quarta-feira, 24 de junho de 2020

COMENDO PELAS BEIRADAS (89)


RECADO DO HENRIQUE, O HPA*
* Amanhã este blog volta ao normal com suas publicações, hoje em estado de graça só versando sobre as coisas mafuentas. Triste isso, pois enquanto estamos cá fazendo uma live, os caras lá em Brasília decidem votar a privatização da água...


Deu no JC de hoje: você não vai querer perder, né!?!?
O sucesso de muita coisa feita em nossas vidas depende do empenho a ela dedicado. Seria uma imensa felicidade possibilitar esse presente a essas quatro pessoas, com muita gente participando hoje da Live dos meus 60 anos, homenageando Aldir Blanc e possibilitando felicidade para mais pessoas. Se você puder me acompanhar nessa , juntos a gente pode ir mais longe. Conto contigo...

NA ABERTURA DO EVENTO
Fazer 60 anos é muita coisa, um acúmulo de conhecimentos grudados no lombo da gente ao longo destes anos todos. Dói um bocado, mas tem também muita coisa boa. Chego um tanto curvado, mas resisto, insisto e mantenho a chama da esperança acesa. Dias melhores virão e tudo vai depender da nossa união. O povão quando descobrir que é maioria em tudo, muita coisa mudará. Depois de 100 dias enclausurado, trancado a sete chaves, pensei numa forma diferente de comemorar meus 60 anos. Queria fazer uma festa lá no Mafuá, mas é impossível neste momento. Faço por  aqui, uma Live para o maior compositor brasileiro, Aldir Blanc e como presente peço que, meus amigos e amigas depositem valores em duas contas aqui informadas. Os valores arrecadados serão divididos entre a cantora Audren Ruth Cardoso, o cantor Tadeu Vian, a poeta Amanda Helena e o projeto De Grão em Grão, da Tatiana Calmon.
Ouvir Aldir é um luxo só e nas vozes de Denise Amaral e Isaac Ferraz, este também no violão e Paulo Maia, no teclado e cedendo sua casa e estúdio para esse acontecimento a juntar tanta coisa boa. Tomara que vocês gostem muito, pois foi preparado com muito esmero. Vamos começar... Nossa luta não é nunca em vão: “Glória a todas as lutas inglórias...”, disser Aldir numa de suas magistrais letras.

MOTIVO DA ARRECADAÇÃO
O aniversário é um pretexto para ajudar, contribuir e unir o útil ao agradável, ouvir boa música, rever pessoas amigas e também colaborar. Quem não está passando apuros nesse período que levante a mão. Todos estamos privados de tanta coisa e pior é quando começa a ser sentido a falta do trivial no dia-a-dia. Audren Ruth Cardoso é uma cantante como poucas, voz de ouro, mas impossibilitada de ainda voltar a cantar, em plena recuperação, mas com gastos contínuos. Tadeu Vian é o cantor do bloco do Tomate e cronner do Kananga do Alemão, além de ganhar a vida como construtor civil, tendo saído do hospital recentemente curado da Covid-19 e sem poder voltar às suas atividades. Amanda Helena é poeta, com um livro no prelo, autoria coletiva e fazendo das suas para pagar suas contas, desde faxina a serviços esporádicos. O projeto De Grão em Grão é tocado pela Tatiana Calmon e é mais um na cidade levando esperança para lugares onde a maioria dos bauruenses nunca pisou os pés e nem ousam acreditar que existam. Estar ao lados deles é dar sentido para nossas vidas.
A página de facebook para adentrar a live HPA/Aldir.

NO MEIO DO EVENTO
Deixa eu falar uma coisinha só sobre o Aldir. A gente ficaria falando o tempo inteiro dele e cantaria pouco, mas a noite além de ajudar os três amigos e o Grupo Assistencial, tem a bela música dele para nos embalar a vida. Certa feita Dorival Caymmi disse isso do Aldir: “Aldir Blanc é compositor carioca. É poeta da vida, do amor, da cidade. É aquele que sabe como ninguém retratar o fato e o sonho. Traduz a malícia, a graça e a malandragem. Se sabe de ginga, sabe de samba no pé. Estamos falando do Ourives do Palavreado. Estamos falando de poesia verdadeira. Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo”. Aproveito para modificar uma letra do Aldir, a dos 50 Anos, dele e do Cristovão Bastos. Ficou assim: “60 anos são Bodas de Sangue/ casei com a inconstância e o prazer./ Perdoo a todos, não peço desculpas/ - foi isso que eu quis viver./ Acolho o futuro de braços abertos,/ citando Cartola: eu fiz o que pude./ Aos 60 anos, insisto na juventude”. E dá-lhe Aldir...

ALGO MAIS DE ALDIR
Falar de Aldir é como suas músicas, a gente toca a noite inteira e também conta histórias dele até o arroz secar. Ele além de compositor, um dos maiores letristas brasileiros, foi também escritor e jornalista, além de médico psiquiatra. Como escritor, inúmeros livros e todos com tiradas picantes e irreverentes, todas pegando no pé das autoridades nada constituídas deste país. Um sujeito que não segurava e dizia o que pensava de uma forma sutil, porém pegando pesado, ao seu estilo e jeito. Em suas letras versou de tudo, desde a história do Brasil, como o que mais gostava, sua relação com o subúrbio, as vielas e a periferia, os povos da Zona Norte carioca, que são idênticos aos da maioria das cidades brasileiras. Ouvir Aldir é sair da mesmice, é sair do trivial, é buscar algo novo, diferente, ousado, cheio de ginga, malemolência e muita criatividade. Uma pessoas que pelo conjunto da obra já se tornou eterno e a partir de agora vivemos de saudade, muita saudade deste compositor das boas causas.

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