sexta-feira, 29 de maio de 2020

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (126)


A PRAÇA RUI BARBOSA SE TRANSFORMOU NO MAIOR COMEDOURO PÚBLICO AO AR-LIVRE EM BAURU

Desço hoje pela manhã para o centro de Bauru. Passo pela rua Primeiro de Agosto por volta das 10h30 e a fila em frente ao Bom Prato é imensa, dá quase dois quarteirões. O pessoal de lá é rápido, sabem que a aglomeração por ali é imensa e começam a distribuir as marmitex com o almoço nesse horário. Tudo flui rápido, mas algo bem perceptível: dentre os mais simples, as normas de segurança quase sempre não são respeitadas. Todos muito próximos, quase colados. E isto não só aqui, pois as imagens da TV demonstram claramente que, quando mais popular, quanto mais povão, mais ajuntamento. Salve-se quem puder! Os na fila do Bom Prato não podem mais se alimentar ali nas instalações e saem com as marmitex nas mãos. Sabe onde vão? Para a praça Rui Barbosa. A praça se transformou no maior comedouro público bauruense, com gente espalhada por todos os bancos, sombras e cantinhos. Lota, ferve de gente de todas as matizes, os que não possuem um lugar fixo, um reservado para se alimentarem, O fazem na praça e a EMDURB, com seu serviço diário e constante de limpeza do local deve estar se desdobrando para manter o espaço limpo, pois muitos deixam os vasilhames espalhados pelo local. Falta lixeiras e com placas indicativas para favorecer o descarte correto.

Paro para ir ao banco e fico a observar o cenário no entorno da praça. Ela está mais cheia nesse horário de almoço e assim de longe consigo vislumbrar a silhueta de muitos conhecidos. Esse povo da rua resiste como aroeira, verga mas não quebra. Estão por lá, reunidos nos seus grupos específicos, muitos tentando entender o que venha a ser isso tudo. Um desses se aproxima quando vou deixando o lugar e me pede algum por ter cuidado co carro. Vasculho se tenho moedas e dou tudo o que tenho. Pergunto a ele sobre o uso das máscaras. Sua resposta: "Todos temos máscaras. Passa gente por aqui distribuindo e a gente passa uma para outro, não deixando ninguém sem. Quem tem duas e o outro não tem nenhuma, passamos para ele. Eu mesmo, neste momento só tenho essa e fico com ela o dia inteiro. Ela já está até mais suja, mas não tiro do rosto, levo a sério". Eles todos, fazem tudo como se certos estivessem e na santa ingenuidade de estar colaborando, sendo útl, participando. Trocam máscaras entre si, usam uma só e não as tiram do rosto, lavam só de vez em quando. E assim segue o barco na correnteza da vida, desta forma que já conhecemos e sabemos não vai mudar tão já. Eu não sei como, mas percebo que reencontrarei muitos dos que estavam por ali meses atrás e junto desses, outro tanto, os que chegaram agora e se juntaram ao grupo dos agora moradores de rua.

Enfim, a rua ferve, o centro está lotado de gente e a vida segue sendo vivida de uma forma meio que insana. de um lado, do meu e dos que conseguem se proteger, todos os cuidados deste mundo, de outro o dos que precisam sair mais, diariamente para o trabalho e conseguir sobreviver e de outro os desvalidos, esses buscando as fontes conhecidas de onde sabem irão conseguir algo para saciar a sede, fome e fugir do frio. Na junção disso tudo, vejo Bauru, num momento de ápice da pandemia no país, praticamente pronta para reabrir suas portas, sob a alegação de que não dá mais para esperar e assim, talvez aumentemos nossos índices de contágio e de gente abarrotando o serviço médico público na cidade. O que vejo assim de soslaio na cidade, mais na praça, essa sim me chama muito a atenção, pois são os mais carentes, os mais debilitados e necessitados, esses dando o seu jeito e lá em Brasília, algo mais em curso, enquanto o país está neste vai e vem, abre ou fecha, um golpe em curso dentro do conluio já existente. Ou seja, se está ruim a coisa, tudo pode piorar e o caldo esquentando mais e mais. Enfim, se proteger pessoalmente ou tentar proteger o que ainda resta de liberdades? Decisões para as próximas horas.

DOIS PERSONAGENS DAS RUAS
PAULO
A praça Rui Barbosa é o epicentro dos que circulando pelo centro da cidade, passam por ali e por alguns minutos e até horas, permanecem em seus bancos, pelos mais diferentes motivos. Aqui, um personagem dos mais populares desta cidade, desses tantos não conseguindo se manter em casa, quando por ali, num fhash no meio de uma tarde desta semana. Paulo foi funcionário da CESP, aposentou e circula muito pelo centro da cidade, aqui ele ao celular numa tarde procurando o que fazer.

MICHEL
Animado funcionário do Bom Prato, na rua Primeiro de Agosto, numa final de tarde, atende os que chegam para pegar sua marmitex na calçada, como agora de praxe, mas não se segura, dribla a ansiedade e intranquilidade do momento, cantando e chamando os que passam pela rua para uma breve olhada para o que faz, aliás, um dos serviços verdadeiramente essenciais nos dias de hoje. Michel alegra o ambiente de trabalho e os frequentadores do Bom Prato com sua generosidade e constante sorriso.


ALGO DO MOMENTO ATUAL BRASILEIRO
O ESTÁGIO DO PUXASAQUISMO E DO CONFORMISMO - DEGENERAÇÃO DAS MENTES
O mundo está cada vez mais perdido e esse nosso país no pior estágio da degeneração, quando cabeças convergem para a auto-destruição. Muitos sem entender muita coisa do que de fato se passa, se deixam levar por espertalhões, que ao vender uma imagem de bonzinhos, os tais "lobos em pele de cordeiro", induzem o povo a fazer o serviço sujo em seu nome, sendo esses também serão embutidos no balaio dos que se danarão logo ali na virada da curva da esquina. Bolsonaro deixou claro isso ao afirmar: "Quando preciso grito e aquela turma de merda agita bandeira aqui na frente a meu favor". Esse é mais um estágio do barbarismo em curso, um que acaba com a chamada Idade do Homem, sendo finda pelo excesso de tecnologia, muitas vezes sendo essa utilizada de forma distorcida e para ações contra o próprio patrimônio. Está mais do inaugurado, em plena vigência o período fundamentalista e perverso em nosso mundo, amplamente dominado por covardes, debochados, hipócritas, informantes da pior espécie. As verdadeiras más intenções dos homens se esconderão atrás de atitudes adulatórias e hipócritas. Essas pessoas, movidas por um instinto bestial, nem um pouco ideológico, não se deterão diante de nada para atingir seus fins e o dinheiro se tornará o único valor. O ser humano deixa de ser o epicentro das questões, aliás, passa a ser totalmente descartável, utilizado como mera massa de manobra, O caos está estabelecido, pois com o passar dos anos e neste momento, bem latente o mundo ter adotado o modo de vida onde predomina a adoração a uma sociedade materialista, deixando de lado a ciência e, consequentemente, sem lugar para o pleno uso da consciência. Tempos atrás não acreditar em Deus significava heresia e os hereges iam para a fogueira. Hoje, a sociedade contenta-se em mantê-los desempregados e vagando pelo mundo, sem eira nem beira, esgrimando contra os adoradores do deus dinheiro. Perversidade tomando conta de tudo ao nosso redor...

2 comentários:

  1. Bela narração Henrrique.voce consegue mostrar como um video a realidade de desempregados, aposentados e muitos que moram na rua mesmo. Chama a atenção a empolgação de alguns deles parecem não se preocupar com o perigo da contaminaçao. Esse parece ser um evento, um lugar de amizade, de encontro que acabam indo não só pela comida mais pra se encontrarem. Seria o que resta pra um grupo de bauruense sem a devida atenção?
    Benedito Mariano

    ResponderExcluir
  2. Que pauta, Henrique!
    E, já que o jornal da cidade não a faz, ainda bem que temos Você – aqui agora.
    Obrigado!
    Marcos Carlson

    ResponderExcluir