sexta-feira, 22 de maio de 2020

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (153)


CARTA DO HELENO - EU JÁ FUI AMEAÇADO OUTRAS VEZES

Quando vi hoje a tal desaforada cartinha/recado do general Heleno pra nação, logo me veio à mente lembranças quase inenarráveis de um passado distante. Esse general de pijama me trás recordações de tempos quando fui admoestado e queriam me botar cabresto. Resisti. Coisa de moleques, na escola, creio que ainda nos tempos da EE Madureira, uma lá nos altos do Parque Vista Alegre. Eu morava perto da baixada do Silvino e subia e descia imensa ladeira pra chegar na escola. Íamos eu e minhas irmãs. Tenho vaga lembrança, época do Ginásio, foi quando tive minhas únicas aulas de francês. Tive os dois, francês e inglês. Aprendi umas palavrinhas e delas nunca mais esqueci, assim como alguns acontecimentos no pátio da escola. Num dia, eu fui jogar bola, algo parecido com futebol de salão e ainda achava que o que era certo era certo. Pratiquei uma falta, mas não foi percebida. Parei o jogo, peguei a bola com as mãos e disse pra todos que tinha feito a falta, daí meu time merecia a cobrança contra nosso gol. Pra que! Fui achincalhado com louvor. Lembro das admoestações, quando pouco entenderam meu gesto. Daí por diante fui aprendendo que nem sempre a gente tem que denunciar o que não havia sido notado. Ou seja, pioramos todos.

Lá na escola tinha um turminha da breca, gostavam de aprontar com os mais fracos, eu um deles. Pra começar eu não era do bairro, eu era intruso. Vinha lá de baixo e me toleravam. Certo dia me cercaram na praça e queriam porque queriam me exemplar. Nem lembro dos motivos e nem sei se precisava de motivos pros caras querer se mostrar os bons do pedaço. Fui salvo pelo gongo. Um cara que morava em frente, vendo a cena, chegou junto, apartou o esfrega e botou a molecada pra correr. Gritou bem alto, algo assim: "Quem mexer com ele, mexe comigo". E fiquei protegido do cara, sob os olhos nada satisfeitos da turma da praça. Desde então, passava no meio deles e quando o cara não estava lá no portão, cheguei a passar apuros, mas ninguém passou das provocações, tipo essa do general Heleno pra com todos nós, os vilimpediados desses tempos.

Certa feita me deixaram um bilhete em cima da carteira escolar, numa letra garranchosa: "AVISO - Se pensa que vai ter vida boa para sempre, se prepare. Seu dia chegará, aqui quem manda é nóis". Me borrei todo, mas não queria demonstrar. Continuei passando altaneiro pela praça, olhando pros caras do mesmo jeito que devemos olhar pro tal do Heleno, o que ameçou de botar a tropa na rua e vir pra cima de nós, assim só porque pediram pra ver o que o Bozo tem escondido dentro do seu celular. Os caras lá do PVA nunca passaram das ameaças, pois sabiam que o cara da casa em frente não era pouca bosta. Igualzinho nós, pois esse Heleno, creio eu, desconhece a força do povo quando provocado, fustigado e atarentado. Por fim, meses depois, acabei ficando amigo de uns caras daquele grupo, mas neste Brasil de 2020, algo que nem me passa pela ídeía é ficar amigo do algoz, ou seja, do cara que me ameaça. A gente sabe da força que eles possuem, eles nos enxergam fracos, mas lá no fundo tem receio de com as provocações, criar algo incontrolável. Eu não tenho mais medo e continuarei atravessando a praça e bem no meio deles todos, como tenho feito a vida inteira. Dane-se tudo o mais. Se o meu amigo lá da casa da frente se juntar comigo, seremos mais fortes e daí ninguém mais me intimidará. Tenho fé e já cansei de intimidações. Não contei pra ninguém mas tenho o espírito de Bruce Lee escondido dentro de mim, prontinho pra pular pra fora.

Em tempo: Meu pai também se chama Heleno, mas era muito gente boa, nem sombra deste aí. A minha história pode ser chinfrim, fraquinha, mas foi o que me lembrei quando via a tal intimidação do General. O que ele não sabe é que, quando os vizinhos se reunirem e sairem todos pra praça, unidos e coesos, os mais fracos poderão se tornar muito mais fortes do que "eles" imaginam.

INTIMIDAÇÃO E PRESSÃO A LA BAURU - LICENCIOSIDADE NEOPENTECOSTAL
Eis o time de religiosos evangélicos bauruenses que na tarde de ontem estiveram pressionando o prefeito Gazzetta para imediata reabertura dos templos para cultos em pleno pico da pandemia no país: Yasmim Nascimento, Pastor Luiz, Natalino da Silva, Minhano, pastor Jair Rangel, Gazzetta, Toninho Gimenez, Sandro Bussola e Celso Nascimento. E o prefeito, pelo visto, cede, faltando somente algo trivial: as instruções normativas para que as celebrações sejam retomadas. Foto Divulgação da Prefeitura Municipal.

AOS QUE INSISTEM EM DESDIZER DO ISOLAMENTO SOCIAL E DA PANDEMIA – TRÊS MISSIVAS
Duas cartas publicadas na Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade Bauru SP:
1.) Em 17/05, “O homem que calculava (mal)”, de Benedito J. Almeida Falcão: https://www.jcnet.com.br/…/724057-o-homem-que-calculava--ma…

2.) Em 21/05, “Estatísticas X Pandemia”, autoria de Jose Fernando Borrego Bijos desdiz da missiva do Falcão: https://www.jcnet.com.br/…/724454-estatisticas-x-pandemia.h…

3.) Em 22/05, resposta deste HPA, com o mesmo título, “Estatísticas X Pandemia”, sai publicado no mesmo espaço, desdizendo da missiva de Bijos:

Não concordo com os argumentos do missivista José Fernandes Borrego Bijos, em carta publicada nesta Tribuna em 21/05, desdizendo da informação da quantidade de mortes ocorrida e creditadas à cidade de Bauru.

Doze, sabemos, está bem abaixo do que realmente já ocorreram. A quantidade real, quando divulgada, essa sim poderia gerar algum espécie de terror na população. Seguindo o preceito de Malba Tahan, as tais diversas formas de se fazer a mesma conta, creio eu, o número que se deva informar, e este mais importante, não são os das mortes e sim o dos internados, dos recuperados e das vagas disponíveis.
Temos ciência que, felizmente, nosso SUS e serviço público estão preparados para atender a todos, mas possuem seus limites. Todas as medidas protetivas hoje em curso diminuem consideravelmente a quantidade dos mortos, mas na continuidade da promiscuidade e do descuido para com as medidas de isolamento, eis aí o grande problema.

Poucas mortes, porém, com hospitais cheios e vagas quase no limite.
Quando passarmos a divulgar diariamente o que se passa, principalmente no Hospital Estadual, talvez descubramos a não existência de uma competição, mas de uma pandemia no seu ápice. Tomemos cuidado, continuemos em casa. Faça-me o favor...

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