talvez tenha continuidade, o que seria alvissareiro para a nação, pois a partir daí, um mais boquirroto que o outro, surgiria algo novo, podres sendo expostos. Torço por isso. Para mim, tudo o que Moro disse do Bozo é verdade e tudo o que Bozo disse do Moro também é verdade. O melhor mesmo, seria se tivessemos uma polícia de verdade, onde ambos pudessem sair algemados dos respectivos lugares. Tratam-se de sujeitos perigosos para qualquer regime democrático. O que fizeram, fazem e continuarão fazendo é caso de polícia. Enfim, todos os ali presentes são comprovadamente criminosos, por levarem o país à bancarrota, vendilhões de um país, perversos até a medula. Não escapa nenhum. É o que penso.


E MAIS UM SER GRANDIOSO DESSES ÁSPEROS TEMPOS:
AOS QUE SE DOAM... AGORA ALGO DE PAULO FARIA
"Sem CPF nem smartphone: na Cracolândia, o diretor de teatro Paulo Faria oferece auxílio a mais de mil famílias", assim a revista Carta Capital começa um texto, o "Resta a caridade - Lento e burocrático, o programa de auxílio a informais do Governo Federal deixa milhões desassistidos" e conta um pouco da história de algumas pessoas que, diante desse cenário mais que entristecedor, decidiram fazer algo por conta própria.

O drama da Cracolândia paulistana é do conhecimento de todos, mas está ainda mais dramatizado nesses dias com mudanças de locais de abrigos dos povos da rua e eles perdidos, perambulando sem rumo, eira nem beira. Paulo, que possui ali na região, que antes já foi nobre, um galpão-sede de sua companhia teatral, a Pessoal do Faroeste (https://www.pessoaldofaroeste.com.br/espaco), vendo isso tudo fez mais, saiu de sua casa e foi morar na sede do teatro, bem ao lado do maior fuzuê de rua hoje na capital paulista. Não mudou por mudar, pois a intenção foi abrir as portas para alimentar, garantir comida para aquele povo ali nas ruas e o faz com brilhantismo, muita coragem, desprendimento como poucos.

"O drama da Cracolândia é um sinistro fotograma da catástrofe social que se avizinha. No país que ganhou 4,5 milhões de novos miseráveis nos últimos anos, a fome tem chegado mais cedo que a doença", publica a revista. Quem conhece o que foi e o que é hoje a rua do Triunfo, sabe a grandiosidade da coragem de gente como o Paulo lá na capital e a Maria Ines Faneco em Bauru. São pessoas como essas os verdadeiros heróis desses tempos. Paulo, Faneco e outros projetos e instituições estão atentos com os povos das ruas. Ele lá em Sampa abre sua janela e vê circulando na frente do seu teatro legião de pessoas desorientadas, famílias inteiras, desde imigrantes estrangeiros, dependentes químicos, moradores de rua, prostitutas, travestis, desocupados, mendigos, catadores de reciclados... Sua atuação é para esses, por esses saiu da zona de conforto e foi arriscar a própria pele. Como não olhar para gente assim e enxergar na ação que fazem, a salvação da lavoura? Diante da inércia, inaptidão e também má vontade do poder público constituido, esses são os imprescindíveis.

O Paulo passou por Bauru há menos de dois/três anos com uma de suas peças teatrais, lá no Teatro Municipal, foi quando fiquei amigo não só dele, como de uma das atrizes da companhia, a Leona Jhovs. Que dizer de um diretor teatral que abre as portas de sua companhia pensando assim dar o seu quinhão de contribuição para combater a fome na região onde está instalado e funcionando? Paulo faz isso. Sua obra teatral é facilmente buscada num mero click no google, mas não é disso que venho aqui dizer. Tudo o que tem feito agora tem essa conotação de dar uma espécie de soco no estômago de quem assiste, tentando assim, abrir olhos e mentes para enxergar tudo à sua frente com outra visão e possibilidades. Ele tenta, insiste e persiste bravamente. Creio que estiveram aqui em Bauru com a peça "O assassinato do presidente" e aquilo tudo me impactou com tamanha força, tanto que nunca mais esquecerei o ali presenciado. O carinho e a confirmação vem com a efetiva ação dele junto aos moradores no entorno do teatro.

Ah, sim, todos seríamos muito melhores se abrissemos o coração e agíssemos dessa forma e jeito, mas isso aqui, como sabemos é algo surreal, saindo da rotina, daí faço questão de também ser mais um a contar, lembrar, mostrar e reverenciar os que botam a mão na massa. Quem tinha que fazer isso tudo a gente bem sabe quem é, o poder público em todas suas esferas. Uns dizem que fazem e muito, o que podem, mas quando cenas como as que vejo nas fotos das Faneco aqui Bauru, percorrendo nossos bairros periféricos, a maioria desconhecidos de todos nós e entregando cestas básicas conseguidas de ininterruptas campanhas e depois para algo feito pelo Paulo lá na região da Cracolândia, junto tudo e tenho a mais absoluta certeza: o Estado deixa muito a desejar, falha e em alguns caos é até criminoso para com os povos das ruas, a população mais carente, os invisíveis. Daí, surgem verdadeiros "anjos" e com sangue, suor e lágrimas, botam pra jambrar. Consternado, daqui de minha quarentena, impedido de sair às ruas, o máximo que posso fazer é escrever, reconhecer, enaltecer, mostrar, buscar assim que mais e mais pessoas se juntem em iniciativas como essa e assim, possamos virar logo essa mesa e restituir a dignidade para essa hoje desvairada e desorientada nação.

Gente como a Faneco e o Paulo, com seus projetos é o que me move nesses dias. Para e por eles todo meu carinho.

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