quarta-feira, 20 de maio de 2020

AMIGO DO PEITO (173)


OS PÃES DO PROFESSOR OSCAR E REFLEXÕES SOBRE O FUTURO DA EDUCAÇÃO EM SÃO PAULO E NO BRASIL
Meu dileto amigo Oscar Fernandes da Cunha é professor de História como eu (estudamos juntos na hoje quase extinta USC), ele funcionário público, querendo muito se aposentar nos próximos anos, tendo já chegado perto de dirigir escolas estaduais. Inesquecível sua passagem pelo distrito de Tibiriçá, onde deixou legião de admiradores. Nas horas vagas faz pães caseiros em sua residência no Geisel e sempre que posso e a pandemia me permite, damos nosso jeito, ou eu vou buscar ou ele vem me trazer, mesmo ambos sendo do grupo de risco, ou seja, o pão nos faz cometer verdadeiras locuras. Eu cometo, pois não aguentando mais o pão feito pela padaria nos arredores de minha casa, vou em busca desse algo mais artesanal e cheio de delicioso sabor. Ontem mesmo nos reencontramos e trago cinco deliciosos Foccacia, ao estilo italiano e feitos com dois ovos caipira. Antes de deitar, me deliciaram num café com pães de gosto inenarrável. Oscar é mestre nesses ofícios, o de dar aula e de fazer pães caseiros. Possui outras virtudes e qualidades e abaixo enumero outra, a percepção de fazer a coisa certa e se manter uma vida inteira do lado palatável deste mundo, mesmo que isso lhe traga inúmeras dores de cabeça - e também no bolso.

Faço essa longa introdução só para poder comentar algo da conversa de ontem (impossível a gente se reencontrar e não tentar ao menos colocar parte das conversas em dia). Pois bem, o gajo está trabalhando à distância, como manda o figurino e dentro dos preceitos determinados agora pela Secretaria de Educação do Estado de SP. Tudo nos conformes, ele devidamente enquadrado e cumprindo com sua missão. Falávamos de algo hoje em voga:

- Meu caro amigo, vocês hoje estão ministrando aulas à distância e quem me diz que, lá na frente, com essas aulas gravadas, não serão todos mais facilmente dispensados e elas utilizadas para o que querem fazer da Educação brasileira, transformando-a num cursinho à distância? - lhe instigo.

- Sim, eles irão fazer isso, com toda certeza. Não existe a menor dúvida. Se hoje, ainda com alguma organização resistimos, muito em breve algo de pior estará acontecendo. Com a mentalidade hoje vigente, imagino que, o Estado terá que manter o Ensino Básico, o da alfabetização de forma presencial, mas nos demais se livrará de tudo hoje existente. É o tal do Estado Mínimo. Do básico em diante, tudo o mais será dessa forma empacotada, entregue de forma uniforme e seguindo padrões do leve seu vídeo e estude em casa, sem utilização de salas de aula. Hoje, meu caro, a situação da Educação no Estado já está do jeito que eles querem. Veja bem, com as escolas fechadas, gastam quase nada com luz, água, horas extras, remoção de professores, os chamar os eventuais, merenda, gastos extras como copiadoras, tonner e todas as despesas diárias que não são baixas. Custo zero e o Estado ganhando muito com tudo isso. Eles não dizem ganhando, mas economizando. O aluno que quiser ter uma Educação diferenciada terá que ir fazê-la na rede privada, pagando caro, ou seja, o pobre estará cada vez mais na rua da amargura com esses neoliberais no comando do país, seja em Brasília ou São Paulo.

Baixa, o pano. Conversamos mais algumas coisas, mas isso ficou e continua entalado na minha garganta e nem o pão, tão saboroso, desceu bem no café noturno. De tudo, uma só certeza, ou lutaremos muito contra tudo isso vindo por aí, ou feneceremos como nação e quando tudo estiver consumado, reverter será algo para outros séculos.


O EMPRESÁRIO PAULO MARINHO, BOLSONARO E OS SEUS SUBALTERNOS - DE ENTREVISTA DADA PARA FOLHA SP
O empresário Paulo Marinho, pelo que sempre soube e minha memória me relembra, foi um playboy na vida noturna carioca décadas atrás. Seu nome não sai das colunas sociais, tipo Ibrahim Sued & Cia, quando varava noites em boates e convescotes. Evoluiu e de lá se transformou em empresário (não sei do que) e a última vez que havia visto novamente seu nome foi quando soube ter ele participado ativamente da campanha de Bolsonaro para a presidência, quando cedeu até seus aposentos pessoais, no caso sua casa para a gravação dos programas eleitorais do então candidato. Ou seja, se estava metido com gente da laia dos Bolsonaro, no mínimo sabia onde estava botando os pés, tipo daquelas organizações onde você sabe quando entra, mas depois não pode sair nunca mais, sob pena se ser sumariamente eliminado. O gajo não é inocente e sabe onde se mete, ou ao menos sabia, pois assim como Sergio Moro está hoje às voltas com problemas de segurança, desde quando resolveu denunciar o que sabe sobre o clã dos moradores do residencial/condomínio Vivendas da Barra, pouso do Senhor Inominável no Rio de Janeiro.

Hoje esse mesmo Paulo está prestando depoimento na sede da Polícia do Rio e sob forte esquema de segurança. No domingo passado deu entrevista para a Folha de SP, quando escancarou algumas coisinhas medonhas que podem até complicar mais a continuidade dos enroscos da famiglia mais enlameada deste país, mas dentre tudo o li sendo dito, uma só coisa me impactou. Esse trecho: "Eu olhava o capitão, com aquele jeito tosco dele, e algumas coisas me chamavam a atenção. Por exemplo: ele era incapaz de agradecer às pessoas. Chegava uma empregada minha, servia a ele um café, um assistente entregava um papel, e ele nunca dizia um abrigado. (...) As piadas eram sempre homofóbicas. Os asseclas riam, mas não tinha nenhuma graça. E, no final, ele realmente despreza o ser feminino. Tratava todas as mulheres como um ser inferior”.

Eu em hipótese nenhuma andaria com pessoas com essa personalidade e quem anda, abre até as portas de sua casa, ou é da mesma laia ou é um grande de um fdp, interesseiro até a medula. Portanto, não tenho dó nenhuma desse eterno playboy, um que, nem sei se na intimidade não trata os seus subalternos com a mesma distinção que o Bozo, ou seja, com desprezo e desconsideração. Esse é o tipo de gente que levou a última eleição presidencial no bico, com artimanhas da pior espécie e hoje estamos em nessas mãos, os que continuam agindo assim e os que até ontem se beneficiavam da coisa. Nenhum vale nada, ou seja, todos os que estiveram, estão ou estarão com Bolsonaro valem nada. Tratam o povo desse modo e jeito, com nojo e assim sendo os repudio da forma mais veemente deste mundo. Os Bolsonaro's sempre foram e agiram assim, são toscos, espertalhões, brucutus da pior espécie. Ninguém enganou ninguém, ou alguém nessa relação quer se passar por santo - do pau oco. Pulhas.

QUEBREI O ESPELHO
A tira de hoje do meu amigo argentino, Miguel Rep, no melhor jornal do nosso mundo, o diário argentino Página 12 parece ter sido feita à minha imagem e semelhança. Sou eu, sem tirar, nem por. Na continuidade da quarentena, estarei muito em breve irreconhecível, causando repugnância dentre os que me conheciam e na comparação, devem imaginar: pirou de vez. Não pirei - ainda -, mas ando muito bem encaminhado. Após 60 dias de reclusão, muita coisa muda na vida gente e não só no visual. Reclamava muito da necessidade de permanecer mais em casa, conseguir fazer uma pá de coisas em casa, mas não esperava que tudo acontecesse dessa forma e jeito.
E pior, não fiz, mesmo com todo esse tempo em casa, nem metade do que havia me proposto quando dizia da necessidade de ficar mais em casa. Não tem sido fácil, mas sei, muito mais difícil é a situação dos que, sem condições de permanecer trancados, se entregam para as aberturas propostas e tentam se safar, se descuidando ou mesmo enfrentando o touro à unha. Nem imagino o que virá pela frente, mas diante da insanidade mental do atual momento brasileiro, creio não só o país terá muita dificuldade na sua recuperação, como o brasileiro, esse ainda sem saber, pelo quantidade de medidas tomadas contra o trabalhador, o futuro de todos deverá ser algo de muito sofrimento, luta intensa e desmedida. Como pensar em algo diferente disso, quando o que se vê é a ação cada vez mais repugnante dos seus governantes. A barba comprida e o que me resta de cabelo fazendo trança dos lados é o que menos me preocupa, mesmo brincando sempre da situação, enfim, tentar levar a coisa com bom humor faz parte do momento. Brinco, mas o que faço mesmo é talvez me preparar agora para tudo o que virá pela frente, quando os enfrentamentos deverão ser mais violentos, brutos e constantes. Enfrentar o que virá pela frente, ao menos tentando demonstrar ser favorável a outra possibilidade de mundo, eis o que me restará de ações até o final dos meus dias. Estejamos todos preparados para os enfrentamentos dos que netendem que o ser humano deve estar sempre em primeiro lugar e os insanos, colocando o dinheiro, as leis de mercado acima da própria existência e da vida. Ser comparado com Gregorio Samsa é o que menos me preocupa...

Um comentário:

  1. COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK PÃES DO OSCAR:
    Oscar Fernandes da Cunha Bom dia meu amigo de longa jornada. Vamos fazer algumas correções (rs). O pães que você não é Focaccia e sim Ciabatta e não vai ovos na massa, os ovos caipira eu os comi com ela. Do mais o texto segue firme na analise sobre a Educação a distância. A pandemia só antecipou aquilo que já estava por vir. A outra conversa que tivemos, há...essa deixaremos para uma outra hora. Um grande abraço.

    Marcelo de Freitas Sou professor categoria O, sem aulas e sem direito a ajuda do governo tenho contrato que não me serve para nada até 2021 e como vc bem escreve, nossa educação não servirá para muita coisa em um futuro próximo.

    Oscar Fernandes da Cunha Marcelo de Freitas Fico muito apreensivo com a situação dos companheiros da Categoria O. A incerteza é ainda maior. Muita força aos companheiros.

    Marcelo de Freitas Oscar Fernandes da Cunha obrigado !!!

    Agnaldo Lulinha Silva Bom dia meus irmãos vocês estão certos sobre a nossa Educação coitado das nossas crianças ter que aprender a distância

    Rafael Schiavo Grande professor Oscar.
    Eu tive a oportunidade de ter aula com ele em duas escolas, no Gasparini e no Liceu, se não estou enganado.
    Ele foi um desses professores que nos ensinam a ver o mundo de forma diferente da usual.

    Fatima Brasilia Faria Os brioches de parmesão são deliciosos também!!!

    Marcelo Belissimo Grande Oscar Fernandes da Cunha um excelente professor e acima de tudo um grande amigo e seus pães são maravilhosos. E tem as comidas também que são melhor ainda.

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