sexta-feira, 26 de junho de 2020

FRASES (197)


NÃO EXISTE NADA PIOR - DÓI MUITO VER O AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO E TODOS NUM BECO SEM MUITAS SAÍDAS
Estou parado com minhas atividades, as que me davam algum retorno financeiro, há aproximadamente cem dias. Vendo uma coisa aqui, outra ali, mas tudo muito precário. Os ganhos foram reduzidos sensivelmente e se manter é um exercício diário, meu e de Ana, companheira de todas as horas. Minhas lamúrias são a de quase todos. Todos se virão como podem, cada um ao seu modo e jeito. Algo vindo do desGoverno, nem pensar, pois nem o Auxílio Emergencial, que deveria sanar as dificuldades para os mais necessitados, não acontece, como continuam enrolando a paciência do povo. Como contar com algo vindo de quem está descontrolado e nunca pensou em nada para auxiliar de fato o país? Destes nada, daí está mais do que estabelecido o "deus nos acuda", ou melhor, o "salve-se como puder". Cada qual tenta de tudo para ir colocando algo em sua despensa, comer mesmo, pagar o trivial. De uma pessoa no meu portão, um cureto resumo de tudo: "Deixei de pagar quase tudo. Só pago comida. Não sei como vai ser quando voltarem a cortar água e luz. A escola do filho, a NET, o pré-pago, prestações de loja, tudo em atraso e essa segunda parcela do Auxílio que não vem. A minha com mais de 60 dias de atraso. Pra comer já está complicado, imagina o senhor, para o resto".

Algo de igual teor eu recebo diariamente pelos canais da internet. Em cada um, lamento doído, sentido e feito sob forte emoção e pressão. Ninguém te escreve e pede algo assim se não estiver realmente necessitado: "Não estou mais aguentando. Vou te explicar o que acontece. Meu irmão teve que fazer uma cirurgia na boca e não tem de graça. Tive que pagar com o meu cartão, tudo bem paguei, só que essa semana a geladeira e o armário estão vazios e eu tô desesperado, no meu emprego fui pedir 200 reais pra ela me adiantar até agora nada, eu já nem sei mais o que fazer entende?". Demorei para responder e em seguida: "Ficou bravo comigo ? Viu e nem respondeu". Eu respondo. Demoro, pois tento matutar algo no qual possa ajudar, mas está cada vez mais difícil. Não consigo mais doar nada para entidades, pois resolvemos eu e Ana atender algo assim, feito pessoalmente. E nós também, estamos apertados. De outra pessoa recebo: "Tô sem mistura. Sem nada. E minha cabeça ferve. Minha mãe está sem trabalhar e eu não posso deixar a situação assim. Eu sempre resolvi as coisas por aqui, mas não estou mais conseguindo. O que faço?". Como responder a algo assim?

Numa ligação, a amiga me diz: "Se souber de algo para fazer me avise. Topo tudo, desde faxina, cuidar de idosos, carpir terrenos. Só não quero e não vou me prostituir, mas já cheguei a pensar na situação, pois bate o desespero". De outro, numa ligação de longe, de outro estado: "É verdade que a Cultura vai liberar algo para os artistas da cidade? Voltaria correndo se fizessem algo assim, pois onde estou só tenho para comer e porque estão me ajudando, do contrário estaria na rua". De outro algo assim: "Te vejo sempre na internet, penso que pode me ajudar. Morava com os filhos, os dois se foram e meus empregos, que nunca foram fixos agora deixaram de existir. Viver de bicos, algo aqui e acolá está pela hora da morte. Não passo fome por causa dos vizinhos e agora perdi a vergonha na cara, algo que procurava manter, mas tenho que pedir, pois hoje me falta tudo. Vou fazer o que na minha idade? Ou peço ou vou pro sinal com um chapeuzinho na mão". O Governo Municipal entrega cestas básicas, muitas entidades ajudam como podem, campanhas em pleno andamento é o que mais vejo acontecendo e em todas, dou o maior apoio. Mas isso tem sido pouco, pois para quem não olha para o lado, tudo pode parecer ainda bem, mas para os ainda atentos aos sinais vindos das franjas da cidade, este já está mais do que vermelho. E aqui confesso, minhas contas também estão atrasadas, muita coisa adiei os pagamentos, postergo os que consigo e assim toco o barco, priorizando e cada dia mais seletivo. E diante do cenário vislumbrado, uma constatação: se ruim está, aguardemos o final da pandemia para adentrarmos em outra crise, a da insolvência do mundo como até então conhecido. Como se preparar para tudo o que virá pela frente? Se alguém tiver um roteiro, me ajudem a construir algo bem mais palatável do que estou imaginando irá nos ocorrer.
OBS.: As ilustrações são de pandemias bem antigas, mas de igual desespero para a humanidade, principalmente - sempre eles -, a camada mais empobrecida da população, as que mais padecem e pagam com suas vidas até tudo ir se resolvendo.

OUTRA COISA
"COM ELE É SEMPRE FÁCIL. TRATA-SE DE UM CARA BARATO"
Essa eu ouvi pela aí e nunca mais esqueci. Sabe aquele cara que, a gente confia, bota a maior fé, segue junto, páreo duro, jogo parelho, bem disputado, ganha-se a contenda, mas na hora H, da onça beber água, o cara se bandeia de mala e cuia para o lado do adversário. Finge aqui estar, mas faz de tudo e mais um pouco para não desagradar o outro lado, já dentro da nova formatação dada à sua vida, com acordos renovados, bola de cristal acesa e em pleno funcionamento. Passa a jogar quicando bola nas costas de tudo o que até então defendeu. Nei Lopes, um dos compositores a cantar as desventuras de um Rio de Janeiro se esvaindo em perdição, tem um samba magistral falando exatamente disso: "È um tal de fazer acordo com a parte contrária. Isso é fidelidade partidária (sic)". Rir pra não chorar. Os exemplos não são só políticos, mas em todas as áreas. Tinha uma amiga que já havia me avisado tempos atrás deste mesmo personagem do mundo político: "Vale nada. Vai se decepcionar". Vista grossa, seguiu-se junto, mas sempre com um pé atrás, olho no gato, outro bem atento. Sabe quando a gente bate o olho logo na primeira cruzada e já percebe que dali não vai sair nada de bom. Essa certeza não sai mais da gente.
Dito e feito. Insistir é bobagem. A coisa se comprova ali na frente, deixando o jogo ser jogado e depois a constatação. Não podia ser diferente, está escrito na fachada do sujeito. Mas o melhor mesmo eu li de alguém que também já levou bola nas costas da mesma pessoa e convivendo com todo o tipo de gente, deu a melhor definição que podia existir para esse tipo de gente e procedimento: "Sempre foi assim. Não é nada ruim tratar com gente desse tipo. Sabe por que? São baratos, qualquer merreca satisfaz. A gente vai lá paga e pronto, ele se bandeia. Gente como os à moda antiga, ideológicos por natureza, esses são complicados, pois não se vendem por qualquer merreca, ou melhor, não se vendem, tendo que ser na base da conversa, convencimento, alianças, acordos, muito mais difícil, na maioria das vezes sem acordo. Prefiro os fáceis. Pagou, levou". O jogo é bruto. Escrevo isso ainda aturdido com os espúrios acordos de bastidores ocorridos para a aprovação da privatização da água neste país, agora propriedade particular. O que não fazem para ter umas continhas pagas...

E PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES, EIS ARTIGO DO ESCRITOR RUI CASTRO: NÃO CUSTA NADA INSISTIR EM CONTINUAR "CHOVENDO NO MOLHADO"

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